Reconhecer os objetivos das crianças e os esforços que fazem para alcançá-los é fundamental para ajudá-las a crescer com auto-estima e autoconfiança.
Em nossa rotina diária, na maioria das vezes, não paramos para observar as crianças. Nós as levamos para a escola, preparamos suas refeições e cuidamos delas, mas falhamos na hora de ter uma verdadeira conversa com elas.
A palavra reconhecimento significa conhecer novamente. As crianças crescem e mudam tão rapidamente que, às vezes, nem percebemos que elas se tornaram adolescentes. Reconhecer as crianças não é tão difícil e as faz sentir-se confortáveis, energizadas e confiantes.
Reconhecimento dos objetivos- Elisa, uma garotinha de 4 anos de idade, andava com sua mãe pelo parque quando, de repente, parou e perguntou: Mamãe, podemos ir até aquela árvore? Gostaria de pegar algumas daquelas folhas grandes. A mãe respondeu: Minha querida, a grama está cheia de lama e você já catou muitas folhas.
Elisa então replicou: Mas eu não tenho aquele tipo de folha na minha coleção!A mãe olhou para a filha com ar de surpresa. Via que a menina estava colhendo folhas de árvores, mas não tinha se dado conta de que as colecionava. Reconheceu que a filha criou um projeto e estava indo atrás dele, mostrando já a sua independência.
No caminho para casa, elas conversaram sobre os nomes de vários tipos de árvores e sobre as cores e formas das folhas. Se realmente dispuséssemos de tempo para ouvir as crianças, assistir o que elas estão fazendo e descobrir quais são os seus sentimentos, seria muito mais fácil estimarmos os seus esforços e estimulá-las a ter um objetivo.
Ensinando a planejar - Pela primeira vez, em lugar de dar brinquedos na mão dos bebês, deixamos que eles escolham um brinquedo. Quando eles o fazem, aplaudimos sua atitude e dividimos sua alegria com eles. Quando as crianças estão um pouco mais velhas, sua intenção de iniciar e realizar objetivos faz com que desenvolvam a confiança e a maneira de se colocar perante as situações.
No papel de pais, podemos ajudá-las a traçar objetivos claros, por meio de conselhos e direcionamento, apoiando sua idéias para alcançar os objetivos traçados. Freqüentemente, começamos projetos apressadamente, sem planejar os esforços e ficamos dispersos, oprimidos e indecisos sobre os caminhos a seguir.
Isso não é um bom exemplo para as crianças. Bom exemplo é mapear a nossa estratégia para um determinado projeto, dividir nosso plano em etapas e celebrar ao longo do caminho o sucesso obtido até o final. Vendo-nos pintar a casa, plantar flores no jardim ou mesmo pregar um botão, as crianças aprenderão a observar como nos planejamos e levamos adiante os projetos.
Reconhecimento dos esforços - Jaqueline tem 5 anos de idade e quer agradar os pais arrumando a cama deles. Correndo ao redor da cama, ela estica os lençóis como pode. A mãe e o pai agradecem e elogiam o trabalho. Feliz, a menina sai para brincar. O pai dirige-se à cama para arrumá-la melhor, mas a mãe o adverte: Não faça isso! O trabalho de Jaqueline tem que ser reconhecido e aceito como é, não vamos arruiná-lo.
O pai concorda, concluindo que estimar o esforço da filha é mais importante do que uma cama arrumada com perfeição.Algumas crianças percebem a ligação entre esforço e resultado. Elas entendem que, quanto mais praticam algo (tocar piano, fazer ginástica ou qualquer coisa de que gostem), melhor ficarão naquilo. Para outras, porém, essa conexão não é tão óbvia. Elas perguntam para as coleguinhas: Como você consegue ser tão bom nisso?.
Não entendem que as suas ações podem ter efeito cumulativo. Para elas, sucesso parece magia. Mostrando para essas crianças como as suas ações constróem, podemos ajudá-las a concretizar objetivos e elas verão que não precisam de nenhum tipo de mágica para a realizá-los.
Elizabete e Clara, ambas de 12 anos, planejam ir para uma colônia de férias com o time de hockey. As duas fazem parte da equipe que, durante duas semanas, irá jogar várias partidas sucessivas.
Clara começou a preparar-se fisicamente um mês antes correndo 5km todas as manhãs. Elisabete não parecia estar pronta para duas semanas de atividade intensa, e sua mãe preocupava-se com isso. Mas, em vez de questionar a menina diretamente com algo como você precisa treinar mais, preferiu abordar o assunto de outra forma, perguntando como seu técnico sugeriu que você se preparasse para os jogos?
Em vez de obrigar Elisabete a treinar, sua mãe guiou-a no processo de pensar por si mesma. Juntas, conversaram sobre o que era preciso para a preparação física. Com o toque sutil de sua mãe, a menina então decidiu que deveria começar a treinar para estar em forma.
Autor: Heloísa Fagundes
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