sábado, 24 de janeiro de 2009

A IMPORTÂNCIA DO RECONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO

Reconhecer os objetivos das crianças e os esforços que fazem para alcançá-los é fundamental para ajudá-las a crescer com auto-estima e autoconfiança.
Em nossa rotina diária, na maioria das vezes, não paramos para observar as crianças. Nós as levamos para a escola, preparamos suas refeições e cuidamos delas, mas falhamos na hora de ter uma verdadeira conversa com elas.
A palavra reconhecimento significa conhecer novamente. As crianças crescem e mudam tão rapidamente que, às vezes, nem percebemos que elas se tornaram adolescentes. Reconhecer as crianças não é tão difícil e as faz sentir-se confortáveis, energizadas e confiantes.
Reconhecimento dos objetivos- Elisa, uma garotinha de 4 anos de idade, andava com sua mãe pelo parque quando, de repente, parou e perguntou: Mamãe, podemos ir até aquela árvore? Gostaria de pegar algumas daquelas folhas grandes. A mãe respondeu: Minha querida, a grama está cheia de lama e você já catou muitas folhas.
Elisa então replicou: Mas eu não tenho aquele tipo de folha na minha coleção!A mãe olhou para a filha com ar de surpresa. Via que a menina estava colhendo folhas de árvores, mas não tinha se dado conta de que as colecionava. Reconheceu que a filha criou um projeto e estava indo atrás dele, mostrando já a sua independência.
No caminho para casa, elas conversaram sobre os nomes de vários tipos de árvores e sobre as cores e formas das folhas. Se realmente dispuséssemos de tempo para ouvir as crianças, assistir o que elas estão fazendo e descobrir quais são os seus sentimentos, seria muito mais fácil estimarmos os seus esforços e estimulá-las a ter um objetivo.
Ensinando a planejar - Pela primeira vez, em lugar de dar brinquedos na mão dos bebês, deixamos que eles escolham um brinquedo. Quando eles o fazem, aplaudimos sua atitude e dividimos sua alegria com eles. Quando as crianças estão um pouco mais velhas, sua intenção de iniciar e realizar objetivos faz com que desenvolvam a confiança e a maneira de se colocar perante as situações.
No papel de pais, podemos ajudá-las a traçar objetivos claros, por meio de conselhos e direcionamento, apoiando sua idéias para alcançar os objetivos traçados. Freqüentemente, começamos projetos apressadamente, sem planejar os esforços e ficamos dispersos, oprimidos e indecisos sobre os caminhos a seguir.
Isso não é um bom exemplo para as crianças. Bom exemplo é mapear a nossa estratégia para um determinado projeto, dividir nosso plano em etapas e celebrar ao longo do caminho o sucesso obtido até o final. Vendo-nos pintar a casa, plantar flores no jardim ou mesmo pregar um botão, as crianças aprenderão a observar como nos planejamos e levamos adiante os projetos.
Reconhecimento dos esforços - Jaqueline tem 5 anos de idade e quer agradar os pais arrumando a cama deles. Correndo ao redor da cama, ela estica os lençóis como pode. A mãe e o pai agradecem e elogiam o trabalho. Feliz, a menina sai para brincar. O pai dirige-se à cama para arrumá-la melhor, mas a mãe o adverte: Não faça isso! O trabalho de Jaqueline tem que ser reconhecido e aceito como é, não vamos arruiná-lo.
O pai concorda, concluindo que estimar o esforço da filha é mais importante do que uma cama arrumada com perfeição.Algumas crianças percebem a ligação entre esforço e resultado. Elas entendem que, quanto mais praticam algo (tocar piano, fazer ginástica ou qualquer coisa de que gostem), melhor ficarão naquilo. Para outras, porém, essa conexão não é tão óbvia. Elas perguntam para as coleguinhas: Como você consegue ser tão bom nisso?.
Não entendem que as suas ações podem ter efeito cumulativo. Para elas, sucesso parece magia. Mostrando para essas crianças como as suas ações constróem, podemos ajudá-las a concretizar objetivos e elas verão que não precisam de nenhum tipo de mágica para a realizá-los.
Elizabete e Clara, ambas de 12 anos, planejam ir para uma colônia de férias com o time de hockey. As duas fazem parte da equipe que, durante duas semanas, irá jogar várias partidas sucessivas.
Clara começou a preparar-se fisicamente um mês antes correndo 5km todas as manhãs. Elisabete não parecia estar pronta para duas semanas de atividade intensa, e sua mãe preocupava-se com isso. Mas, em vez de questionar a menina diretamente com algo como você precisa treinar mais, preferiu abordar o assunto de outra forma, perguntando como seu técnico sugeriu que você se preparasse para os jogos?
Em vez de obrigar Elisabete a treinar, sua mãe guiou-a no processo de pensar por si mesma. Juntas, conversaram sobre o que era preciso para a preparação física. Com o toque sutil de sua mãe, a menina então decidiu que deveria começar a treinar para estar em forma.
Autor: Heloísa Fagundes

