Dominó.
Este jogo contém 28 peças de dominó, em algumas delas haverá contas de substração em outras haverá o resultado dessas contas. Para jogar basta que tenhamos de um a quatro jogadores. O jogo procederá da mesma forma que de um dominó comum, cada jogador deverá ter sete peças, se houver menos de quatro jogadores as outras peças ficaram a disposição para serem compradas.
Começará o jogo aquele que tiver uma peça que tenha o número zero em um dos lados, para saber quel é a próxima peça a ser jogada, é necessário fazer as contas que estão nas outras peças para ver ver de qual delas é aquele resultado, porém tem um detalhe que deve ser observado, assim como no dominó, deve-se obedecer a ordem das cores, ou seja, a conta que coincide com aquele resultado e vice-versa, a peça deve ser da mesma cor.
No caso de um deficiente visual, do outro lado da peça os números estão em Braille e as cores são diferenciadas por um sinal de diferente forma que há em cada peça.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu R. Filho (Final)
Cada vez mais as atividades culturais tornam-se um termômetro muito sensível, refletindo todo um comortamento social. O Brasil de hoje escancarou suas portas à dominação estrangeira. Isso se dá em todods os níveis, inclusive na cultura. Por isso, a cultura popular se manifesta através do lazer. Não é uma cultura de guerra, é uma cultura de festa, não é transformadora. Não podemo0s considerar nossa cultura como utilitária a ponto dela ter uma intenção de transformação imediata. Ela é feita, usufruída no momento (não temos contuinidade de discussão. Dona Maria e Seu José não participam da discussão, da montagem e dos reflexos que ela pode acontecer).
Devemos dar essas formas um conteúdo novo, e de forma científica; conhecer a ciência dessa transformação, dessa realidade. Essa deve ser a grande diversão do fazer, você discutir, participar de euma coisa que te mostra a tua realidade.
A arte tem que contribuir, num país ou região como a nossa, para a melhoria dessa situação. A arte tem que dar caminhos, e não obedecer ordens. A palavra do povo artista,(nosso desfile e Camereada) é a da transformação geral.
Cultura popular não é a cultura que o povo construiu para agradar o patrão. É a cultura que ele tem da sua libertação, da sua explosão como uma grande nação. Essa é a verdadeira cultura popular.
Nossa região (sul do RS e norte do Uruguai) sempre foi privilegiada pela globalização, primeiro foi a globalização linguistica e atualmente o contato com as mercadorias importadas pelos Free Shops.
Quanto a globalização linguística no início foram mantida as trocas de idiomas entre charruas, minuanos, guaranis e os espanhóis na dominação religiosa dos jesuitas, o que desde o começo e até mesmo pela doutrinação do clero impera a noção de nação no povo em formação.Portanto, a nação nestes campos surge anterior ao Estado, porque não existe naquele momento uma noção de classes sociais e sim de povo, fato provocado pela própria pregação socializadora dos jesuítas.
Após os jesuítas, os portugueses e suas bandeiras invadem nossos pampas em busca de índios e gado (chimarão). Assim, na luta pelas vacarias da Banda Norte, dos Pinhais e do Mar cabe a necessidade pela sobrevivência do homem a mistura dos idiomas guarani, português e espanhol.
A exploração do gado leva a construção dos saladeiros e, dessa forma a demanda pela mão-de-obra escrava. Portanto, a grande quantidade de europeus, amerindios e negros (angolanos, gongo outros), provoca a mesigenação (que caracteriza o "pelo duro" dos negros e os olhos puxados dos indígenas, como somos chamados no norte do RS)
O negro não participa muito na mistura linguística, até mesmo para manter uma resistência a dominação violenta. Porém, na mistura etnológica ele ou ela é obrigada pelo branco para a reprodução da mão-de-obra escrava.
A nossa identidade está intimamente ligada ao portunhol, até porque o portunhol como idioma ou dialeto é praticado pelas classes mais pobres, fato este, que pela nossa posição geográfica nos localiza nas periferias industriais (Porto Alegre e Montevideu), e em consequência existe, também, o empobrecimento de toda a nossa região.
Em todo caso, a língua não é um fim nela mesma é, uma ponte para novas culturas. Por isso, meu amigo do outro lado da linha divisória, deixa eu aprender a tua língua e dizer que ela é tão bonita quanto a minha.
Mais além, provavelmente muitos casos de fracassos nas séries iniciais, esteja associado a dificuldade que nossos jovens tem em dominar um idioma, que não o praticado no dia a dia.
A conturbação das cidades de Livramento e Rivera, isto é, de cidades que se aproximam, firmando uma sequência sem contudo se confundirem. Manifesta Rivera em sua arquitetura uma firte influência inglesa em suas casas, casas geralmente, sobrados com teto em telhas e janelas com a parte superior arredondada.
A organizãção produtiva das áreas baseadas na comercialização da carne, expressa a vinculação à expansão industrial inglesa e ao comércio mundial desse produto. A relação com espaço Platino, onde ao longo do século XIX e grande parte do século XX imperaram os capitais ingleses, o que indica claramente a escala de relação que deram o rumo para a formação regional e a organização do espaço nestas cidades.
Já do lado de Livramento as casas manifestam uma forte arquitetura de origem puramente gaúcha, principalmente nas vilas, onde impera as casas de cobertura baixas, no primário a manifestação se faz pela origem dos Ranchos de barro, cobertos de palhas. Um deles é a casa de taipa, de sopapa ou de tapona, onde a cobertura, de duas águas, é feita de santa-fé.
A o0rigem deste tipo de habitação não é importado como no caso de Rivera (inglesa), já que a habitação e nois primórdios do ciclo Luso-brasileiro, a idade do couro, era toda de couro cru.
E os próprios toldos dos indígenas locais, primitivamente tapados de esteiras, vieram a sofrer a influência do gado ali introduzido pelos descobridores. Daí surge a atual expressão, quando vamos ao Super Mercado fazer compras do mês dizemos: Vamos fazer um rancho.
O Professor Sirineu Rocha Filho ministra aulas de História e Geografia no Curso Normal do Instituto Estadual de Educação Professor Liberato Salzano Viera Da Cunha da cidade de Sant´Ana do Livramento, Rio Grande do Sul - Brasil.
A cidade de Sant´Ana do Livramento junto com a cidade fronteiriça de Rivera (departamento de Rivera da República Oriental del Uruguay) fazem parte da chamada "Fronteira da Paz" única fronteira do mundo com livre acesso entre elas.
Obs.:Os textos postados até agora com o título "Sobre nós etc & tal" serão retirados dentro de um mês para correção e revisão junto com o autor. Portanto, aproveite esse tempo para ler os mesmos e enviar informações ou comentários que possam acrescentar e enriquecer ainda mais este material. Muito obrigado.
Devemos dar essas formas um conteúdo novo, e de forma científica; conhecer a ciência dessa transformação, dessa realidade. Essa deve ser a grande diversão do fazer, você discutir, participar de euma coisa que te mostra a tua realidade.
A arte tem que contribuir, num país ou região como a nossa, para a melhoria dessa situação. A arte tem que dar caminhos, e não obedecer ordens. A palavra do povo artista,(nosso desfile e Camereada) é a da transformação geral.
Cultura popular não é a cultura que o povo construiu para agradar o patrão. É a cultura que ele tem da sua libertação, da sua explosão como uma grande nação. Essa é a verdadeira cultura popular.
Nossa região (sul do RS e norte do Uruguai) sempre foi privilegiada pela globalização, primeiro foi a globalização linguistica e atualmente o contato com as mercadorias importadas pelos Free Shops.
Quanto a globalização linguística no início foram mantida as trocas de idiomas entre charruas, minuanos, guaranis e os espanhóis na dominação religiosa dos jesuitas, o que desde o começo e até mesmo pela doutrinação do clero impera a noção de nação no povo em formação.Portanto, a nação nestes campos surge anterior ao Estado, porque não existe naquele momento uma noção de classes sociais e sim de povo, fato provocado pela própria pregação socializadora dos jesuítas.
Após os jesuítas, os portugueses e suas bandeiras invadem nossos pampas em busca de índios e gado (chimarão). Assim, na luta pelas vacarias da Banda Norte, dos Pinhais e do Mar cabe a necessidade pela sobrevivência do homem a mistura dos idiomas guarani, português e espanhol.
A exploração do gado leva a construção dos saladeiros e, dessa forma a demanda pela mão-de-obra escrava. Portanto, a grande quantidade de europeus, amerindios e negros (angolanos, gongo outros), provoca a mesigenação (que caracteriza o "pelo duro" dos negros e os olhos puxados dos indígenas, como somos chamados no norte do RS)
O negro não participa muito na mistura linguística, até mesmo para manter uma resistência a dominação violenta. Porém, na mistura etnológica ele ou ela é obrigada pelo branco para a reprodução da mão-de-obra escrava.
A nossa identidade está intimamente ligada ao portunhol, até porque o portunhol como idioma ou dialeto é praticado pelas classes mais pobres, fato este, que pela nossa posição geográfica nos localiza nas periferias industriais (Porto Alegre e Montevideu), e em consequência existe, também, o empobrecimento de toda a nossa região.
Em todo caso, a língua não é um fim nela mesma é, uma ponte para novas culturas. Por isso, meu amigo do outro lado da linha divisória, deixa eu aprender a tua língua e dizer que ela é tão bonita quanto a minha.
Mais além, provavelmente muitos casos de fracassos nas séries iniciais, esteja associado a dificuldade que nossos jovens tem em dominar um idioma, que não o praticado no dia a dia.
A conturbação das cidades de Livramento e Rivera, isto é, de cidades que se aproximam, firmando uma sequência sem contudo se confundirem. Manifesta Rivera em sua arquitetura uma firte influência inglesa em suas casas, casas geralmente, sobrados com teto em telhas e janelas com a parte superior arredondada.
A organizãção produtiva das áreas baseadas na comercialização da carne, expressa a vinculação à expansão industrial inglesa e ao comércio mundial desse produto. A relação com espaço Platino, onde ao longo do século XIX e grande parte do século XX imperaram os capitais ingleses, o que indica claramente a escala de relação que deram o rumo para a formação regional e a organização do espaço nestas cidades.
Já do lado de Livramento as casas manifestam uma forte arquitetura de origem puramente gaúcha, principalmente nas vilas, onde impera as casas de cobertura baixas, no primário a manifestação se faz pela origem dos Ranchos de barro, cobertos de palhas. Um deles é a casa de taipa, de sopapa ou de tapona, onde a cobertura, de duas águas, é feita de santa-fé.
A o0rigem deste tipo de habitação não é importado como no caso de Rivera (inglesa), já que a habitação e nois primórdios do ciclo Luso-brasileiro, a idade do couro, era toda de couro cru.
E os próprios toldos dos indígenas locais, primitivamente tapados de esteiras, vieram a sofrer a influência do gado ali introduzido pelos descobridores. Daí surge a atual expressão, quando vamos ao Super Mercado fazer compras do mês dizemos: Vamos fazer um rancho.
O Professor Sirineu Rocha Filho ministra aulas de História e Geografia no Curso Normal do Instituto Estadual de Educação Professor Liberato Salzano Viera Da Cunha da cidade de Sant´Ana do Livramento, Rio Grande do Sul - Brasil.
A cidade de Sant´Ana do Livramento junto com a cidade fronteiriça de Rivera (departamento de Rivera da República Oriental del Uruguay) fazem parte da chamada "Fronteira da Paz" única fronteira do mundo com livre acesso entre elas.
Obs.:Os textos postados até agora com o título "Sobre nós etc & tal" serão retirados dentro de um mês para correção e revisão junto com o autor. Portanto, aproveite esse tempo para ler os mesmos e enviar informações ou comentários que possam acrescentar e enriquecer ainda mais este material. Muito obrigado.
Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu R. Filho (Parte X)
A arte popular tem sido utilizada pelas elites dominantes para a continuidade de seu mandar. A cultura popular, por ser popular, evolui dialéticamente,(seja no sentido que for) e se transformam. Agora, quando o governo utiliza a arte popular para fomentar o turismo são péssimas, porque descaracteriza a arte num todo. Em todo caso, uma faca de dois gume:os agrupamentos folclóricos(CTGs, Galpões, Movimentos Nativos) vivem à mingua, triturados e esmagados pelo complexo econômico-financeiro, tendendo a desaparecer, neste caso. Se é ajudado, com fins turísticos, salva-se mas cai na degradação, quero dizer, diante de pessoas de outras classes sociais passa a representar, deixa de ser autêntico ou em parte conservando sua autenticidade como é atualmente.
Estas interrogações de hoje partem de um paralelo entre o nosso desfile do 20 de Setembro X o desfile de Carnaval das capitais brasileiras, que em grande parte perderam suas características. Agora, fica a grande pergunta. O que fazer? O que é mais importante? A preservação do nosso folclore ou a preservação descaracterizada de nossas entidades gauchescas?Enquanto os organismos responsáveis pela cultura popular, (Governo, Turismo, Entidades Folclóricas etc) não travarem uma discussão a este respeito de conservação ou evolução de nossa cultura, outras culturas paralelas podem naturalmente inflitrarem-se a descaracterizarem nossa cultura popular.
Estas interrogações de hoje partem de um paralelo entre o nosso desfile do 20 de Setembro X o desfile de Carnaval das capitais brasileiras, que em grande parte perderam suas características. Agora, fica a grande pergunta. O que fazer? O que é mais importante? A preservação do nosso folclore ou a preservação descaracterizada de nossas entidades gauchescas?Enquanto os organismos responsáveis pela cultura popular, (Governo, Turismo, Entidades Folclóricas etc) não travarem uma discussão a este respeito de conservação ou evolução de nossa cultura, outras culturas paralelas podem naturalmente inflitrarem-se a descaracterizarem nossa cultura popular.
Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu R. Filho (Parte IX)
A fronteira é um mundo que muitas vezes parece uma prisão, ela possui sua própria linguagem, é um mundo de exclusão, um mundo aparte, um mundo em que o que fala mais alto e mais brusco leva vatagens. Nos seus costumes, uma pessoa de fora, se vestir-se na moda ou variar de roupa é visto como homosexual, se apresenta-se cabeludo é considerado drogado.
Este mundo região em que o uruguaio apresenta alto nível cultural eo Brasill o aplasta com suas redes globais e futebol, leva a derrubada da alta estima do forasteiro.
