sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Características estilísticas/estruturais da literatura infantil/Juvenil tradicionais:consolidadas durante a época romântica.

1. A efabulação oscila entre a tendência de se iniciar de imediato com o motivo central e a
de começar pelas circunstâncias que preparam o espírito do leitor para o desenvolvimento da situação problemática. A seqüência narrativa é, via de regra, linear: obedece à sucessão normal dos acontecimentos.
2. O tempo é essencialmente histórico, isto é, os acontecimentos se sucedem pela ordem
do calendário e do relógio.
3. O ato de contar continua presente no corpo da narrativa.
4. A crescente preocupação com o registro realista da vida (exigido pelo Romantismo) vai
criar recursos estilísticos que tendem a expressar cada vez com mais rigor a realidade
objetiva dos fatos, seres, coisas, situações, etc., que entram como fatores constituintes
da matéria literária. Tais recursos abrangem: descrições pormenorizadas (das personagens, ambientes,épocas...); registro preciso de datas, nomes e sobrenomes de personagens; localização geográfica dos acontecimentos; digressões explicativas, etc.
5. A intenção de realismo, na época romântica, vai gerar um novo tipo de maravilhosos: da
Ciência. O antigo maravilhoso das fadas e objetos mágicos é substituído agora pelas maravilhas científicas, e um novo gênero narrativo nasce: o romance científico (hoje conhecido como ficção científica).
6. As personagens – tipos vão sendo superadas pelas personagens – caráter.
Ou melhor, as personagens refletem predominantemente a preocupação do autor com a personalidade e o comportamento dos indivíduos, e não tanto com a função que desempenham no grupo social.
7. O espaço adquire grande importância na economia narrativa. Cenário, paisagem,
ambiente social ou rural...são importantes na medida que provocam os acontecimentos ou determinam seu curso; fazem avançar ou retardar a ação, etc.
8. Ainda decorrente dessa intenção de Realismo e Verdade, impõe-se na literatura a idéia
de nacionalismo (amor, exaltação e entusiasmo pelo pais em que nasceu).
9. A exemplaridade (ou a crítica ao certo/errado das ações humanas), que sempre foi
marcante nas narrativas populares ou infantis do período arcaico, vai sofrer uma
alteração: torna-se fundamental na produção didático/literária destinada às crianças,
principalmente a partir da segunda metade do séc. XIX.
É tendência, porém, que não aparece como evidência nas obras verdadeiramente literárias, como as que aqui nos ocupam. Nestas, o humor tende a substituir a antiga seriedade com que as críticas aos homens eram feitas.
E devido ao humor, o didatismo é neutralizado, muito embora a essência das críticas se infiltre no espírito do leitor.
10. Embora o rótulo “narrativa” sirva para designar qualquer matéria de ficção, cumpre
lembrar que, no período romântico e realista, são as formas de romance ou de novela que
tendem a predominar. Os contos que continuam a circular, principalmente para crianças,
são os do passado. Nos exemplos que nos servem, podemos dizer que Robinson Crusoe,
Alice, “História de Blondina”, Pinóquio e Vinte Mil Léguas Submarinas estruturam-se
como romances. Gulliver e Coração, como novelas.
11. O narrador é uma voz que se torna cada vez mais familiar em relação ao leitor.
Sua presença é permanente no decorrer da efabulação, servindo como uma espécie de
guia ou companheiro para o leitor. È o ser onisciente, por excelência: conhece tudo a respeito dos acontecimentos, personagens, causas e efeitos de cada fato.

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