Princípios educacionais da antroposofia

Nos primeiros anos de vida, a criança aprende por imitação. Mesmo na adolescência, os bons exemplos recebidos dos adultos são o que forma a estrutura moral e de valores do ser humano. É o que ensina a ciência espiritual de Rudolf Steiner, médico alemão que, no começo do Século XX, fundou as bases da Antroposofia

Duas palavras mágicas caracterizam a maneira como a criança se relaciona com o mundo: imitação e exemplo. O filósofo grego Aristóteles denominou o homem como o animal mais propenso a imitar; essa verdade vale para a idade infantil, até os sete anos, mais do que para qualquer outra. O que acontece no ambiente físico, a criança imita, e essa imitação confere aos órgãos físicos suas formas definitivas. Devemos considerar o ambiente físico em sua acepção mais ampla, incluindo nele não apenas o que se passa materialmente ao redor da criança, mas tudo o que ocorre, o que seus sentidos percebem, o que, a partir do espaço físico, é suscetível de agir sobre as forças espirituais. Isso inclui todas a ações morais e imorais, inteligentes e tolas que a criança possa perceber. Não são, pois, as sentenças morais nem os ensinamentos da razão que atuam nesse sentido sobre a crianças, mas apenas o que os adultos fazem em sua redondeza de maneira visível. Preceitos deste tipo têm efeito plasmador, não sobre o corpo físico, mas sobre o etérico; porém esse, até a idade dos sete anos, tem o envoltório etérico protetor da mãe exatamente como, fisicamente falando, o corpo físico foi protegido antes do nascimento pelo envoltório materno.O que deve desenvolver-se nesse corpo etérico antes do sétimo ano, quanto a representações, hábitos, memória, etc., deve fazê-lo espontaneamente, tal como o fazem os olhos e as orelhas no ventre da mãe sem que haja intervenção da luz exterior. Seus órgãos físicos adquirem forma pela influência do ambiente físico. A visão desenvolve-se sadiamente quando existem no ambiente da criança fenômenos apropriados de luz e cor; no cérebro e na circulação sangüínea, formam-se as disposições para um sentido moral sadio, desde que a criança perceba em seu ambiente fatos morais. Se antes da idade de sete anos a criança vê ao seu redor apenas atitudes tolas, o cérebro adquire formas tais que a capacitam apenas para tolices na vida posterior.Assim como os músculos da mão se tornam fortes e vigorosos quando exercem atividades apropriadas, o cérebro e os demais órgãos do corpo humano seguem o rumo certo quando recebem do ambiente os impulsos adequados. Pode-se fazer para a criança uma boneca com um guardanapo dobrado: duas pontas serão os braços, as outras as pernas, um nó servira para a cabeça. Tendo à sua frente o guardanapo dobrado, a criança deve, por meio de sua fantasia, acrescentar algo que o transforme em figura humana. Essa atividade da fantasia tem efeito plasmador sobre as formas do cérebro. Porém, se a criança ganha uma linda boneca rosto de porcelana, nada resta ao cérebro para fazer, e ele atrofia-se em vez de desabrochar. Se os homens pudessem olhar, como pode fazê-lo o pesquisador espiritual, para dentro do cérebro empenhado em estruturar suas próprias formas, com toda a certeza só dariam a seus filhos brinquedos suscetíveis de avivar as forças plasmadoras do cérebro.Nossa época materialista produz poucos bons brinquedos. Veja-se como é saudável aquele brinquedo que, mediante dois pedaços de madeira deslocáveis, mostra dois ferreiros virados um contra o outro, martelando um objeto. Ótimos, também, são os livros ilustrados com figuras móveis: puxando os fios fixados nessas figuras, a criança transforma a ilustração morta em imagem animada. Tudo isso provoca a atividade íntima dos órgãos, a partir da qual se constróem as formas corretas para eles.De acordo com a Ciência Espiritual, uma criança nervosa e irrequieta e outra letárgica e fleumática devem receber tratamentos diferentes, a começar pelo ambiente em que vivem. A esse respeito tudo é importante, desde as cores do quarto e dos objetos que normalmente rodeiam a criança até as cores das roupas com as quais ela é vestida. Quando não se segue a orientação da Ciência Espiritual, freqüentemente se faz o contrário, pois os conceitos materialistas conduzem, em muitos casos, a soluções incorretas. Uma criança excitada deve ser rodeada e vestida de cores amarelas e vermelhas; no caso de uma criança impassível, convém recorrer a tonalidade azuis e esverdeadas. O que importa é a cor complementar produzida interiormente. No caso do vermelho, será a cor verde; no do azul, a alaranjada - como facilmente constatamos ao olhar durante algum tempo para uma superfície colorida nessas cores e depois fixar o olhar rapidamente numa superfície branca. Essa cor complementar é produzida pelos órgãos físicos da criança e provoca as estruturas orgânicas correspondentes, de acordo com suas necessidades. Se a criança irrequieta tem ao seu redor uma cor vermelha, esta produz intimamente a imagem complementar verde, que tem efeito calmante, e assim os órgão adquirem tendência à calma.Convém levar em conta que o próprio corpo físico determina, nessa idade, o que lhe convém. Ele faz isso desenvolvendo adequadamente os apetites. De maneira geral, pode-se dizer que o corpo físico sadio requer o que lhe faz bem. Enquanto se tratar do corpo físico da criança, convém observar quais são os desejos do apetite sadio e da alegria. A alegria e o prazer são as forças que melhor plasmam as formas físicas dos órgãos.Podemos incorrer em graves erros a esse respeito, deixando de proporcionar um entrosamento perfeito da crianças com seu ambiente físico. Isso pode acontecer em particular com os instintos relativos à alimentação. Podemos abarrotar a criança com certos alimentos, a ponto de fazê-la perder totalmente os instintos sadios relativos à comida; por meio de uma alimentação correta, esses instintos podem ser mantidos de tal maneira que a criança só solicite o que lhe for conveniente (isso se aplica até a um simples copo de água), enquanto recusa o que pode prejudicá-la. Entre os impulsos que têm efeitos plasmadores sobre os órgãos físicos encontramos, pois, a alegria provocada pelo ambiente e, dentro desse, os rostos alegres dos educadores, como um amor antes de tudo sincero, nunca simulado. Tal amor, permeando calorosamente todo o ambiente, incuba, no verdadeiro sentido da palavra, as formas dos órgãos físicos.Quando a criança pode imitar tais exemplos sadios numa atmosfera de amor, ela se encontra em seu elemento adequado. Deve-se observar rigorosamente que, ao seu redor, nada ocorra que ela não deva imitar. Ninguém deveria praticar qualquer ação dizendo-lhe isso você não pode fazer. Quando se vê a criança rabiscar letras muito antes de compreender seu sentido, constata-se que ela procura, nessa idade, apenas imitar. Aliás, é bom que ela primeiro imite estes signos e somente mais tarde entenda seu significado. Com efeito, a tendência a imitar pertence à época em que se desenvolve o corpo físico, enquanto a interpretação do sentido diz respeito ao corpo etérico. É conveniente atuar sobre este ultimo só depois da troca dos dentes, quando já se desprendeu o envoltório etérico. Todo aprendizado deveria ocorrer, nessa época, especialmente pela imitação. É ouvindo que a criança melhor aprende a falar. Quaisquer regras e qualquer instrução artificial nada podem trazer de bom.Nos primeiros anos da infância, meios educativos como as canções devem impressionar os sentidos por seu belo ritmo. O que importa não é tanto o conteúdo, mas a beleza sonora. Quanto mais algo vivifica a visão e o ouvido, tanto melhor. Nunca se deveria subestimar a força plasmadora de movimentos de dança acompanhando o ritmo de uma música.Com a segunda dentição, o corpo etérico se liberta de seu envoltório etérico; começa então a época em que se pode exercer sobre ele uma influência pedagógica externa. Convém ter em mente quais fatores atuam de fora sobre o corpo etérico. Sua transformação e seu desenvolvimento caminham a par com uma transformação e uma