O desrespeito individual leva a falta de cidadania, então, desta forma muita coisa errada como: tráfico, roubo de carros, contrabando, abuso de adolecentes, sequestro de motos e carros etc. torna-se comuns na sociedade de fronteira, como sendo um "mumú" (linguagem usada para definir negócio ilícito, fácil). O caminho da denúncia social, o encaminhamento de erros para a correção não são presentes e terminam afetando a auto estima de um todo.
Este todo excluido é oprimido e não se transforma em estímulos para um progresso social dinâmico, que é o que o mundo atual exige.
Por isso, pela falta de querer um mais, é que a fronteira está entre a espada e o muro, não se transforma em progresso econômico e é cada vez mais achatada na sua conduta de um mundo região isolada.
O fato de intelectuais a serviço de classes dominantes elaborarem, numa forma ideológica o ideário gaúcho, durante muito tempo nada foi contestado de forma mais ampla. No entanto, o mecanismo de ajuste deste ideário, foi a imagem, cordial e hospitaleira da figura deste personagem.
Aqui em nossa região, onde o caráter prático da identidade criada é amior, fica uma pergunta:será que esta hospitalidade e cordialidade toda é verdadeira?
As grnades distâncias entr os latifúndios existentes na região da campanha, fazem e faziam com que as figuras, destes campos pampeanos, sintam-sesolitários e carentes de informação de um mundo não tão distante. Portanto, quando um forasteiro aparece é natural que ele seja gentil e hospitaleiro. Mas será ele gentil ou desconfiado, pronto para saber qual o objetivo da visita do forasteiro?
Esta desconfiança se dá pelo passado histórico de guerras e disputas territorias na região.
O mesmo acontece na forma urbanizada, onde pode acontecer com que um empresário venha de fora investir em nossa cidade e tenha toda a sua vida investigada, para saber se ele presta ou não presta como pessoa, ou como empresário. Ora, esta forma não é correta para tratarmos um futuro investidor. Pois desta forma, este aspecto cultural encrunhado em nossa epiderme, deve mudar, para que sejamos gentis de verdade e, não desconfiados. Retratando as falsas imagens criadas por intelectuais positivistas de outrora ou do presente.
Esta desconfiança é o preço da falsa imagem criada, para disfarçar o processo da criação do Estado, disputado por espanhóis e portugueses, que tiveram que pagar muitas vezes o patrimônio e o sangue levado para abastecer a formação deste Estado que se diz Nacional.
Definir cultura popular é muito complexo. Há diversas posições à respeito. Uma das posições é achar que qualquer produto cultural inspirado pela ideologia do povo seja em si um produto da cultura popular, mesmo que não venha das camadas populares.
Por outro lado, tem o grande tema: a televisão faz parte da cultura popular? Eu acho que sem dúvida que sim. Inclusive, ela é transformadora da cultura popular. Agora, se ela é cultura popular sendo antipopular é outra discussão. É cultura popular aquela que vem ou aquela que atinge as grandes massas populares?será que a obra, por ser aceita pelas grandes massas, é uma obra de cultura popular?
E o nosso desfile do 20 de Setembro, a nossa campereada é cultura popular?Será que estes eventos não estão a serviço de outra camada que não é a maioria, portanto, será ele popular?Mesmo sendo aceito pelas grandes massas.
Cultura popular é toda a manifestação que se coloca de uma forma inequívoca ao lado do povo e contra o opressor. Porém, existe tempo de confeção de cada tipo de arte a ser analisado.
O trabalho da cultura popular se faz na medida em que o povo discute vários aspectos da sua sociedade, inclusive e com mais força o aspecto econômico.
Primeiramente, a própria revolução farroupilha, que de revolução não tem nada, foi apenas a luta de uma camada abastada pela melhoria de preço do seu produto; onde quem parte para a luta do corpo a corpo, na defesa do produto do fazendeiro foram as camadas populares. Portanto, a comemoração em si não tem nada de popular.
Este mundo região em que o uruguaio apresenta alto nível cultural eo Brasill o aplasta com suas redes globais e futebol, leva a derrubada da alta estima do forasteiro.
O desrespeito individual leva a falta de cidadania, então, desta forma muita coisa errada como: tráfico, roubo de carros, contrabando, abuso de adolecentes, sequestro de motos e carros etc. torna-se comuns na sociedade de fronteira, como sendo um "mumú" (linguagem usada para definir negócio ilícito, fácil). O caminho da denúncia social, o encaminhamento de erros para a correção não são presentes e terminam afetando a auto estima de um todo.
Este todo excluido é oprimido e não se transforma em estímulos para um progresso social dinâmico, que é o que o mundo atual exige.
Por isso, pela falta de querer um mais, é que a fronteira está entre a espada e o muro, não se transforma em progresso econômico e é cada vez mais achatada na sua conduta de um mundo região isolada.
O fato de intelectuais a serviço de classes dominantes elaborarem, numa forma ideológica o ideário gaúcho, durante muito tempo nada foi contestado de forma mais ampla. No entanto, o mecanismo de ajuste deste ideário, foi a imagem, cordial e hospitaleira da figura deste personagem.
Aqui em nossa região, onde o caráter prático da identidade criada é amior, fica uma pergunta:será que esta hospitalidade e cordialidade toda é verdadeira?
As grnades distâncias entr os latifúndios existentes na região da campanha, fazem e faziam com que as figuras, destes campos pampeanos, sintam-sesolitários e carentes de informação de um mundo não tão distante. Portanto, quando um forasteiro aparece é natural que ele seja gentil e hospitaleiro. Mas será ele gentil ou desconfiado, pronto para saber qual o objetivo da visita do forasteiro?
Esta desconfiança se dá pelo passado histórico de guerras e disputas territorias na região.
O mesmo acontece na forma urbanizada, onde pode acontecer com que um empresário venha de fora investir em nossa cidade e tenha toda a sua vida investigada, para saber se ele presta ou não presta como pessoa, ou como empresário. Ora, esta forma não é correta para tratarmos um futuro investidor. Pois desta forma, este aspecto cultural encrunhado em nossa epiderme, deve mudar, para que sejamos gentis de verdade e, não desconfiados. Retratando as falsas imagens criadas por intelectuais positivistas de outrora ou do presente.
Esta desconfiança é o preço da falsa imagem criada, para disfarçar o processo da criação do Estado, disputado por espanhóis e portugueses, que tiveram que pagar muitas vezes o patrimônio e o sangue levado para abastecer a formação deste Estado que se diz Nacional.
Definir cultura popular é muito complexo. Há diversas posições à respeito. Uma das posições é achar que qualquer produto cultural inspirado pela ideologia do povo seja em si um produto da cultura popular, mesmo que não venha das camadas populares.
Por outro lado, tem o grande tema: a televisão faz parte da cultura popular? Eu acho que sem dúvida que sim. Inclusive, ela é transformadora da cultura popular. Agora, se ela é cultura popular sendo antipopular é outra discussão. É cultura popular aquela que vem ou aquela que atinge as grandes massas populares?será que a obra, por ser aceita pelas grandes massas, é uma obra de cultura popular?
E o nosso desfile do 20 de Setembro, a nossa campereada é cultura popular?Será que estes eventos não estão a serviço de outra camada que não é a maioria, portanto, será ele popular?Mesmo sendo aceito pelas grandes massas.
Cultura popular é toda a manifestação que se coloca de uma forma inequívoca ao lado do povo e contra o opressor. Porém, existe tempo de confeção de cada tipo de arte a ser analisado.
O trabalho da cultura popular se faz na medida em que o povo discute vários aspectos da sua sociedade, inclusive e com mais força o aspecto econômico.
Primeiramente, a própria revolução farroupilha, que de revolução não tem nada, foi apenas a luta de uma camada abastada pela melhoria de preço do seu produto; onde quem parte para a luta do corpo a corpo, na defesa do produto do fazendeiro foram as camadas populares. Portanto, a comemoração em si não tem nada de popular.
Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu Rocha Filho (Parte VIII)
Quando pelas ruas de nossa cidade fazenda, o que mais vejo pelas vitrines das lojas que passo, são a carne humana pendurada, os braços cruzados dos vendedores, com o medo do desemprego expresso em seus olhares cansados. De tanto tempo de trabalho, tanto tempo, sem tempo para fazer dinheiro.
Leonardo Boff, faz um comentário: que em nossos dias, o mercado está celebrando mais sacrifícios humanos que os astecas em seu templo maior.
O produto das vitrines, se faz presente em uma quantidade muito grande. Portanto, o medo toma conta e, os salários cada vez são mais baixos, o poder de compra cada vez mais diminui.
A corrente começa a se formar, muita mão-de-obra, medo, desemprego, salários baixos, violência.
O direito do trabalho se reduz ao direito do quanto querem te pagar e nas condições que querem te impor. Atualmente, não existe no mundo mercadoria mais barata que a mão-de-obra. O medo toma conta de perder: perder o trabalho, perder o pouco do dinheiro necessário para sobreviver ao sul do Equador, perder a comida, perder a casa, não haverá exorcismo que nos salve da maldição do final do século.
Até os donos das lojas, os ganhadores, do nosso comércio local, poderão da noite para o dia, tornarse um perdedor, falido, um fracassado indigno do perdão do capital globalizado.
Quem se salvará do terror da desocupação?Quem não teme ser um náufrago das novas tecnologias? Um náufrago dos free-shops?
Qualquer um pode cair, em qualquer momento e em qualquer lugar. Em seus contratos a tecnologia não exige salários, nem férias, nem indenizações, nem 13º salários, nem salários desemprego etc.
Assim, como os mexicanos passam o rio bravo atrás de salários, os Uruguaios de nossa fronteira passam nossos marcos ao encontro de aluguel mais baixos, comida etc. E os nossos Brasileiros ricos dos whiskis e perfumes. É um verdadeiro carrocel, onde os cavalinhos do capitalismo são potros difíceis de ser domados.
Quem percorrer a fronteira urbana (Livramento/Rivera) de hoje fica muitas vezes surprendido com aspectos que se imagina existirem nos nossos dias unicamente em livros de história; e se atentar um pouco para eles, verá que traduzem fatos profundos e não são apenas reminiscências anacrônicas.
Na década de 60 e 70 o canal 10 de Rivera, era grande rede de comunicação, nesta época muitos dos da minha idade, aprenderam, sem querer a falar o espanhol. Porém, hoje, como a tempos atrás não adianta querer aprender uma das nossas duas línguas. Aqui exsitem um grande número de palavras que retratam um intercambio, de costumes maiores do que se pensa. Algukmas palavras, na ordem espanhol/portunhol/português: silla, sia, cadeira; oveja, ovêia, ovelha; vieja, véia, velha.
Assim, como as palavras, uma série de costumes, também se misturam, como: três beijos no cumprimento dos brasileiros e um beijo no costume uruguaio. Este fato, parece simples. No entanto, hoje, com a inversão das comunicações televisivas de outrora, atualmente é mais assistida a Globo pelos riverenses, e faz com que os uruguaios assimilassem mais os hábitos brasileiros, o inverso do que era em décadas passadas. Não só o fato dos beijos, mas é o começo para uma série de introdução a vícios de drogas, modificações morais e sociais, o sexo por exemplo e, até mesmo a AIDS.
Nos bairros Cuaró e Povo Novo, bairros de atividades operária, é justamente os bairros que residem o maior número de brasileiros em Rivera, e por incrível que pareça são os bairros onde existe umgrande consumo de drogas.
Neste terreno social, na maior parte dos exemplos, e no conjunto, em todo caso, atrás daquelas transformações que às vezes nos podem iludir, sente-se a presença de uma realidade já muito antiga que até nos admira de aí achar o nosso passado latifundário de exclusão social.
Ou quem sabe o futuro é diferente como o filme "EL baño del Papa", e a coisa toda se inverta.
Leonardo Boff, faz um comentário: que em nossos dias, o mercado está celebrando mais sacrifícios humanos que os astecas em seu templo maior.
O produto das vitrines, se faz presente em uma quantidade muito grande. Portanto, o medo toma conta e, os salários cada vez são mais baixos, o poder de compra cada vez mais diminui.
A corrente começa a se formar, muita mão-de-obra, medo, desemprego, salários baixos, violência.
O direito do trabalho se reduz ao direito do quanto querem te pagar e nas condições que querem te impor. Atualmente, não existe no mundo mercadoria mais barata que a mão-de-obra. O medo toma conta de perder: perder o trabalho, perder o pouco do dinheiro necessário para sobreviver ao sul do Equador, perder a comida, perder a casa, não haverá exorcismo que nos salve da maldição do final do século.
Até os donos das lojas, os ganhadores, do nosso comércio local, poderão da noite para o dia, tornarse um perdedor, falido, um fracassado indigno do perdão do capital globalizado.
Quem se salvará do terror da desocupação?Quem não teme ser um náufrago das novas tecnologias? Um náufrago dos free-shops?
Qualquer um pode cair, em qualquer momento e em qualquer lugar. Em seus contratos a tecnologia não exige salários, nem férias, nem indenizações, nem 13º salários, nem salários desemprego etc.
Assim, como os mexicanos passam o rio bravo atrás de salários, os Uruguaios de nossa fronteira passam nossos marcos ao encontro de aluguel mais baixos, comida etc. E os nossos Brasileiros ricos dos whiskis e perfumes. É um verdadeiro carrocel, onde os cavalinhos do capitalismo são potros difíceis de ser domados.
Quem percorrer a fronteira urbana (Livramento/Rivera) de hoje fica muitas vezes surprendido com aspectos que se imagina existirem nos nossos dias unicamente em livros de história; e se atentar um pouco para eles, verá que traduzem fatos profundos e não são apenas reminiscências anacrônicas.
Na década de 60 e 70 o canal 10 de Rivera, era grande rede de comunicação, nesta época muitos dos da minha idade, aprenderam, sem querer a falar o espanhol. Porém, hoje, como a tempos atrás não adianta querer aprender uma das nossas duas línguas. Aqui exsitem um grande número de palavras que retratam um intercambio, de costumes maiores do que se pensa. Algukmas palavras, na ordem espanhol/portunhol/português: silla, sia, cadeira; oveja, ovêia, ovelha; vieja, véia, velha.
Assim, como as palavras, uma série de costumes, também se misturam, como: três beijos no cumprimento dos brasileiros e um beijo no costume uruguaio. Este fato, parece simples. No entanto, hoje, com a inversão das comunicações televisivas de outrora, atualmente é mais assistida a Globo pelos riverenses, e faz com que os uruguaios assimilassem mais os hábitos brasileiros, o inverso do que era em décadas passadas. Não só o fato dos beijos, mas é o começo para uma série de introdução a vícios de drogas, modificações morais e sociais, o sexo por exemplo e, até mesmo a AIDS.
Nos bairros Cuaró e Povo Novo, bairros de atividades operária, é justamente os bairros que residem o maior número de brasileiros em Rivera, e por incrível que pareça são os bairros onde existe umgrande consumo de drogas.
Neste terreno social, na maior parte dos exemplos, e no conjunto, em todo caso, atrás daquelas transformações que às vezes nos podem iludir, sente-se a presença de uma realidade já muito antiga que até nos admira de aí achar o nosso passado latifundário de exclusão social.
Ou quem sabe o futuro é diferente como o filme "EL baño del Papa", e a coisa toda se inverta.
Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu Rocha Filho (Parte VII)
Emquanto os novos assentamentos que chegam a nossa cidade reivindicam educação, transporte e desenvolvimento, mais tarde quando estas tornarem-se cidade programarão prioridades de investimentos de etrutura básica mínimas como: pavimentação, transportes e melhorias nos acessos vecinais, investimentos que respaldem suas comunidades e que permitirão o escoamento da produção agícola.
Em função disto, um dos argumentos que serão alegados estará justamente na gestão urbana em detrimento da atenção à área rural, expresso na falta de investimentos no campo e infra-estrutura periférica, como a viabilização de atendimento básico às comunidades agrárias. A insastifação das comunidades com o poder e a administração local, favorecidas pelo eleitorado, levará à mobilização política, coroada em suas reivindicações pelo providencial descasso da sede municipal. A apatia, a falta de articulações a ausência de lideranças expressivas que possa administrar as reivindicações populares também contribuirá para a futura perda de arrecadação no município mãe.
Não é possível analisar as dificuldades do município como o desemprego e o baixo desempenho agroindustrial em nível regional sem considerar as variáveis "macro econômicas" em nível nacional ou internacional em função da economia globalizada.
Esta questão de globalização é procedente, pois, conforme SCHAFFER (93), em função do Mercosul, a região fronteiriça deixa de ser marco de separação, limite ou fim do país para adquirir contornos de áreas de aproximação e permeabilidade, fato que os discursos e políticas públicas oficiais reforçam, considerando-se a metade sul do RS, assunto relevante na atual gestão administrativa. Os discursos públicos abordam a estratégia da implntação de infra-estrutura para equipar este espaço em transformação, contemplando a área com melhorias estruturais como a conclusão de obras rodoviárias, construção de pontes, dotação de energia elétrica e fomentando também a pesquisa e o diagnóstico para promover o desenvolvimento regional.
Em função disto, um dos argumentos que serão alegados estará justamente na gestão urbana em detrimento da atenção à área rural, expresso na falta de investimentos no campo e infra-estrutura periférica, como a viabilização de atendimento básico às comunidades agrárias. A insastifação das comunidades com o poder e a administração local, favorecidas pelo eleitorado, levará à mobilização política, coroada em suas reivindicações pelo providencial descasso da sede municipal. A apatia, a falta de articulações a ausência de lideranças expressivas que possa administrar as reivindicações populares também contribuirá para a futura perda de arrecadação no município mãe.
Não é possível analisar as dificuldades do município como o desemprego e o baixo desempenho agroindustrial em nível regional sem considerar as variáveis "macro econômicas" em nível nacional ou internacional em função da economia globalizada.
Esta questão de globalização é procedente, pois, conforme SCHAFFER (93), em função do Mercosul, a região fronteiriça deixa de ser marco de separação, limite ou fim do país para adquirir contornos de áreas de aproximação e permeabilidade, fato que os discursos e políticas públicas oficiais reforçam, considerando-se a metade sul do RS, assunto relevante na atual gestão administrativa. Os discursos públicos abordam a estratégia da implntação de infra-estrutura para equipar este espaço em transformação, contemplando a área com melhorias estruturais como a conclusão de obras rodoviárias, construção de pontes, dotação de energia elétrica e fomentando também a pesquisa e o diagnóstico para promover o desenvolvimento regional.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu Rocha Filho (Parte VI)
A grande identidade regional gaúcha (política e cultural) e a existência de instituições regionais, juntas podemos concretizar como sendo um Estado região, o que têm possibilitado tanto a resolução de conflitos sociais internos como o encaminhamento das reivindicações regionais junto a Federação.
Mesmo com os constantes fluxos migratórios gaúcho para outras regiões do Brasil, sendo que em muitos casos não há um investimento estatal que faça os migrantes permanecerem neste novo ponto, mesmo assim, a sociedade gaúcha tem optado pela brasilidade. Políticos e intelectuais têm se mostrado conscientes quanto às possibilidades de desenvolvimento reservadas ao projeto nacional, ainda que atualmente este não esteja claro. E sem apoio destes, os grupos separatistas gaúchos têm pouco possibilidades de chegarem a um movimento regional popular.
Este movimentos, cometem erros táticos graves, quando salientam em suas facções, que já existe a construção de um Estado nacional gaúcho, sendo que estes deveriam enfatizar e defender um gradativo autonomismo regional, inclusive como forma de flexibilidade política.
O RS deve ter consciência de que sua influência política na federação somente apresentou frutos quando foi capaz de armar alianças de grande porte (como a Revolução de 30) e que tanto o novo pacto da federação como o possível desenvolvimento nacional, voltado para o desenvolvimento das regiões periféricas (Guerra Fiscal, indústrias dirigindo-se para a Bahia), exigem que se saia do isolacionismo político regional no qual o RS se encontra. Aproveitando o momento, Livramento também precisa sair do isolacionismo micro regional político, social e econômico e captar investimentos ou o último a sair vai ter que apagar a luz.
Parece que os atuais assentamentos, recentementes chegados a nossa cidade, vão fazer com que as distância entre os nossos municípios mais próximos (100km cada um em média), seja reduzidas, no contra ponto todo um aparato social será montado naturalmente, trazendo benefícios a um todo regional.
Mesmo com os constantes fluxos migratórios gaúcho para outras regiões do Brasil, sendo que em muitos casos não há um investimento estatal que faça os migrantes permanecerem neste novo ponto, mesmo assim, a sociedade gaúcha tem optado pela brasilidade. Políticos e intelectuais têm se mostrado conscientes quanto às possibilidades de desenvolvimento reservadas ao projeto nacional, ainda que atualmente este não esteja claro. E sem apoio destes, os grupos separatistas gaúchos têm pouco possibilidades de chegarem a um movimento regional popular.
Este movimentos, cometem erros táticos graves, quando salientam em suas facções, que já existe a construção de um Estado nacional gaúcho, sendo que estes deveriam enfatizar e defender um gradativo autonomismo regional, inclusive como forma de flexibilidade política.
O RS deve ter consciência de que sua influência política na federação somente apresentou frutos quando foi capaz de armar alianças de grande porte (como a Revolução de 30) e que tanto o novo pacto da federação como o possível desenvolvimento nacional, voltado para o desenvolvimento das regiões periféricas (Guerra Fiscal, indústrias dirigindo-se para a Bahia), exigem que se saia do isolacionismo político regional no qual o RS se encontra. Aproveitando o momento, Livramento também precisa sair do isolacionismo micro regional político, social e econômico e captar investimentos ou o último a sair vai ter que apagar a luz.
Parece que os atuais assentamentos, recentementes chegados a nossa cidade, vão fazer com que as distância entre os nossos municípios mais próximos (100km cada um em média), seja reduzidas, no contra ponto todo um aparato social será montado naturalmente, trazendo benefícios a um todo regional.
Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu Rocha Filho (Parte V)
A nossa região, sustentada pela criação de gado, caracterizou-se pela concentração da propriedade e da renda, sendo o ciclo do charque responsável pela consolidação, ao longo da divisa com o Uruguai, de uma rede urbana evoluída dos antigos acampamentos militares, hoje com funções comerciais e administrativas.
Analisando os dados, este apresentou um contraste daquela histórica vocação da região, caracterizada pelo cultivo extensivo do solo, que sempre ocupou pouca mão-de-obra. DalMolin (94) ilustra a situação ao referir-se às necessidades de uma estância com 10mil cabeças de gado, que precisa de apenas um capataz e dez peões para manejá-la (só para ilustração, quem têm 10 mil cabeças de gado na fronteira?), justificando-se com tal prática a pouca contribuição desta atividade econômica no processo de formação de núcleos urbanos na região, esparsos e desarticulados entre si. Fora das sedes urbanas, os núcleos de povoamento são poucos, abrigam uma população reduzida e, principalmente um eleitorado mínimo, servindo sua escassez como fator negativo na formação de uma rede urbana mais densa no sul do RS.
Hoje, a estagnação sulista decorrente da crise produtiva do setor primário contrasta com os investimentos em infra-estrutura nas áreas industrializadas do Nordeste do Estado, acentuando o crescimento geograficamente concentrado, chamando a atenção para o agravamento de tensões causadas por um padrão de crescimento econômico espacial desigual (no Nordeste/Norte do RS nasceu o MST), reforçando o fato de que áreas dotadas com infra-estrutura atraem mais investimentos e aumentando as diferenças econômicas e estruturais entre Centro (Região Metropolitana de Porto Alegre) e a periferia (Região da Campanha).
A Campanha Gaúcha como um todo, apresentou fraco desempenho de produção apartir dos anos 40, principalmente a região compreendida por Alegrete, Bagé, Cacequi, Dom Pedrito, Quaraí, Rosário do Sul e a nossa Sant´Ana do Livramento, São Gabriel e Uruguaiana. Nestes municípios, os problemas enfrentados pela bovinocultura foram os mesmos de décadas anteriores:dificuldades dos produtores em manter os níveis de rentabilidade suficientes para competir com outras atividades pelo uso das terras de melhor qualidade e para competir em termos de custos com a mesma atividade desenvolvidas em outras áreas do país.
Depois das décadas da ditadura militar, da crise econômica, começada pela crise do petróleo e refletida numa crise de Estado, o renascimento da democratização na vida brasileira é acompanhada do ressurgimento de movimentos autonomistas, separatistas que visão a divisão do Estado.
Nos anos 90, surgiram os primeiros grupos separatistas gaúchos contemporâneos, entre eles o de maior repercussão, o "Movimento República do Pampa Gaúcho" cujo lider era Irton Marx. A imprensa nacional ou regional ao invés de tornar um debate esclarecedor, a respeito dos ideários do movimento, preferiu explorar a matéria sensacionalista da figura caricata de seu lider Irton Marx.
Para efeito, se sintetizarmos as propostas dos grupos separatistas, poderia parecer que o separatismo manifestaria traços arcaicos do regionalismo do sul de estado. Os panfletos da época do MRPG, expressavam ao passado gaúcho de equilíbrio fundiário, com a proposta ainda de o controle estatal sobre o capital industrial e o monopólio estatal sobre o capital financeiro, discursos e bandeiras que na verdade nada se parecem com os movimentos regionalistas euro-ocidental sérios da atualidade.
Principais grupos separatistas existentes no sul de 1994:
MRPG, Movimento República do Pampa Gaúcho (Santa Cruz do Sul, Novo Hamburgo, São Leopoldo),
Partido da República Farroupilha - PRF (Porto Alegre),
Movimento Pátria Livre (Porto Alegre),
Frente pela Autodeterminação do Sul (Santa Maria),
Movimento o Sul é o meu País (Curitiba).
As características da economia gaúcha, nos casos da pequena produção mercantil (sustentáculo de grandes agroindústrias exportadoras) e da empresa familiar (que tem realizado parcerias com grupos internacionais), tem contribuido para a redução dos eventuais efeitos desintegradores, sejam eles sociais ou econômicos.
Estas antigas formas de separatismo, estão fora da área de atuação desta linha de pensamento antigo que pertencia a Campanha, base de nascimento do movimento separatista do século passado.
O eleitorado, a classe econômica e a classe política (esta última por vez refortalece seu discurso de negociação), não estão inclinados a aderir à causa separatista, pois o regionalismo oficial ainda tem demonstardo vigor no encaminhamento de reivindicações regionais junto às instituições federais.
Analisando os dados, este apresentou um contraste daquela histórica vocação da região, caracterizada pelo cultivo extensivo do solo, que sempre ocupou pouca mão-de-obra. DalMolin (94) ilustra a situação ao referir-se às necessidades de uma estância com 10mil cabeças de gado, que precisa de apenas um capataz e dez peões para manejá-la (só para ilustração, quem têm 10 mil cabeças de gado na fronteira?), justificando-se com tal prática a pouca contribuição desta atividade econômica no processo de formação de núcleos urbanos na região, esparsos e desarticulados entre si. Fora das sedes urbanas, os núcleos de povoamento são poucos, abrigam uma população reduzida e, principalmente um eleitorado mínimo, servindo sua escassez como fator negativo na formação de uma rede urbana mais densa no sul do RS.
Hoje, a estagnação sulista decorrente da crise produtiva do setor primário contrasta com os investimentos em infra-estrutura nas áreas industrializadas do Nordeste do Estado, acentuando o crescimento geograficamente concentrado, chamando a atenção para o agravamento de tensões causadas por um padrão de crescimento econômico espacial desigual (no Nordeste/Norte do RS nasceu o MST), reforçando o fato de que áreas dotadas com infra-estrutura atraem mais investimentos e aumentando as diferenças econômicas e estruturais entre Centro (Região Metropolitana de Porto Alegre) e a periferia (Região da Campanha).
A Campanha Gaúcha como um todo, apresentou fraco desempenho de produção apartir dos anos 40, principalmente a região compreendida por Alegrete, Bagé, Cacequi, Dom Pedrito, Quaraí, Rosário do Sul e a nossa Sant´Ana do Livramento, São Gabriel e Uruguaiana. Nestes municípios, os problemas enfrentados pela bovinocultura foram os mesmos de décadas anteriores:dificuldades dos produtores em manter os níveis de rentabilidade suficientes para competir com outras atividades pelo uso das terras de melhor qualidade e para competir em termos de custos com a mesma atividade desenvolvidas em outras áreas do país.
Depois das décadas da ditadura militar, da crise econômica, começada pela crise do petróleo e refletida numa crise de Estado, o renascimento da democratização na vida brasileira é acompanhada do ressurgimento de movimentos autonomistas, separatistas que visão a divisão do Estado.
Nos anos 90, surgiram os primeiros grupos separatistas gaúchos contemporâneos, entre eles o de maior repercussão, o "Movimento República do Pampa Gaúcho" cujo lider era Irton Marx. A imprensa nacional ou regional ao invés de tornar um debate esclarecedor, a respeito dos ideários do movimento, preferiu explorar a matéria sensacionalista da figura caricata de seu lider Irton Marx.
Para efeito, se sintetizarmos as propostas dos grupos separatistas, poderia parecer que o separatismo manifestaria traços arcaicos do regionalismo do sul de estado. Os panfletos da época do MRPG, expressavam ao passado gaúcho de equilíbrio fundiário, com a proposta ainda de o controle estatal sobre o capital industrial e o monopólio estatal sobre o capital financeiro, discursos e bandeiras que na verdade nada se parecem com os movimentos regionalistas euro-ocidental sérios da atualidade.
Principais grupos separatistas existentes no sul de 1994:
MRPG, Movimento República do Pampa Gaúcho (Santa Cruz do Sul, Novo Hamburgo, São Leopoldo),
Partido da República Farroupilha - PRF (Porto Alegre),
Movimento Pátria Livre (Porto Alegre),
Frente pela Autodeterminação do Sul (Santa Maria),
Movimento o Sul é o meu País (Curitiba).
As características da economia gaúcha, nos casos da pequena produção mercantil (sustentáculo de grandes agroindústrias exportadoras) e da empresa familiar (que tem realizado parcerias com grupos internacionais), tem contribuido para a redução dos eventuais efeitos desintegradores, sejam eles sociais ou econômicos.
Estas antigas formas de separatismo, estão fora da área de atuação desta linha de pensamento antigo que pertencia a Campanha, base de nascimento do movimento separatista do século passado.
O eleitorado, a classe econômica e a classe política (esta última por vez refortalece seu discurso de negociação), não estão inclinados a aderir à causa separatista, pois o regionalismo oficial ainda tem demonstardo vigor no encaminhamento de reivindicações regionais junto às instituições federais.
Sobre nós etc & tal. (Parte IV)
A Constituinte de 1988, promoveu uma descentralização fiscal e aprofundou o princípio da compensação na distribuição dos fundos federais. Por esse motivo, as reivindicações regionais têm prosseguido na atualidade através do acirramento da chamada guerra fiscal (disputa interestadual pela atração de novos investimentos produtivos com base na isenção fiscal) e da presença cada vez mais constante dos governadores na vida política nacional.
Não só a nívelde Brasil como do mundo a queda da geopolítica bipolar, também, levou as discussões políticas a uma descentralização maior e, a nível de América Latina a principal mola propulsora desta discussão maior dos espaços regionais, foi a queda dos regimes militares.
O Estado de RS, é o mais visado a nível nacional das questões autonomistas no Brasil, tanto por sua longa tradição legionalista como pela recente retomada da bandeira separatista por parte de alguns grupos políticos.
Voltando a questão da Constituição de 1988, as instituições administrativas regionalizadas pelo poder central antecedem os regionalismos. Então essas próprias instituições podem contribuir para a criação de uma solidaridade regional, facilitando a criação de um elo entre a burocracia e o cidadão.
A atual crise de identidade dos Estados modernos se desfortace na busca de Alianças econômicas (Mercosul, Nafta, Tigres Asiáticos etc) e levará a um fortalecimento dos espaços regionais e a um fortalecimento das nações.
Os regionalismos modernos podem ser compreendidos como movimentos sociais que visam a formação de Estados regionais completos para que, apartir destes, possam tanto resolver os conflitos sociais internos como estabelecer um contato institucionalizado com o restante da comunidade nacional.
A idéia moderna de nação é um produto histórico de ascensão do liberalismo, o Estado nacional seria uma necessidade histórica por possibilitar o desenvolvimento de uma série de tarefas vitais para a reprodução de qualquer sociedade baseada em relações de trabalho capitalistas, tais como a criação de sistemas educacionais, militares, jurídicos e administrativos, o planejamento da infra-estrutura ncional e a garantia de unificação do mercado nacional.
A identidade gaúcha é construida e reflete até hoje, antes no liberalismo, hoje no new liberalismo, por ter sido construida quando a República organizara-se como base no modelo federativo, garantindo autonomia para os aparelhos de Estados Regionais.
Desta forma, quando o mercado social se enfraquece em suas relações, quando o mercado de trabalho cria mais desequilíbrios sociais a nação tende a se fortalecer nas formas regionais. Por este motivo os desfiles de 20 de Setembro, em nossa região, cada vez mais aumentam.
Não só a nívelde Brasil como do mundo a queda da geopolítica bipolar, também, levou as discussões políticas a uma descentralização maior e, a nível de América Latina a principal mola propulsora desta discussão maior dos espaços regionais, foi a queda dos regimes militares.
O Estado de RS, é o mais visado a nível nacional das questões autonomistas no Brasil, tanto por sua longa tradição legionalista como pela recente retomada da bandeira separatista por parte de alguns grupos políticos.
Voltando a questão da Constituição de 1988, as instituições administrativas regionalizadas pelo poder central antecedem os regionalismos. Então essas próprias instituições podem contribuir para a criação de uma solidaridade regional, facilitando a criação de um elo entre a burocracia e o cidadão.
A atual crise de identidade dos Estados modernos se desfortace na busca de Alianças econômicas (Mercosul, Nafta, Tigres Asiáticos etc) e levará a um fortalecimento dos espaços regionais e a um fortalecimento das nações.
Os regionalismos modernos podem ser compreendidos como movimentos sociais que visam a formação de Estados regionais completos para que, apartir destes, possam tanto resolver os conflitos sociais internos como estabelecer um contato institucionalizado com o restante da comunidade nacional.
A idéia moderna de nação é um produto histórico de ascensão do liberalismo, o Estado nacional seria uma necessidade histórica por possibilitar o desenvolvimento de uma série de tarefas vitais para a reprodução de qualquer sociedade baseada em relações de trabalho capitalistas, tais como a criação de sistemas educacionais, militares, jurídicos e administrativos, o planejamento da infra-estrutura ncional e a garantia de unificação do mercado nacional.
A identidade gaúcha é construida e reflete até hoje, antes no liberalismo, hoje no new liberalismo, por ter sido construida quando a República organizara-se como base no modelo federativo, garantindo autonomia para os aparelhos de Estados Regionais.
Desta forma, quando o mercado social se enfraquece em suas relações, quando o mercado de trabalho cria mais desequilíbrios sociais a nação tende a se fortalecer nas formas regionais. Por este motivo os desfiles de 20 de Setembro, em nossa região, cada vez mais aumentam.
José Pacheco e A Escola da Ponte VI

Especialista em Música e em Leitura e Escrita, é mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Coordena, desde 1976, a Escola da Ponte, da qual é idelizador, instituição que se notabilizou pelo projeto educativo inovador, baseado na autonomia dos estudantes.
É autor de livros e de diversos artigos sobre educação, definindo-se como “um louco com noções de prática”.
Coordena, desde 1976, a Escola da Ponte, da qual é idelizador, instituição que se notabilizou pelo projeto educativo inovador, baseado na autonomia dos estudantes.
É autor de livros e de diversos artigos sobre educação, definindo-se como “um louco com noções de prática”.
José Pacheco e A Escola da Ponte IV
A Escola da Ponte
Rubem AlvesImagino que você, que procura minhas crônicas aos domingos, deve estar cansado. Pois este é o quinto domingo em que falo sobre a mesma coisa. Pessoas que falam sempre sobre as mesmas coisas são chatas. Além do que essa insistência em uma coisa só é contrária ao estilo de crônicas. Crônicas, para serem gostosas, devem refletir a imensa variedade davida.Um cronista é um fotógrafo. Ele fotografa com palavras. Crônicas são dádivas aos olhos. Ele deseja que os leitores vejam a mesma coisa queele viu. Se normalmente não sou chato, deve haver alguma razão para essa insistência em fotografar uma mesma coisa. Quem fotografa um mesmo objeto repetidas vezes deve estar apaixonado. Comporta-se como os fotógrafos de modelos, clic, clic, clic, clic, clic...: dezenas,centenas de fotos, cada uma numa pose diferente! Um dos meus pintores favoritos é Monet. Pois ele fez essa coisa insólita: pintou um monte de feno muitas vezes. E o curioso é que ele nem mudou de lugar, não procurou ângulos diferentes. Ficou assentado no seu banquinho, cavalete no mesmo lugar, e foi pintando, pintando. Porque, na verdade, o que ele estava pintando não era o monte de feno, uma coisa banal, de gosto bovino. O que ele estava pintando era a luz. Ele só usou o monte de feno como espelho onde a luz aparecia refletida, não como uma coisa fixa, mas como uma coisa móvel. A série de telas do monte de feno bem que poderia chamar-se "Strip tease da luz": devagar, bem devagar, ela vai se desnudando...Pois estou fazendo com as minhas crônicas o que Monet fez: ele, diante do monte de feno;; eu, diante de uma pequena escola por que me apaixonei -- pois ela é a escola com que sempre sonhei sem ter sido capaz de desenhar. Nunca fui professor primário. Fui professor universitário. O Vinícius,descrevendo a bicharada saindo da Arca de Noé, disse: "Os fortes vão na frente tendo a cabeça erguida e os fracos, humildemente, vão atrás, como na vida..." Pois é exatamente assim que acontece na Arca de Noé dos professores: os professores universitários vão na frente tendo a cabeça erguida, e os primários, humildemente, vão atrás, como na vida...Professor universitário é doutor, cientista, pesquisador, publica em revistas internacionais artigos em inglês sobre coisas complicadas que ninguém mais sabe e são procurados como assessores de governo e de empresas. Professor primário é professor de 3ª classe, não precisa nem ter mestrado nem falar inglês, dá aulas para crianças sobre coisas corriqueiras que todo mundo sabe. Crianças -- essas coisinhas insignificantes, que ainda não são... Haverá atividade mais obscura?Professores universitários gostam das luzes do palco. Professores primários vivem na sombra... Quando entrei na universidade para ser professor senti-me muito importante. Com o passar do tempo fui sendo invadido por uma grande desilusão -- tédio --, um cansaço diante da farsa. Partilhei da desilusão dos alunos que se sentiram muito importantes quando passaram no vestibular e até ficaram felizes quando os veteranos lhes rasparam ocabelo. Cabelo raspado é distintivo: "Passei! Passei!" Não levou muito tempo para que descobrissem que a universidade nada tinha que ver com os seus sonhos. E essa é a razão por que fazem tanta festa e foguetório quando tiram o diploma. Fim do sofrimento sem sentido. A velhice me abriu os olhos. Quando se chega no topo, quando não há mais degraus para subir, a gente começa a ver com uma clareza que não tinha antes. "Tenho a lucidez de quem está para morrer", dizia Fernando Pessoa na "Tabacaria". Fiquei lúcido! E o que vi com clareza foi o mesmo que viu Joseph Knecht, o personagem central do livro de Hesse O jogo das contas de vidro: depois de chegar no topo, percebeu o equívoco. E surgiu, então, o seu grande desejo: ensinar uma criança, uma única criança que ainda não tivesse sido deformada (essa é a palavra usada porHesse) pela escola. Também eu: quero voltar para as crianças. A razão? Por elas mesmas. É bom estar com elas. Crianças têm um olhar encantado. Visitando uma reserva florestal no estado do Espírito Santo, a bióloga encarregado do programa de educação ambiental me disse que é fácil lidar com as crianças. Os olhos delas se encantam com tudo: as formas das sementes, as plantas, as flores, os bichos. Tudo, para elas, é motivo de assombro. E acrescentou: "Com os adolescentes é deferente. Eles não têm os olhos para as coisas. Eles só têm olhos para eles mesmos..." Eu já tinha percebido isso. Os adolescentes já aprenderam a triste lição que se ensina diariamente nas escolas: Aprender é chato. O mundo é chato. Os professores são chatos. Aprender, só sob ameaça de não passar no vestibular. Por isso quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal. Tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, um ninho de guaxo, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, o zunir das cigarras, o coaxar dos sapos, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Dessas coisas,invisíveis aos eruditos olhos dos professores universitários (eles não podem ver, coitados;; a especialização tornou-os cegos como toupeiras, só vêem dentro do espaço escuro de suas rocas -- e como vêem bem!), nasce o espanto diante da vida;; desse espanto, a curiosidade;; da curiosidade, a fuçação (essa palavra não está no Aurélio) chamada pesquisa;; dessa fuçação, o conhecimento;; e do conhecimento, a alegria!Pensamos que as coisas a serem aprendidas são aquelas que constam dos programas. Essa é a razão por que os professores devem preparar seus planos de aula. Mas as coisas mais importantes não são ensinadas por meio de aulas bem preparadas. Elas são ensinadas inconscientemente. Bom seria que os educadores lessem ruminativamente (também não se encontra no Aurélio) o Roland Barthes. Ele descreveu o seu ideal de aula como sendo a criação de um espaço -- isso mesmo! Um espaço! -- parecido com aquele que existe quando uma criança brinca ao redor da mãe. A criança pega um botão leva para a mãe. A mãe ri, e faz um corrupio (você sabe o que é um corrupio?). Pega um pedaço de barbante. Leva para a mãe. A mãe ri e lhe ensinar a fazer nós. Ele conclui que o importante não é nem o botão nem o barbante, mas esse espaço lúdico que se ensina sem que se fale sobre ele. Na Escola da Ponte o mais importante que se ensina é esse espaço. Nas nossas escolas: salas separadas -- o que se ensina é que a vida é cheia de espaços estanques;; turmas separadas e hierarquizadas -- o que se ensina é que a vida é feita de grupos sociais separados, uns em cima dos outros. Conseqüência prática: a competição entre as turmas, competição que chega à violência (os trotes!). Saberes ministrados em tempos definidos, um após o outro: o que se ensina é que os saberes são compartimentos estanques (e depois reclamam que os alunos não conseguem integrar o conhecimento. Apelam então para a "transdisciplinaridade", para corrigir o estrago feito. O que me faz lembrar um filme de O Gordo e o Magro. Ainda falo sobre o tal filme, Queijo Suíço...). Ah! Uma vez cometido o erro arquitetônico, o espírito da escola já está determinado! Mas nem arquitetos nem técnicos da educação sabem disso...Escola da Ponte: um único espaço, partilhado por todos, sem separação por turmas, sem campainhas anunciando o fim de uma disciplina e o início da outra. A lição social: todos partilhamos de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são companheiros numa mesma aventura. Todos se ajudam. Não hácompetição. Há cooperação. Ao ritmo da vida: os saberes da vida não seguem programas. É preciso ouvir os "miúdos", para saber o que eles sentem e pensam. É preciso ouvir os "graúdos", para saber o que eles sentem e pensam. São as crianças que estabelecem as regras de convivência: a necessidade do silêncio, do trabalho não perturbado, de se ouvir música enquanto trabalham. São as crianças que estabelecem os mecanismos para lidar com aqueles que se recusam a obedecer às regras. Pois o espaço da escola tem de ser como o espaço do jogo:o jogo, para ser divertido e fazer sentido, tem de ter regras. Já imaginaram um jogode vôlei em que cada jogador pode fazer o que quiser? A vida social depende de que cada um abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva. E assim vão as crianças aprendendo as regras da convivência democrática, sem que elas constem de um programa...Minha cabeça está coçando com o sonho de fazer uma escola parecida... Você matricularia seu filho numa escola assim? Mande sua resposta com suas razões para rubem@correionet.com.br -- estou curioso! Mas, para fazer essa escola, tenho de resolver primeiro um problema: como é que o graxo coloca o primeiro graveto para construir o seu ninho?
Rubem AlvesImagino que você, que procura minhas crônicas aos domingos, deve estar cansado. Pois este é o quinto domingo em que falo sobre a mesma coisa. Pessoas que falam sempre sobre as mesmas coisas são chatas. Além do que essa insistência em uma coisa só é contrária ao estilo de crônicas. Crônicas, para serem gostosas, devem refletir a imensa variedade davida.Um cronista é um fotógrafo. Ele fotografa com palavras. Crônicas são dádivas aos olhos. Ele deseja que os leitores vejam a mesma coisa queele viu. Se normalmente não sou chato, deve haver alguma razão para essa insistência em fotografar uma mesma coisa. Quem fotografa um mesmo objeto repetidas vezes deve estar apaixonado. Comporta-se como os fotógrafos de modelos, clic, clic, clic, clic, clic...: dezenas,centenas de fotos, cada uma numa pose diferente! Um dos meus pintores favoritos é Monet. Pois ele fez essa coisa insólita: pintou um monte de feno muitas vezes. E o curioso é que ele nem mudou de lugar, não procurou ângulos diferentes. Ficou assentado no seu banquinho, cavalete no mesmo lugar, e foi pintando, pintando. Porque, na verdade, o que ele estava pintando não era o monte de feno, uma coisa banal, de gosto bovino. O que ele estava pintando era a luz. Ele só usou o monte de feno como espelho onde a luz aparecia refletida, não como uma coisa fixa, mas como uma coisa móvel. A série de telas do monte de feno bem que poderia chamar-se "Strip tease da luz": devagar, bem devagar, ela vai se desnudando...Pois estou fazendo com as minhas crônicas o que Monet fez: ele, diante do monte de feno;; eu, diante de uma pequena escola por que me apaixonei -- pois ela é a escola com que sempre sonhei sem ter sido capaz de desenhar. Nunca fui professor primário. Fui professor universitário. O Vinícius,descrevendo a bicharada saindo da Arca de Noé, disse: "Os fortes vão na frente tendo a cabeça erguida e os fracos, humildemente, vão atrás, como na vida..." Pois é exatamente assim que acontece na Arca de Noé dos professores: os professores universitários vão na frente tendo a cabeça erguida, e os primários, humildemente, vão atrás, como na vida...Professor universitário é doutor, cientista, pesquisador, publica em revistas internacionais artigos em inglês sobre coisas complicadas que ninguém mais sabe e são procurados como assessores de governo e de empresas. Professor primário é professor de 3ª classe, não precisa nem ter mestrado nem falar inglês, dá aulas para crianças sobre coisas corriqueiras que todo mundo sabe. Crianças -- essas coisinhas insignificantes, que ainda não são... Haverá atividade mais obscura?Professores universitários gostam das luzes do palco. Professores primários vivem na sombra... Quando entrei na universidade para ser professor senti-me muito importante. Com o passar do tempo fui sendo invadido por uma grande desilusão -- tédio --, um cansaço diante da farsa. Partilhei da desilusão dos alunos que se sentiram muito importantes quando passaram no vestibular e até ficaram felizes quando os veteranos lhes rasparam ocabelo. Cabelo raspado é distintivo: "Passei! Passei!" Não levou muito tempo para que descobrissem que a universidade nada tinha que ver com os seus sonhos. E essa é a razão por que fazem tanta festa e foguetório quando tiram o diploma. Fim do sofrimento sem sentido. A velhice me abriu os olhos. Quando se chega no topo, quando não há mais degraus para subir, a gente começa a ver com uma clareza que não tinha antes. "Tenho a lucidez de quem está para morrer", dizia Fernando Pessoa na "Tabacaria". Fiquei lúcido! E o que vi com clareza foi o mesmo que viu Joseph Knecht, o personagem central do livro de Hesse O jogo das contas de vidro: depois de chegar no topo, percebeu o equívoco. E surgiu, então, o seu grande desejo: ensinar uma criança, uma única criança que ainda não tivesse sido deformada (essa é a palavra usada porHesse) pela escola. Também eu: quero voltar para as crianças. A razão? Por elas mesmas. É bom estar com elas. Crianças têm um olhar encantado. Visitando uma reserva florestal no estado do Espírito Santo, a bióloga encarregado do programa de educação ambiental me disse que é fácil lidar com as crianças. Os olhos delas se encantam com tudo: as formas das sementes, as plantas, as flores, os bichos. Tudo, para elas, é motivo de assombro. E acrescentou: "Com os adolescentes é deferente. Eles não têm os olhos para as coisas. Eles só têm olhos para eles mesmos..." Eu já tinha percebido isso. Os adolescentes já aprenderam a triste lição que se ensina diariamente nas escolas: Aprender é chato. O mundo é chato. Os professores são chatos. Aprender, só sob ameaça de não passar no vestibular. Por isso quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal. Tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, um ninho de guaxo, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, o zunir das cigarras, o coaxar dos sapos, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Dessas coisas,invisíveis aos eruditos olhos dos professores universitários (eles não podem ver, coitados;; a especialização tornou-os cegos como toupeiras, só vêem dentro do espaço escuro de suas rocas -- e como vêem bem!), nasce o espanto diante da vida;; desse espanto, a curiosidade;; da curiosidade, a fuçação (essa palavra não está no Aurélio) chamada pesquisa;; dessa fuçação, o conhecimento;; e do conhecimento, a alegria!Pensamos que as coisas a serem aprendidas são aquelas que constam dos programas. Essa é a razão por que os professores devem preparar seus planos de aula. Mas as coisas mais importantes não são ensinadas por meio de aulas bem preparadas. Elas são ensinadas inconscientemente. Bom seria que os educadores lessem ruminativamente (também não se encontra no Aurélio) o Roland Barthes. Ele descreveu o seu ideal de aula como sendo a criação de um espaço -- isso mesmo! Um espaço! -- parecido com aquele que existe quando uma criança brinca ao redor da mãe. A criança pega um botão leva para a mãe. A mãe ri, e faz um corrupio (você sabe o que é um corrupio?). Pega um pedaço de barbante. Leva para a mãe. A mãe ri e lhe ensinar a fazer nós. Ele conclui que o importante não é nem o botão nem o barbante, mas esse espaço lúdico que se ensina sem que se fale sobre ele. Na Escola da Ponte o mais importante que se ensina é esse espaço. Nas nossas escolas: salas separadas -- o que se ensina é que a vida é cheia de espaços estanques;; turmas separadas e hierarquizadas -- o que se ensina é que a vida é feita de grupos sociais separados, uns em cima dos outros. Conseqüência prática: a competição entre as turmas, competição que chega à violência (os trotes!). Saberes ministrados em tempos definidos, um após o outro: o que se ensina é que os saberes são compartimentos estanques (e depois reclamam que os alunos não conseguem integrar o conhecimento. Apelam então para a "transdisciplinaridade", para corrigir o estrago feito. O que me faz lembrar um filme de O Gordo e o Magro. Ainda falo sobre o tal filme, Queijo Suíço...). Ah! Uma vez cometido o erro arquitetônico, o espírito da escola já está determinado! Mas nem arquitetos nem técnicos da educação sabem disso...Escola da Ponte: um único espaço, partilhado por todos, sem separação por turmas, sem campainhas anunciando o fim de uma disciplina e o início da outra. A lição social: todos partilhamos de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são companheiros numa mesma aventura. Todos se ajudam. Não hácompetição. Há cooperação. Ao ritmo da vida: os saberes da vida não seguem programas. É preciso ouvir os "miúdos", para saber o que eles sentem e pensam. É preciso ouvir os "graúdos", para saber o que eles sentem e pensam. São as crianças que estabelecem as regras de convivência: a necessidade do silêncio, do trabalho não perturbado, de se ouvir música enquanto trabalham. São as crianças que estabelecem os mecanismos para lidar com aqueles que se recusam a obedecer às regras. Pois o espaço da escola tem de ser como o espaço do jogo:o jogo, para ser divertido e fazer sentido, tem de ter regras. Já imaginaram um jogode vôlei em que cada jogador pode fazer o que quiser? A vida social depende de que cada um abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva. E assim vão as crianças aprendendo as regras da convivência democrática, sem que elas constem de um programa...Minha cabeça está coçando com o sonho de fazer uma escola parecida... Você matricularia seu filho numa escola assim? Mande sua resposta com suas razões para rubem@correionet.com.br -- estou curioso! Mas, para fazer essa escola, tenho de resolver primeiro um problema: como é que o graxo coloca o primeiro graveto para construir o seu ninho?
José Pacheco e A Escola da Ponte III - b
A Escola da Ponte
Rubem AlvesImaginar não faz mal. Pois imagine que você é uma mãe das antigas. E sua filha vai se casar. Mãe responsável que você é, você a chama e lhe diz: "Minha filha, você vai se casar. Desejo que seu casamento seja durável. Casamento durável depende do amor. E você nada sabe sobre as artimanhas do amor. O que você está sentindo agora não é amor;; é paixão. Paixão é fogo de palha. Acaba logo. Casamento não se sustenta com fogo que acaba logo. Vou lhe ensinar o segredo do amor permanente, o fogo que não se apaga nunca. Você deve aprender o segredo do fogo que faz o coração do seu marido arder, no dia a dia. Pois bem, saiba que o caminho para o coração de um homem passa pelo estômago. O casamento não se sustenta com o fogo da cama. Ele se sustenta com o fogo da mesa. Vou lhe dar o presente mais precioso, o "Livro de Dona Benta", centenas de receitas. Mas não só isso, vou lhe ensinar todas as receitas desse livro maravilhoso." Ditas essas palavras você, mãe, dá início a um programa de culinária, uma receita depois da outra, na ordem certa. Cada dia sua filha deve aprender uma receita e, uma vez por mês, você faz uma avaliação da aprendizagem. Ela deve ser capaz de repetir as receitas. É claro que isso que eu disse é uma tonteria. Ninguém ensina a cozinhar assim. Não é possível saber todas as receitas. Por que ter de saber todas as receitas, se elas estão escritas no livro de receitas? A gente aprende uma receita quando fica com vontade de experimentar aquele prato nunca dantes experimentado. O ato de aprender acontece em resposta a um desejo. "Quero fazer, amanhã, uma "vaca atolada"." Como é que se faz uma "vaca atolada", se nunca fiz? É só procurar no livro de receitas, sob o título "vaca atolada". A gente lê e aprende porque vai fazer "vaca atolada"... Pois os programas de aprendizagem a que nossas crianças e adolescentes têm de se submeter nas escolas são iguais à aprendizagem de receitas que não vão ser feitas. Receitas aprendidas sem que se vá fazer o prato são logo esquecidas. A memória é um escorredor de macarrão. O escorredor de macarrão existe para deixar passar o que não vai ser usado: passa a água, fica o macarrão. Essa é a razão por que os estudantes esquecem logo o que são forçados a estudar. Não por falta de memória. Mas porque sua memória funciona bem: não sei para que serve;; deixo passar... Na "Escola da Ponte" a aprendizagem acontece a partir de pratos que vão ser preparados e comidos. Por isso as crianças aprendem e têm prazer em aprender. Mas, e o programa? É cumprido? Pergunta tola. É o mesmo que perguntar se a jovem casadoira aprendeu todas as receitas do "Livro de Dona Benta"... É claro que o "Livro de Dona Benta" não é para ser aprendido. Programas não podem ser aprendidos... São logo escorridos. Quando visitei a "Escola da Ponte" o tema quente era a descoberta do Brasil e tudo o mais que a cercava. As crianças estavam fascinadas com os feitos dos navegadores seus antepassados nessa aventura, mais ousada que a viagem dos astronautas à lua. Imagine agora que algumas crianças tenham ficado curiosas diante do assombro tecnológico que tornou os descobrimentos possíveis, as caravelas. Organizam-se num grupo para estudá-las. Um diretor de escola rigoroso e cumpridor dos seus deveres torceria o nariz. "O tema "caravelas" não consta de nenhum programa nem aqui e nem em nenhum outro lugar do mundo", ele diria. E concluiria: "Não constando de nenhum programa não deve ser objeto de estudo. Perda de tempo. Não vai cair no vestibular." Acontece que uma caravela é um objeto no qual estão entrelaçadas as mais variadas ciências. As caravelas são um laboratório de física. Parece que a caravela brasileira, construída para comemorar o descobrimento, teve de retornar ao ancoradouro, por perigo de emborcar. Um famoso vaso de guerra sueco, o Wasa, se não me engano do século XVI, virou e afundou depois de navegar por não mais que 400 metros. Retirado do fundo do mar há cerca de 25 anos, ele pode ser visto hoje num museu de Estocolmo. O que havia de errado com o Wasa e a caravela brasileira? O que havia de errado tem, em física, o nome de "centro de gravidade". O "centro de gravidade" estava no lugar errado. O tal centro de gravidade é o que explica por que os bonequinhos chamados João Teimoso" não caem nunca! A regra é: para não emborcar, o centro de gravidade do navio deve estar abaixo da linha do mar. Essa é a razão por que os navios, frequentemente, têm necessidade de um lastro - um peso que faz com que o centro de gravidade se desloque para mais baixo. "Se o centro de gravidade estiver fora do lugar, o navio vira e afunda. Os estudantes aprendem, em física, como parte do programa abstrato que têm de aprender, uma regra chamada do "paralelogramo" - regra de composição de forças. Duas forças incidindo sobre um ponto, uma delas F1, a outra F2, cada uma numa direção diferente. Para onde se movimenta o objeto sobre o qual incidem? Nem na direção de F1, nem na direção de F2. Diz essa regra que o objeto vai se movimentar numa direção que se determina pela construção de um "paralelogramo". É o que se chama de "resultante". Os alunos aprendem a resolver o problema no papel mas não sabem para que ele serve na vida. E o aprendido escorre pelos furos do "escorredor de macarrão"... Pois é essa regra que explica, teoricamente, o mistério de um barco que navega numa direção contrária à do vento. Se o barco estivesse à mercê do vento ele só navegaria na direção em que o vento sopra, situação essa que tornaria a navegação impossível. Quem se aventuraria a navegar num barco que só navega na direção do vento e não na direção que se deseja? Mas os navegadores descobriram que, com o auxílio de uma outra força, de direção distinta da direção do vento, é possível fazer com que o barco navegue na direção que se deseja. E é essa a função do leme. O leme, pela resistência da água, cria uma outra força que, colocada no ângulo adequado, produz a direção de navegação desejada. Os alunos aprenderiam melhor se, ao invés de gráficos geométricos, eles fosse instruídos na arte da navegação. Da física passamos à história, a influência de Veneza, dominadora do Mediterrâneo com seus barcos, sobre a tecnologia lusitana de construção de caravelas. Da história para a astronomia, a ciência da orientação pelas estrelas. O astrolábio. A bússola. Daí, para esses assombros simbólicos chamados mapas - que só fazem sentido para o navegador se ele conhecer a arte de se orientar, a direção do norte, mesmo quando nada pode ser visto, a não ser o oceano que o cerca por todos os lados. ( Olhando para a lua, de noite, você é capaz de dizer a direção do sol?). Dos mapas para a literatura, a "Carta de Pero Vaz de Caminha", a poesia de Camões, a poesia de Fernando Pessoa: "Ó mar salgado, quando do seu sal são lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos quantas mães choraram, quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador tem de passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu." Aceitemos um fato simples: um programa cumprido, dado pelo professor do princípio ao fim, é só cumprido formalmente. Programa cumprido não é programa aprendido " mesmo que os alunos tenham passado nos exames. Os exames são feitos enquanto a água ainda não acabou de se escoar pelo escorredor de macarrão. Esse é o destino de toda ciência que não é aprendida a partir da experiência: o esquecimento. Quanto à ciência que se aprende a partir da vida, ela não é esquecida nunca. A vida é o único programa que merece ser seguido.
Rubem AlvesImaginar não faz mal. Pois imagine que você é uma mãe das antigas. E sua filha vai se casar. Mãe responsável que você é, você a chama e lhe diz: "Minha filha, você vai se casar. Desejo que seu casamento seja durável. Casamento durável depende do amor. E você nada sabe sobre as artimanhas do amor. O que você está sentindo agora não é amor;; é paixão. Paixão é fogo de palha. Acaba logo. Casamento não se sustenta com fogo que acaba logo. Vou lhe ensinar o segredo do amor permanente, o fogo que não se apaga nunca. Você deve aprender o segredo do fogo que faz o coração do seu marido arder, no dia a dia. Pois bem, saiba que o caminho para o coração de um homem passa pelo estômago. O casamento não se sustenta com o fogo da cama. Ele se sustenta com o fogo da mesa. Vou lhe dar o presente mais precioso, o "Livro de Dona Benta", centenas de receitas. Mas não só isso, vou lhe ensinar todas as receitas desse livro maravilhoso." Ditas essas palavras você, mãe, dá início a um programa de culinária, uma receita depois da outra, na ordem certa. Cada dia sua filha deve aprender uma receita e, uma vez por mês, você faz uma avaliação da aprendizagem. Ela deve ser capaz de repetir as receitas. É claro que isso que eu disse é uma tonteria. Ninguém ensina a cozinhar assim. Não é possível saber todas as receitas. Por que ter de saber todas as receitas, se elas estão escritas no livro de receitas? A gente aprende uma receita quando fica com vontade de experimentar aquele prato nunca dantes experimentado. O ato de aprender acontece em resposta a um desejo. "Quero fazer, amanhã, uma "vaca atolada"." Como é que se faz uma "vaca atolada", se nunca fiz? É só procurar no livro de receitas, sob o título "vaca atolada". A gente lê e aprende porque vai fazer "vaca atolada"... Pois os programas de aprendizagem a que nossas crianças e adolescentes têm de se submeter nas escolas são iguais à aprendizagem de receitas que não vão ser feitas. Receitas aprendidas sem que se vá fazer o prato são logo esquecidas. A memória é um escorredor de macarrão. O escorredor de macarrão existe para deixar passar o que não vai ser usado: passa a água, fica o macarrão. Essa é a razão por que os estudantes esquecem logo o que são forçados a estudar. Não por falta de memória. Mas porque sua memória funciona bem: não sei para que serve;; deixo passar... Na "Escola da Ponte" a aprendizagem acontece a partir de pratos que vão ser preparados e comidos. Por isso as crianças aprendem e têm prazer em aprender. Mas, e o programa? É cumprido? Pergunta tola. É o mesmo que perguntar se a jovem casadoira aprendeu todas as receitas do "Livro de Dona Benta"... É claro que o "Livro de Dona Benta" não é para ser aprendido. Programas não podem ser aprendidos... São logo escorridos. Quando visitei a "Escola da Ponte" o tema quente era a descoberta do Brasil e tudo o mais que a cercava. As crianças estavam fascinadas com os feitos dos navegadores seus antepassados nessa aventura, mais ousada que a viagem dos astronautas à lua. Imagine agora que algumas crianças tenham ficado curiosas diante do assombro tecnológico que tornou os descobrimentos possíveis, as caravelas. Organizam-se num grupo para estudá-las. Um diretor de escola rigoroso e cumpridor dos seus deveres torceria o nariz. "O tema "caravelas" não consta de nenhum programa nem aqui e nem em nenhum outro lugar do mundo", ele diria. E concluiria: "Não constando de nenhum programa não deve ser objeto de estudo. Perda de tempo. Não vai cair no vestibular." Acontece que uma caravela é um objeto no qual estão entrelaçadas as mais variadas ciências. As caravelas são um laboratório de física. Parece que a caravela brasileira, construída para comemorar o descobrimento, teve de retornar ao ancoradouro, por perigo de emborcar. Um famoso vaso de guerra sueco, o Wasa, se não me engano do século XVI, virou e afundou depois de navegar por não mais que 400 metros. Retirado do fundo do mar há cerca de 25 anos, ele pode ser visto hoje num museu de Estocolmo. O que havia de errado com o Wasa e a caravela brasileira? O que havia de errado tem, em física, o nome de "centro de gravidade". O "centro de gravidade" estava no lugar errado. O tal centro de gravidade é o que explica por que os bonequinhos chamados João Teimoso" não caem nunca! A regra é: para não emborcar, o centro de gravidade do navio deve estar abaixo da linha do mar. Essa é a razão por que os navios, frequentemente, têm necessidade de um lastro - um peso que faz com que o centro de gravidade se desloque para mais baixo. "Se o centro de gravidade estiver fora do lugar, o navio vira e afunda. Os estudantes aprendem, em física, como parte do programa abstrato que têm de aprender, uma regra chamada do "paralelogramo" - regra de composição de forças. Duas forças incidindo sobre um ponto, uma delas F1, a outra F2, cada uma numa direção diferente. Para onde se movimenta o objeto sobre o qual incidem? Nem na direção de F1, nem na direção de F2. Diz essa regra que o objeto vai se movimentar numa direção que se determina pela construção de um "paralelogramo". É o que se chama de "resultante". Os alunos aprendem a resolver o problema no papel mas não sabem para que ele serve na vida. E o aprendido escorre pelos furos do "escorredor de macarrão"... Pois é essa regra que explica, teoricamente, o mistério de um barco que navega numa direção contrária à do vento. Se o barco estivesse à mercê do vento ele só navegaria na direção em que o vento sopra, situação essa que tornaria a navegação impossível. Quem se aventuraria a navegar num barco que só navega na direção do vento e não na direção que se deseja? Mas os navegadores descobriram que, com o auxílio de uma outra força, de direção distinta da direção do vento, é possível fazer com que o barco navegue na direção que se deseja. E é essa a função do leme. O leme, pela resistência da água, cria uma outra força que, colocada no ângulo adequado, produz a direção de navegação desejada. Os alunos aprenderiam melhor se, ao invés de gráficos geométricos, eles fosse instruídos na arte da navegação. Da física passamos à história, a influência de Veneza, dominadora do Mediterrâneo com seus barcos, sobre a tecnologia lusitana de construção de caravelas. Da história para a astronomia, a ciência da orientação pelas estrelas. O astrolábio. A bússola. Daí, para esses assombros simbólicos chamados mapas - que só fazem sentido para o navegador se ele conhecer a arte de se orientar, a direção do norte, mesmo quando nada pode ser visto, a não ser o oceano que o cerca por todos os lados. ( Olhando para a lua, de noite, você é capaz de dizer a direção do sol?). Dos mapas para a literatura, a "Carta de Pero Vaz de Caminha", a poesia de Camões, a poesia de Fernando Pessoa: "Ó mar salgado, quando do seu sal são lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos quantas mães choraram, quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador tem de passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu." Aceitemos um fato simples: um programa cumprido, dado pelo professor do princípio ao fim, é só cumprido formalmente. Programa cumprido não é programa aprendido " mesmo que os alunos tenham passado nos exames. Os exames são feitos enquanto a água ainda não acabou de se escoar pelo escorredor de macarrão. Esse é o destino de toda ciência que não é aprendida a partir da experiência: o esquecimento. Quanto à ciência que se aprende a partir da vida, ela não é esquecida nunca. A vida é o único programa que merece ser seguido.
José Pacheco e A Escola da Ponte III
A Escola da Ponte
Rubem Alves
Contei sobre a escola com sempre sonhei, sem imaginar que pudesse existir. Mas existia, em Portugal...Quando a vi, fiquei alegre e repeti, para ela, o que Fernando Pessoa havia dito para uma mulher amada: "Quando te vi, amei-te já muito antes..."Gente de boa memória jamais entenderá aquela escola. Para entender é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são. Não. Não é preciso que as coisas continuem a ser do jeito como sempre foram. Como são e têm sido as escolas? Que nos diz a memória? A imagem: uma casa, várias salas, crianças separadas em grupos chamados "turmas". Nas salas os professores ensinam saberes. Toca uma campainha. Terminou o tempo da aula. Os professores saem. Outros entram. Começa uma nova aula. Novos saberes são ensinados. O que é que os professores estão fazendo? Estão cumprindo um "programa". "Programa" é um cardápio de saberes organizados em sequência lógica, estabelecido por uma autoridade superior invisível, que nunca está com as crianças. Os saberes dos cardápio "programa" não são "respostas" às perguntas que as crianças fazem. Por isso as crianças não entendem por que têm de aprender o que lhes está sendo ensinado. Nunca vi uma criança questionar a aprendizagem do falar. Uma criancinha de 8 meses já está doidinha para aprender a falar. Ele vê os grandes falando entre si, falando com elas, sentem que falar é uma coisa divertida e útil, e logo começam a ensaiar a fala, por conta própria. Fazem de conta que estão falando. Balbuciam. Brincam com os sons. E quando conseguem falar a primeira palavra, sentem a alegria dos que a cercam. E vão aprendendo, sem que ninguém lhes diga que elas têm de aprender a falar e sem que o misterioso processo de ensino e aprendizagem da fala esteja submetido a um programa estabelecido por autoridades invisíveis. Elas aprendem a falar porque o falar é parte da vida. Nunca ninguém me disse que eu deveria aprender a descascar laranjas. Aprendi porque via o meu pai descascando laranjas com uma mestria ímpar, sem arrebentar a casca e sem ferir a laranja, e eu queria fazer aquilo que ele fazia. Aprendi sem que me fosse ensinado. A arte de descascar laranjas não se encontra em programas de escola. O corpo tem uma precisa filosofia de aprendizagem: ele aprende os saberes que o ajudam a resolver os problemas com que está se defrontando. Os programas são uma violência que se faz com o jeito que o corpo tem de aprender. Não admira que as crianças e adolescentes se revoltem contra aquilo que os programas os obrigam a aprender. Ainda ontem uma amiga me dizia que sua filha, de 10 anos, lhe dizia: "Mãe, por que tenho de ir à escola? As coisas que tenho de aprender não servem para nada. Que me adianta saber o que significa "oxítona"? Prá que serve esta palavra?" A menina sabia mais que aqueles que fizeram os programas. Vamos começar do começo. Imagine o homem primitivo, exposto à chuva, ao frio, ao vento, ao sol. O corpo sofre. O sofrimento faz pensar.: "Preciso de abrigo", ele diz.. Aí, forçada pelo sofrimento, a inteligência entra em ação. Pensa para deixar de sofrer. Pensando, conclui: "Uma caverna seria um bom abrigo contra a chuva, o frio, o vento, o sol..." Instruidos pela inteligência os homens procuram uma caverna e passam a morar nela. Resolvido o sofrimento, a inteligência volta a dormir. Mas aí, forçados ou pela fome ou por um grupo armado que lhes toma a caverna, eles são forçados a se mudar para uma planície onde não há cavernas. O corpo volta a sofrer. O sofrimento acorda a inteligência e faz com que ela trabalhe de novo. A solução original não serve mais: não há cavernas. A inteligência pensa e conclui: "É preciso construir uma coisa que faça às vezes de caverna. Essa coisa tem de ter um teto, para proteger do sol e da chuva. Tem de ter paredes, para proteger do vento e do frio.Com que se pode fazer um teto?" A inteligência se põe então a procurar um material que sirva para fazer o teto. Folhas de palmeira? Capim? Pedaços de pau? Mas o teto não flutua no ar. Tem de haver algo que o sustente. Paus fincados? Sim. Mas para fincar um pau é preciso descobrir uma ferramenta para cortar o pau. Depois, uma ferramenta para fazer o buraco na terra. E assim vai a inteligência, inventando ferramentas e técnicas, à medida em que o corpo se defronta com necessidades práticas. A inteligência, entre os esquimós, jamais pensaria uma casa de pau-a-pique. Entre eles não há nem madeira e nem barro. Produziu o iglu. E a inteligência do homem que vive na floresta jamais pensaria um iglu - porque nas florestas não há gelo. Produziu a casa de pau-a-pique. A inteligência é essencialmente prática. Está a serviço da vida. Um exercício fascinante a se fazer com as crianças seria provocá-las para que elas imaginassem o nascimento dos vários objetos que existem numa casa. Todos os objetos, os mais humildes, têm uma história para contar. Que necessidade fez com que se inventassem panelas, facas, vassouras, o fósforo, a lâmpada, as garrafas, o fio dental?... Quais poderiam ter sido os passos da inteligência, no processo de inventá-los? Quem é capaz de, na fantasia, reconstruir a história da invenção desses objetos, fica mais inteligente.Depois de inventados, eles não precisam ser inventados de novo. Quem inventou passa a possuir a receita para a sua fabricação. E é assim que as gerações mais velhas passam para seus filhos as receitas de técnicas que tornam possível a sobrevivência. Esse é o seu mais valioso testamento: um saber que torna possível viver. As gerações mais novas, assim, são poupadas do trabalho de inventar tudo de novo. E os jovens aprendem com alegria as lições dos mais velhos: porque suas lições os fazem participantes do processo de vida que une a todos. A aprendizagem da linguagem se dá de forma tão eficaz porque a linguagem torna a criança um membro do grupo: ela participa da conversa, fala e os outros ouvem, ri das coisas engraçadas que se dizem. O mesmo pode ser dito da aprendizagem de técnicas: o indiozinho que aprende a fabricar e a usar o arco e a flecha, a construir canoas e a pescar, a andar sem se perder na floresta, a construir ocas, está se tornando num membro do seu grupo, reconhecido por suas habilidades e por sua contribuiçao à sobrevivência da tribo. O que ele aprende e sabe, faz sentido. Ele sabe o uso dos seus saberes. ( A menininha não sabia o uso da palavra "oxítona". Nem eu. Sei o que ela quer dizer. Não sei para que serve. Quando eu escrevo nunca penso em "oxitona". Ninguém que fale a língua, por ignorar o sentido de "oxítona", vai falar "cáfe", ao invés de café, ou "chúle", ao invés de "chulé"... A palavra "oxítona" não me ensina a falar melhor. É, portanto, inútil....)Disse, numa outra crônica, que quero escola retrógrada. Retrógrado quer dizer "que vai para trás". Quero uma escola que vá mais para trás dos "programas" científica e abstratamente elaborados e impostos. Uma escola que compreenda como os saberes são gerados e nascem. Uma escola em que o saber vá nascendo das perguntas que o corpo faz. Uma escola em que o ponto de referência não seja o programa oficial a ser cumprido (inutilmente!), mas o corpo da criança que vive, admira, se encanta, se espanta, pergunta, enfia o dedo, prova com a boca, erra, se machuca, brinca. Uma escola que seja iluminada pelo brilho dos inícios.Mas, repentinamente, desfaz-se o encanto da perda da memória e nos lembramos da pergunta: "Mas, e o programa? Ele é cumprido?"Depois eu respondo.
Rubem Alves
Contei sobre a escola com sempre sonhei, sem imaginar que pudesse existir. Mas existia, em Portugal...Quando a vi, fiquei alegre e repeti, para ela, o que Fernando Pessoa havia dito para uma mulher amada: "Quando te vi, amei-te já muito antes..."Gente de boa memória jamais entenderá aquela escola. Para entender é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são. Não. Não é preciso que as coisas continuem a ser do jeito como sempre foram. Como são e têm sido as escolas? Que nos diz a memória? A imagem: uma casa, várias salas, crianças separadas em grupos chamados "turmas". Nas salas os professores ensinam saberes. Toca uma campainha. Terminou o tempo da aula. Os professores saem. Outros entram. Começa uma nova aula. Novos saberes são ensinados. O que é que os professores estão fazendo? Estão cumprindo um "programa". "Programa" é um cardápio de saberes organizados em sequência lógica, estabelecido por uma autoridade superior invisível, que nunca está com as crianças. Os saberes dos cardápio "programa" não são "respostas" às perguntas que as crianças fazem. Por isso as crianças não entendem por que têm de aprender o que lhes está sendo ensinado. Nunca vi uma criança questionar a aprendizagem do falar. Uma criancinha de 8 meses já está doidinha para aprender a falar. Ele vê os grandes falando entre si, falando com elas, sentem que falar é uma coisa divertida e útil, e logo começam a ensaiar a fala, por conta própria. Fazem de conta que estão falando. Balbuciam. Brincam com os sons. E quando conseguem falar a primeira palavra, sentem a alegria dos que a cercam. E vão aprendendo, sem que ninguém lhes diga que elas têm de aprender a falar e sem que o misterioso processo de ensino e aprendizagem da fala esteja submetido a um programa estabelecido por autoridades invisíveis. Elas aprendem a falar porque o falar é parte da vida. Nunca ninguém me disse que eu deveria aprender a descascar laranjas. Aprendi porque via o meu pai descascando laranjas com uma mestria ímpar, sem arrebentar a casca e sem ferir a laranja, e eu queria fazer aquilo que ele fazia. Aprendi sem que me fosse ensinado. A arte de descascar laranjas não se encontra em programas de escola. O corpo tem uma precisa filosofia de aprendizagem: ele aprende os saberes que o ajudam a resolver os problemas com que está se defrontando. Os programas são uma violência que se faz com o jeito que o corpo tem de aprender. Não admira que as crianças e adolescentes se revoltem contra aquilo que os programas os obrigam a aprender. Ainda ontem uma amiga me dizia que sua filha, de 10 anos, lhe dizia: "Mãe, por que tenho de ir à escola? As coisas que tenho de aprender não servem para nada. Que me adianta saber o que significa "oxítona"? Prá que serve esta palavra?" A menina sabia mais que aqueles que fizeram os programas. Vamos começar do começo. Imagine o homem primitivo, exposto à chuva, ao frio, ao vento, ao sol. O corpo sofre. O sofrimento faz pensar.: "Preciso de abrigo", ele diz.. Aí, forçada pelo sofrimento, a inteligência entra em ação. Pensa para deixar de sofrer. Pensando, conclui: "Uma caverna seria um bom abrigo contra a chuva, o frio, o vento, o sol..." Instruidos pela inteligência os homens procuram uma caverna e passam a morar nela. Resolvido o sofrimento, a inteligência volta a dormir. Mas aí, forçados ou pela fome ou por um grupo armado que lhes toma a caverna, eles são forçados a se mudar para uma planície onde não há cavernas. O corpo volta a sofrer. O sofrimento acorda a inteligência e faz com que ela trabalhe de novo. A solução original não serve mais: não há cavernas. A inteligência pensa e conclui: "É preciso construir uma coisa que faça às vezes de caverna. Essa coisa tem de ter um teto, para proteger do sol e da chuva. Tem de ter paredes, para proteger do vento e do frio.Com que se pode fazer um teto?" A inteligência se põe então a procurar um material que sirva para fazer o teto. Folhas de palmeira? Capim? Pedaços de pau? Mas o teto não flutua no ar. Tem de haver algo que o sustente. Paus fincados? Sim. Mas para fincar um pau é preciso descobrir uma ferramenta para cortar o pau. Depois, uma ferramenta para fazer o buraco na terra. E assim vai a inteligência, inventando ferramentas e técnicas, à medida em que o corpo se defronta com necessidades práticas. A inteligência, entre os esquimós, jamais pensaria uma casa de pau-a-pique. Entre eles não há nem madeira e nem barro. Produziu o iglu. E a inteligência do homem que vive na floresta jamais pensaria um iglu - porque nas florestas não há gelo. Produziu a casa de pau-a-pique. A inteligência é essencialmente prática. Está a serviço da vida. Um exercício fascinante a se fazer com as crianças seria provocá-las para que elas imaginassem o nascimento dos vários objetos que existem numa casa. Todos os objetos, os mais humildes, têm uma história para contar. Que necessidade fez com que se inventassem panelas, facas, vassouras, o fósforo, a lâmpada, as garrafas, o fio dental?... Quais poderiam ter sido os passos da inteligência, no processo de inventá-los? Quem é capaz de, na fantasia, reconstruir a história da invenção desses objetos, fica mais inteligente.Depois de inventados, eles não precisam ser inventados de novo. Quem inventou passa a possuir a receita para a sua fabricação. E é assim que as gerações mais velhas passam para seus filhos as receitas de técnicas que tornam possível a sobrevivência. Esse é o seu mais valioso testamento: um saber que torna possível viver. As gerações mais novas, assim, são poupadas do trabalho de inventar tudo de novo. E os jovens aprendem com alegria as lições dos mais velhos: porque suas lições os fazem participantes do processo de vida que une a todos. A aprendizagem da linguagem se dá de forma tão eficaz porque a linguagem torna a criança um membro do grupo: ela participa da conversa, fala e os outros ouvem, ri das coisas engraçadas que se dizem. O mesmo pode ser dito da aprendizagem de técnicas: o indiozinho que aprende a fabricar e a usar o arco e a flecha, a construir canoas e a pescar, a andar sem se perder na floresta, a construir ocas, está se tornando num membro do seu grupo, reconhecido por suas habilidades e por sua contribuiçao à sobrevivência da tribo. O que ele aprende e sabe, faz sentido. Ele sabe o uso dos seus saberes. ( A menininha não sabia o uso da palavra "oxítona". Nem eu. Sei o que ela quer dizer. Não sei para que serve. Quando eu escrevo nunca penso em "oxitona". Ninguém que fale a língua, por ignorar o sentido de "oxítona", vai falar "cáfe", ao invés de café, ou "chúle", ao invés de "chulé"... A palavra "oxítona" não me ensina a falar melhor. É, portanto, inútil....)Disse, numa outra crônica, que quero escola retrógrada. Retrógrado quer dizer "que vai para trás". Quero uma escola que vá mais para trás dos "programas" científica e abstratamente elaborados e impostos. Uma escola que compreenda como os saberes são gerados e nascem. Uma escola em que o saber vá nascendo das perguntas que o corpo faz. Uma escola em que o ponto de referência não seja o programa oficial a ser cumprido (inutilmente!), mas o corpo da criança que vive, admira, se encanta, se espanta, pergunta, enfia o dedo, prova com a boca, erra, se machuca, brinca. Uma escola que seja iluminada pelo brilho dos inícios.Mas, repentinamente, desfaz-se o encanto da perda da memória e nos lembramos da pergunta: "Mas, e o programa? Ele é cumprido?"Depois eu respondo.
José Pacheco e A Escola da Ponte II
A Escola da Ponte
Rubem Alves
Encantado, continuei a explorar o espaço da Escola da Ponte - espaço que eu nunca havia imaginado - e notem que minha imaginação é muito fértil! A menina que me guiava apontou para um computador num canto da sala imensa: "É o computador do "Acho bom" e do "Acho mal". Quando nos sentimos contentes com algo, escrevemos no "Acho bom". Quando, ao contrário, nos sentimos infelizes, escrevemos no "Acho mal". Examinei o "Acho mal". A curiosidade é sempre espicaçada por coisas ruins. "Acho mal que o Tomás de estalos na cara da Francisca". Pensei: "Ah! Tomás! Tu estás perdido! Todos já sabem o que fazes! Se continuas, certamente terás de comparecer perante o Tribunal para dares conta dos teus atos." E, no "Acho bom" estão os louvores aos gestos e coisas boas. Treinamento dos olhos e da fala. O normal é que os olhos vejam mais as coisas ruins e que a boca tenha mais prazer em falar sobre elas. Mas lá, na Escola da Ponte, as crianças são convidadas a ver o bom, o bonito, o generoso, e a falar sobre eles. Tribunal...A menina me havia falado sobre problemas de disciplina. Para tais situações as crianças estabeleceram um tribunal. Aquele que desrespeita as regras de convivência por elas mesmas estabelecidas tem de comparecer perante esse tribunal. Sua primeira pena é pensar durante três dias sobre os seus atos. Depois ele retorna, para dizer o que pensou. Minha guia não me esclareceu sobre o que acontece com os impenitentes reincidentes. Mas o culpado fui eu: não perguntei.Aí fomos para o refeitório. Havia um grupo de alunos e professoras reunido à volta de uma mesa. "Estão a preparar a assembléia de hoje. Temos uma assembléia que se reúne semanalmente para tratar dos problemas da escola e para sugerir soluções. Aquele é o presidente", ela me disse, apontando para um menino.Ao fim do dia reuniu-se a assembléia. Fui convidado a falar alguma coisa. Havia levado comigo um carrinho, feito com uma lata de sardinha. Já escrevi sobre ele. Quando o vi pela primeira vez, numa exposição de brinquedos na Bahia, fiquei tão impressionado que a dona da exposição m?o ( Meu Deus! Fiquei infectado pela maneira portuguesa erudita de falar! Para quem não sabe: m?o = me + o ) deu como presente. Conversei com as crianças sobre o carrinho. O que me interessava não era o carrinho. Era o processo de sua produção. Brinquedo construído por um menino pobre que sonhava com um carrinho e não tinha dinheiro para comprar. Se fosse rico, era só pedir para o pai - ele compraria um carrinho eletrônico movido ao aperto de um botão, o que desenvolveria o dedo e atrofiaria a inteligência. Dinheiro demais é emburrecedor. Perguntei uma pergunta tola: " Em que loja se compra um carrinho assim?" Esperava a resposta óbvia: " Esse carrinho não se compra em lojas..." Uma menina levantou o dedo. O que ela disse me assombrou: "Esse carrinho se compra na loja das mãos". "Loja das mãos": ela me respondeu com poesia. Seguiu-se um periodo de perguntas. Pasmem: em nenhum momento qualquer aluno interrompeu o outro. Isso é lei que as crianças estabeleceram. Está escrito na lista de "Direitos e Deveres". Pensei que o senador Antônio Carlos Magalhães e o deputado Jader Barbalho deveriam fazer um estágio na Escola da Ponte. Quem desejava falar levantava na mão e aguardava a indicação do presidente. Às cinco horas o presidente falou: "Já está na hora de terminar. Vou dar a palavra para mais um colega e terminaremos." E assim foi. Ao final, vieram conversar comigo. Uma menina me perguntou: "Tens mirk?" Nem sei se é assim que se escreve. O fato é que eu nunca havia ouvido essa palavra. Ela me explicou: "Aquele programa de computador que permite que se converse. Quero conversar contigo..." Não. Eu não tinha mirk... Um menininho chegou à minha frente segurando um chaveiro: uma correntinha com um pequeno sino na ponta. Ficou olhando para mim. Perguntei: "E isso?" "Um presente para ti", respondeu. Não me esquecerei do Sérgio...Sei que vocês devem estar incrédulos. Como é possível uma escola assim, sem turmas, sem professores e aulas de português, geografia, ciências, história, em lugares e horas determinadas, de acordo com um programa, linha de montagem, com testes e conceitos ao final? Será que as crianças aprendem? Respondo fazendo uma pergunta: qual é a coisa mais difícil de ser ensinada, mais difícil de ser aprendida, quem ensina não sabe que está ensinando, quem aprende não sabe que está aprendendo e, ao final, a aprendizagem acontece sempre? É a linguagem. Não existe nada, absolutamente nada que se compare à linguagem em complexidade. No entanto, sem que haja qualquer ensino formal, sem que os que ensinam a falar - pai, mãe, tio, avô, irmãos - tenham tido aulas teóricas sobre a formação da linguagem, as crianças aprendem a falar.Imaginem que o ensino da linguagem se desse em escolas, segundo os moldes de linha de montagem que conhecemos: aulas de substantivos, aulas de adjetivos, aulas de verbos, aulas de sintaxe, aulas de pronúncia. O que aconteceria? As crianças não aprenderiam a falar. Por que é que a aprendizagem da linguagem é tão perfeita, sendo tão informal e tão sem ordem certa? Porque ela vai acontecendo seguindo a experiência vital da criança: o falar vai colado à experiência que está acontecendo no presente. Somente aquilo que é vital é aprendido. Por que é que, a despeito de toda pedagogia, as crianças têm dificuldades em aprender nas escolas? Porque nas escolas o ensinado não vai colado à vida. Isso explica o desinteresse dos alunos pela escola. Alguns me contestarão dizendo: "Mas o meu filho adora a escola!" Pergunto: Ele adora a escola por aquilo que está aprendendo ou por outras razões? Confesso não saber de um aluno que tenha prazer em conversar com os pais sobre aquilo que está aprendendo na escola. Explica também a indisciplina. Por que haveria uma criança de disciplinar-se, se aquilo que ela tem de aprender não é aquilo que o seu corpo deseja saber? E explica também a preguiça que sentem as crianças ao se defrontar com as lições de casa. Roland Barthes tem um delicioso ensaio sobre a preguiça. Segundo ele há dois tipos de preguiça. Um deles, abençoado, é a preguiça de quem está deitado na rede de barriga cheia. Não quer fazer nada porque na rede está muito bom. O outro tipo é a preguiça infeliz, ligado inseparavelmente à escola. O aluno se arrasta sobre a lição de casa. Não quer faze-la. A vida o está chamando numa outra direção mais alegre. Mas ele não tem alternativas. É obrigado a fazer a lição. Por isso ele se arrasta em sofrimento. O conhecimento é uma árvore que cresce da vida. Sei que há escolas que têm boas intenções, e que se esforçam para que isso aconteça. Mas as suas boas intenções são abortadas porque são obrigadas a cumprir o programa. Programas são entidades abstratas, prontas, fixas, com uma ordem certa. Ignoram a experiência que a criança está vivendo. Aí tenta-se, inutilmente, produzir vida a partir dos programas. Mas não é possível, a partir da mesa de anatomia, fazer viver o cadáver. O que vi na Escola da Ponte é o conhecimento crescendo a partir das experiências vividas pelas crianças.Aí vocês me perguntarão: "Mas o programa é cumprido?" Sobre isso falarei na próxima crônica.
Rubem Alves
Encantado, continuei a explorar o espaço da Escola da Ponte - espaço que eu nunca havia imaginado - e notem que minha imaginação é muito fértil! A menina que me guiava apontou para um computador num canto da sala imensa: "É o computador do "Acho bom" e do "Acho mal". Quando nos sentimos contentes com algo, escrevemos no "Acho bom". Quando, ao contrário, nos sentimos infelizes, escrevemos no "Acho mal". Examinei o "Acho mal". A curiosidade é sempre espicaçada por coisas ruins. "Acho mal que o Tomás de estalos na cara da Francisca". Pensei: "Ah! Tomás! Tu estás perdido! Todos já sabem o que fazes! Se continuas, certamente terás de comparecer perante o Tribunal para dares conta dos teus atos." E, no "Acho bom" estão os louvores aos gestos e coisas boas. Treinamento dos olhos e da fala. O normal é que os olhos vejam mais as coisas ruins e que a boca tenha mais prazer em falar sobre elas. Mas lá, na Escola da Ponte, as crianças são convidadas a ver o bom, o bonito, o generoso, e a falar sobre eles. Tribunal...A menina me havia falado sobre problemas de disciplina. Para tais situações as crianças estabeleceram um tribunal. Aquele que desrespeita as regras de convivência por elas mesmas estabelecidas tem de comparecer perante esse tribunal. Sua primeira pena é pensar durante três dias sobre os seus atos. Depois ele retorna, para dizer o que pensou. Minha guia não me esclareceu sobre o que acontece com os impenitentes reincidentes. Mas o culpado fui eu: não perguntei.Aí fomos para o refeitório. Havia um grupo de alunos e professoras reunido à volta de uma mesa. "Estão a preparar a assembléia de hoje. Temos uma assembléia que se reúne semanalmente para tratar dos problemas da escola e para sugerir soluções. Aquele é o presidente", ela me disse, apontando para um menino.Ao fim do dia reuniu-se a assembléia. Fui convidado a falar alguma coisa. Havia levado comigo um carrinho, feito com uma lata de sardinha. Já escrevi sobre ele. Quando o vi pela primeira vez, numa exposição de brinquedos na Bahia, fiquei tão impressionado que a dona da exposição m?o ( Meu Deus! Fiquei infectado pela maneira portuguesa erudita de falar! Para quem não sabe: m?o = me + o ) deu como presente. Conversei com as crianças sobre o carrinho. O que me interessava não era o carrinho. Era o processo de sua produção. Brinquedo construído por um menino pobre que sonhava com um carrinho e não tinha dinheiro para comprar. Se fosse rico, era só pedir para o pai - ele compraria um carrinho eletrônico movido ao aperto de um botão, o que desenvolveria o dedo e atrofiaria a inteligência. Dinheiro demais é emburrecedor. Perguntei uma pergunta tola: " Em que loja se compra um carrinho assim?" Esperava a resposta óbvia: " Esse carrinho não se compra em lojas..." Uma menina levantou o dedo. O que ela disse me assombrou: "Esse carrinho se compra na loja das mãos". "Loja das mãos": ela me respondeu com poesia. Seguiu-se um periodo de perguntas. Pasmem: em nenhum momento qualquer aluno interrompeu o outro. Isso é lei que as crianças estabeleceram. Está escrito na lista de "Direitos e Deveres". Pensei que o senador Antônio Carlos Magalhães e o deputado Jader Barbalho deveriam fazer um estágio na Escola da Ponte. Quem desejava falar levantava na mão e aguardava a indicação do presidente. Às cinco horas o presidente falou: "Já está na hora de terminar. Vou dar a palavra para mais um colega e terminaremos." E assim foi. Ao final, vieram conversar comigo. Uma menina me perguntou: "Tens mirk?" Nem sei se é assim que se escreve. O fato é que eu nunca havia ouvido essa palavra. Ela me explicou: "Aquele programa de computador que permite que se converse. Quero conversar contigo..." Não. Eu não tinha mirk... Um menininho chegou à minha frente segurando um chaveiro: uma correntinha com um pequeno sino na ponta. Ficou olhando para mim. Perguntei: "E isso?" "Um presente para ti", respondeu. Não me esquecerei do Sérgio...Sei que vocês devem estar incrédulos. Como é possível uma escola assim, sem turmas, sem professores e aulas de português, geografia, ciências, história, em lugares e horas determinadas, de acordo com um programa, linha de montagem, com testes e conceitos ao final? Será que as crianças aprendem? Respondo fazendo uma pergunta: qual é a coisa mais difícil de ser ensinada, mais difícil de ser aprendida, quem ensina não sabe que está ensinando, quem aprende não sabe que está aprendendo e, ao final, a aprendizagem acontece sempre? É a linguagem. Não existe nada, absolutamente nada que se compare à linguagem em complexidade. No entanto, sem que haja qualquer ensino formal, sem que os que ensinam a falar - pai, mãe, tio, avô, irmãos - tenham tido aulas teóricas sobre a formação da linguagem, as crianças aprendem a falar.Imaginem que o ensino da linguagem se desse em escolas, segundo os moldes de linha de montagem que conhecemos: aulas de substantivos, aulas de adjetivos, aulas de verbos, aulas de sintaxe, aulas de pronúncia. O que aconteceria? As crianças não aprenderiam a falar. Por que é que a aprendizagem da linguagem é tão perfeita, sendo tão informal e tão sem ordem certa? Porque ela vai acontecendo seguindo a experiência vital da criança: o falar vai colado à experiência que está acontecendo no presente. Somente aquilo que é vital é aprendido. Por que é que, a despeito de toda pedagogia, as crianças têm dificuldades em aprender nas escolas? Porque nas escolas o ensinado não vai colado à vida. Isso explica o desinteresse dos alunos pela escola. Alguns me contestarão dizendo: "Mas o meu filho adora a escola!" Pergunto: Ele adora a escola por aquilo que está aprendendo ou por outras razões? Confesso não saber de um aluno que tenha prazer em conversar com os pais sobre aquilo que está aprendendo na escola. Explica também a indisciplina. Por que haveria uma criança de disciplinar-se, se aquilo que ela tem de aprender não é aquilo que o seu corpo deseja saber? E explica também a preguiça que sentem as crianças ao se defrontar com as lições de casa. Roland Barthes tem um delicioso ensaio sobre a preguiça. Segundo ele há dois tipos de preguiça. Um deles, abençoado, é a preguiça de quem está deitado na rede de barriga cheia. Não quer fazer nada porque na rede está muito bom. O outro tipo é a preguiça infeliz, ligado inseparavelmente à escola. O aluno se arrasta sobre a lição de casa. Não quer faze-la. A vida o está chamando numa outra direção mais alegre. Mas ele não tem alternativas. É obrigado a fazer a lição. Por isso ele se arrasta em sofrimento. O conhecimento é uma árvore que cresce da vida. Sei que há escolas que têm boas intenções, e que se esforçam para que isso aconteça. Mas as suas boas intenções são abortadas porque são obrigadas a cumprir o programa. Programas são entidades abstratas, prontas, fixas, com uma ordem certa. Ignoram a experiência que a criança está vivendo. Aí tenta-se, inutilmente, produzir vida a partir dos programas. Mas não é possível, a partir da mesa de anatomia, fazer viver o cadáver. O que vi na Escola da Ponte é o conhecimento crescendo a partir das experiências vividas pelas crianças.Aí vocês me perguntarão: "Mas o programa é cumprido?" Sobre isso falarei na próxima crônica.
José Pacheco e A Escola da Ponte
A Escola da Ponte
Rubem Alves
Tudo começou acidentalmente num lugar de Portugal cujo nome eu nunca ouvira: Vila Nova de Famalicão. Posteriormente me ensinaram que era a cidade onde vivera Camilo Castelo Branco, romancista gigante de vida trágica. Menino ainda, li o seu livro "Amor de Perdição", evidentemente sem nada compreender. Li porque não tinha outra coisa para fazer e o livro estava lá, na estante do meu pai. Camilo se apaixonou por uma mulher casada que, por sua vez se apaixonou por ele, e os dois fugiram para viver um amor louco e criminoso. Naqueles tempos do século passado adultério era crime, o marido traído pôs a polícia ao encalço do sedutor que foi preso e passou anos na prisão - sem que o seu amor diminuísse. Imagino que o título do seu livro "Amor de Perdição" tenha sido inspirado por sua própria desgraça. Mas o marido finalmente morreu e os dois apaixonados viveram o resto de suas vidas na casa que pertencera ao marido. Velho, Camilo Castelo Branco ficou cego e foi abandonado pelos amigos. De tristeza, pôs um fim à sua vida. A casa é hoje um museu. Existe ali um "Centro de Formação Camilo Castelo Branco", dirigido pelo professor Ademar Santos. Pois há alguns anos atrás, por obra de uma brasileira que lá vive, chegou às mãos do professor Ademar um livrinho meu, velho e surrado, "Estórias de quem gosta de ensinar". O Ademar sentiu logo que éramos conspiradores de idéias, passou a caçar o que eu escrevia, descobrindo-me finalmente nas crônicas que publico aqui no Correio Popular aos domingos. Passamos a nos corresponder via e-mail e o "Centro de Formação Camilo Castelo Branco" acabou por convidar-me a lá passar uma semana. E foi o que fiz de 2 a 7 de maio. Eu já havia estado anteriormente em Portugal como turista, tendo conhecido monumentos, restaurantes e cidades. Dessa vez foi diferente. Conheci pessoas. Conversei com elas. Tive a recepção mais generosa e inteligente de toda a minha vida. Recepções generosas - isso é fácil: passeios, jantares, presentes, homenagens. Mas eu insisto no "inteligente". Cada ocasião era uma aprendizagem que me assombrava. Dentre elas a "Escola da Ponte". Pedi que o Ademar me desse explicações preliminares, antes da visita. Ele se recusou. Disse-me que explicações seriam inúteis. Eu teria de ver e experimentar. A "Escola da Ponte" é dirigida por José Pacheco, um educador de voz mansa e poucas palavras. Imaginei que ele seria meu guia e explicador. Ao invés disso ele chamou uma aluna de uns 10 anos que passava e disse: "Será que tu poderias mostras e explicar a nossa escola a este visitante?" Ela acenou que sim com um sorriso e passou a me guiar. Antes de entrar no lugar onde as crianças estavam ela parou para me dar a primeira explicação que tinha por objetivo, imagino, amenizar a surpresa.Aqui, quando a gente vai a uma escola, sabe o que vai encontrar: salas de aulas, em cada sala um professor, o professor ensinando, explicando a matéria prevista nos programas oficiais, as crianças aprendendo. A intervalos regulares soa uma campainha - sabe-se então que vai haver uma mudança - muda-se de matéria, freqüentemente muda-se de professor, pois há professores de matemática, de geografia, de ciências, etc., cada um ensinando a disciplina de sua especialidade. Já falei sobre isso na crônica passada: as linhas de montagem.É preciso imaginar o delicioso "portuguesh" que se fala em Portugal para sentir a música segura e tranqüila da fala da menina. "Nósh não têmosh, como nas outrash escolash (daqui para frente escreverei do jeito normal...) salas de aulas. Não temos classes separadas, 1º ano, 2º ano, 3º ano... