sábado, 24 de janeiro de 2009

Interessante!

COMO AS CRIANÇAS APRENDEM

Estímulo, incentivo e afeto nos primeiros anos de vida acelerem o desenvolvimento cerebral do ser humano.

Uma criança aprende fazendo. Ela aprende a engatinhar engatinhando. Aprende a falar falando e, a cada vez que o faz, estabelece novas trilhas no cérebro - se sua experiência for nova - ou solidifica as trilhas existentes - se estiver repetindo a experiência. As crianças são suas melhores educadoras e os pais, seus primeiros e melhores professores. Nossas casas, praias, florestas, áreas de lazer e o mundo todo são as principais fontes educacionais que possuímos - desde que as crianças sejam estimuladas a explorar tudo com segurança por meio dos sentidos. Os pesquisadores ressaltam a necessidade do estímulo positivo. Colin Rose, pioneiro em aprendizado acelerado, declara: "É verdade que, se no decorrer da vida, você se julgar um aprendiz fraco, provavelmente será um aprendiz fraco.” Mas a questão é como esse modelo de pensamento é programado. Uma pesquisa norte-americana mostrou que a maioria das crianças, desde muito pequenas, recebem pelo menos seis críticas negativas para um estímulo positivo - comentário do tipo não faça isso! Ou você não fez isso direito. Ainda segundo a pesquisa, é de inquestionável importância uma criança crescer dentro de um ambiente rico em possibilidades. Durante muitos anos, os cientistas de Berkeley, na Califórnia, fizeram experimentos com ratos e compararam o crescimento de seus cérebros com o dos seres humanos. Segundo a professora Marian Diamond, descobriu-se que as células nervosas das camadas fundamentais do cérebro estão presentes desde o nascimento. No primeiro mês de vida, os dendritos de interligação reproduzem-se aceleradamente; depois, a taxa e crescimento diminuem. Se colocarmos os ratos em ambientes ricos em possibilidades, podemos manter o alto crescimento dos dendritos. Mas, se os mantivermos em ambientes pobres, o crescimento é baixo. Nas gaiolas de enriquecimento, os ratos vivem em comunidade e têm acesso a brinquedos como ladeiras, rodas e outros brinquedos para explorar. Nos animais criados nesses ambientes, o número células cerebrais aumenta formidavelmente. Já nos ratos criados em ambientes sem brinquedos nem interação, o aumento dos dendritos é muito menor. Submetidos a um teste de inteligência num labirinto, os ratos com crescimento estimulado encontram comida com muito mais facilidade do que os não estimulados. Os cientistas não podem cortar cérebros humanos para testar o impacto da estimulação inicial, mas podem verificá-lo por meio da medição da glicose radioativa. Segundo a Dra. Diamond, essas verificações demonstram que a elevação da glicose vital é extremamente rápida durante os dois primeiros anos de vida - contanto que a criança tenha uma boa dieta e uma estimulação adequada. A elevação continua de forma rápida até os cinco anos e fica mais vagarosa dos cinco aos dez anos. Com cerca de dez anos de idade, o crescimento do cérebro atingiu seu apogeu. Desde que estimulado, porém, o desenvolvimento dos dendritos continua até o fim da vida. É muito simples: a célula do cérebro humano, como a do rato, está estruturada para receber estimulação e a crescer a partir dela. Estimular o desenvolvimento do cérebro não significa transformar a casa de uma criança numa réplica da sala de aula da escola convencional. Na verdade, é a sala de aula convencional que precisa ser reestruturada. "Julgávamos que brincadeiras e educação eram coisas incompatíveis" declararam Jean Marzollo e Janice Lloyd em seu excelente livro Learning Through Play. "Agora, conhecemos melhor o assunto. Os peritos em educação e os especialistas de primeira infância descobriram que brincar é uma das maneiras mais eficientes de aprender." O segredo é transformar a brincadeira em experiência de aprendizagem - e assegurar-se de que toda a aprendizagem será divertida. A importância de ninar-Na verdade, aquilo que os pais bem-intencionados não valorizam constitui-se, muitas vezes, no melhor para a aprendizagem inicial. Não estamos falando de estudos acadêmicos. Os cientistas provaram, por exemplo, que embalar regularmente um bebê pode ser de inestimável importância para o crescimento do cérebro. Esse movimento estimula o que eles denominam de sistema vestibular. Trata-se de um sistema nervoso localizado no centro da base cerebral e muito estreitamente ligado ao mecanismo do ouvido interno do bebê, que também desempenha papel vital no desenvolvimento do equilíbrio e da coordenação. De acordo com os cientistas, essa é uma das primeiras partes do cérebro que começa a funcionar quando o bebê ainda está no útero materno, cerca de dezesseis semanas após a concepção. "É essa maturidade precoce que torna o sistema vestibular tão importante ao desenvolvimento inicial do cérebro", afirma o médico Richard M. Restak, autor dos livros The Brain: The Last Frontier e The Infant Mind. "Flutuando no líquido amniótico, o feto registra suas primeiras percepções por meio da atividade de seu sistema vestibular. Nos últimos anos, acumularam-se provas de que o sistema vestibular é crucial para o desenvolvimento normal do cérebro. Os bebês que recebem estimulação vestibular periódica sendo embalados ganham peso mais rapidamente e desenvolvem a visão e a audição mais cedo, além de apresentarem ciclos distintos de sono com menos idade”. A Dra. Ruth Rice, do Texas, demonstrou em testes controlados que se um bebê prematuro for ninado, massageado, envolvido e afagado por apenas quinze minutos, quatro vezes ao dia, sua capacidade de coordenação de movimentos e de aprendizado será aumentada.
Extraído do livro Revolucionando o Aprendizado, de Gordon Dryden (Makron Books)

Nenhum comentário:

Postar um comentário