mudança das inclinações, dos hábitos, da consciência, do caráter, da memória e dos temperamentos. O que atua sobre o corpo etérico são imagens, exemplos e uma orientação disciplinada da fantasia. Assim como até os sete anos de idade a criança deve ter exemplos físicos para serem imitados, entre a troca de dentes e a puberdade seu ambiente deve conter tudo o que possa orientá-lo por seu valor intrínseco e seu sentido. Isso ocorre com tudo o que atua através de imagem e por analogia. O corpo etérico desenvolve sua força quando uma fantasia bem orientada pode seguir, como modelos e idéias, as imagens e impressões extraídas da vida ou recebidas pelo ensino. O que atua harmoniosamente sobre o corpo etérico em desenvolvimento não são conceitos abstratos, mas o elemento plástico - não o sensorial, mas o espiritual visível. A observação espiritual é o meio educativo mais apropriado para esses anos. Daí a importância, para o jovem, de ter à sua volta mestres, personalidade cujas maneiras de ver e julgar o mundo possa despertar nele as forças intelectuais e morais desejáveis. Assim como imitação e exemplo eram as palavras mágicas para a educação dos primeiros anos, para os anos ora focalizados o são a aspiração a idéias e a autoridade. A autoridade natural, não-imposta, deve constituir a evidência espiritual imediata para que o jovem forme consciência, hábitos e inclinações e discipline seu temperamento, com cujos olhos observa o mundo. Valem principalmente para essa idade as belas palavras do poeta: cada um deve escolher o herói a quem pretende imitar em sua ascensão ao Olimpo. Veneração e respeito são forças que devem fazer crescer o corpo etérico de maneira sadia. Quando falta essa veneração, as forças vivas do corpo etérico se atrofiam. Imaginemos a seguinte cena e o efeito produzido por ela sobre um menino de, digamos, oito anos de idade. Alguém lhe conta algo a respeito de uma pessoa particularmente venerável. Tudo o que ele ouve lhe incute um temor quase sagrado. Aproxima-se o dia em que ele deve ter o primeiro encontro com essa pessoa. Ao pressionar a maçaneta da porta atrás da qual deverá aparecer o ser venerável, um tremor de respeito o invade. Os belos sentimentos gerados por semelhante experiência permanecerão entre as reminiscências mais duradouras da vida. Feliz é o adolescente que pode elevar seu olhar para o mestre e educador como autoridades naturais, e isso não apenas em alguns momentos excepcionais, mas durante toda a juventude! Além dessas autoridades vivas, verdadeiras encarnações da força moral e intelectual, deve haver as autoridades espirituais aceitas. O rumo espiritual do jovem deve ser determinado pelas grandes figuras da História, pela descrição de homens e mulheres modelares e não por princípios abstratos de moral, que só atuarão efetivamente depois que o corpo astral se tiver despedido de seu envoltório astral, na época da puberdade. Tais considerações devem nortear sobretudo o ensino da História. Antes da troca dos dentes, todas as histórias, contos, etc. terão como único fim trazer à criança um ambiente de alegria e riso; mais tarde, as histórias deverão conter, além disso, imagens vívidas que incitem nos adolescentes o desejo de igualar os feitos descritos. Não se deve esquecer que maus hábitos podem ser combatidos por meio de imagens repugnantes apropriadas. Quando existem tais maus hábitos e inclinações, pouco adianta recorrer a admoestações. Contudo, muito pode ser feito para erradicá-los por meio de imagens realistas de homens maus que possuam os mesmos defeitos e sofram suas conseqüências negativas em sua vida posterior.Convém ter em mente que não é de conceitos abstratos que o corpo etérico em formação recebe impulsos profundos, mas sim de imagens vívidas em sua clareza espiritual. É necessário, naturalmente, proceder com bastante tato para não provocar um efeito contraproducente. O que importa é a maneira como se contam as histórias. Por esse motivo, um conto bem narrado nunca pode ser substituído por uma leitura.

Fonte: Rudolph Steiner, A Educação da Criança Segundo a Ciência Espiritual (Antroposófica)

* Pseudônimo do escritor alemão Johann Paul Friedrich Richter (1763-1825).(N.E.)

Interessante!

COMO AS CRIANÇAS APRENDEM

Estímulo, incentivo e afeto nos primeiros anos de vida acelerem o desenvolvimento cerebral do ser humano.

Uma criança aprende fazendo. Ela aprende a engatinhar engatinhando. Aprende a falar falando e, a cada vez que o faz, estabelece novas trilhas no cérebro - se sua experiência for nova - ou solidifica as trilhas existentes - se estiver repetindo a experiência. As crianças são suas melhores educadoras e os pais, seus primeiros e melhores professores. Nossas casas, praias, florestas, áreas de lazer e o mundo todo são as principais fontes educacionais que possuímos - desde que as crianças sejam estimuladas a explorar tudo com segurança por meio dos sentidos. Os pesquisadores ressaltam a necessidade do estímulo positivo. Colin Rose, pioneiro em aprendizado acelerado, declara: "É verdade que, se no decorrer da vida, você se julgar um aprendiz fraco, provavelmente será um aprendiz fraco.” Mas a questão é como esse modelo de pensamento é programado. Uma pesquisa norte-americana mostrou que a maioria das crianças, desde muito pequenas, recebem pelo menos seis críticas negativas para um estímulo positivo - comentário do tipo não faça isso! Ou você não fez isso direito. Ainda segundo a pesquisa, é de inquestionável importância uma criança crescer dentro de um ambiente rico em possibilidades. Durante muitos anos, os cientistas de Berkeley, na Califórnia, fizeram experimentos com ratos e compararam o crescimento de seus cérebros com o dos seres humanos. Segundo a professora Marian Diamond, descobriu-se que as células nervosas das camadas fundamentais do cérebro estão presentes desde o nascimento. No primeiro mês de vida, os dendritos de interligação reproduzem-se aceleradamente; depois, a taxa e crescimento diminuem. Se colocarmos os ratos em ambientes ricos em possibilidades, podemos manter o alto crescimento dos dendritos. Mas, se os mantivermos em ambientes pobres, o crescimento é baixo. Nas gaiolas de enriquecimento, os ratos vivem em comunidade e têm acesso a brinquedos como ladeiras, rodas e outros brinquedos para explorar. Nos animais criados nesses ambientes, o número células cerebrais aumenta formidavelmente. Já nos ratos criados em ambientes sem brinquedos nem interação, o aumento dos dendritos é muito menor. Submetidos a um teste de inteligência num labirinto, os ratos com crescimento estimulado encontram comida com muito mais facilidade do que os não estimulados. Os cientistas não podem cortar cérebros humanos para testar o impacto da estimulação inicial, mas podem verificá-lo por meio da medição da glicose radioativa. Segundo a Dra. Diamond, essas verificações demonstram que a elevação da glicose vital é extremamente rápida durante os dois primeiros anos de vida - contanto que a criança tenha uma boa dieta e uma estimulação adequada. A elevação continua de forma rápida até os cinco anos e fica mais vagarosa dos cinco aos dez anos. Com cerca de dez anos de idade, o crescimento do cérebro atingiu seu apogeu. Desde que estimulado, porém, o desenvolvimento dos dendritos continua até o fim da vida. É muito simples: a célula do cérebro humano, como a do rato, está estruturada para receber estimulação e a crescer a partir dela. Estimular o desenvolvimento do cérebro não significa transformar a casa de uma criança numa réplica da sala de aula da escola convencional. Na verdade, é a sala de aula convencional que precisa ser reestruturada. "Julgávamos que brincadeiras e educação eram coisas incompatíveis" declararam Jean Marzollo e Janice Lloyd em seu excelente livro Learning Through Play. "Agora, conhecemos melhor o assunto. Os peritos em educação e os especialistas de primeira infância descobriram que brincar é uma das maneiras mais eficientes de aprender." O segredo é transformar a brincadeira em experiência de aprendizagem - e assegurar-se de que toda a aprendizagem será divertida. A importância de ninar-Na verdade, aquilo que os pais bem-intencionados não valorizam constitui-se, muitas vezes, no melhor para a aprendizagem inicial. Não estamos falando de estudos acadêmicos. Os cientistas provaram, por exemplo, que embalar regularmente um bebê pode ser de inestimável importância para o crescimento do cérebro. Esse movimento estimula o que eles denominam de sistema vestibular. Trata-se de um sistema nervoso localizado no centro da base cerebral e muito estreitamente ligado ao mecanismo do ouvido interno do bebê, que também desempenha papel vital no desenvolvimento do equilíbrio e da coordenação. De acordo com os cientistas, essa é uma das primeiras partes do cérebro que começa a funcionar quando o bebê ainda está no útero materno, cerca de dezesseis semanas após a concepção. "É essa maturidade precoce que torna o sistema vestibular tão importante ao desenvolvimento inicial do cérebro", afirma o médico Richard M. Restak, autor dos livros The Brain: The Last Frontier e The Infant Mind. "Flutuando no líquido amniótico, o feto registra suas primeiras percepções por meio da atividade de seu sistema vestibular. Nos últimos anos, acumularam-se provas de que o sistema vestibular é crucial para o desenvolvimento normal do cérebro. Os bebês que recebem estimulação vestibular periódica sendo embalados ganham peso mais rapidamente e desenvolvem a visão e a audição mais cedo, além de apresentarem ciclos distintos de sono com menos idade”. A Dra. Ruth Rice, do Texas, demonstrou em testes controlados que se um bebê prematuro for ninado, massageado, envolvido e afagado por apenas quinze minutos, quatro vezes ao dia, sua capacidade de coordenação de movimentos e de aprendizado será aumentada.
Extraído do livro Revolucionando o Aprendizado, de Gordon Dryden (Makron Books)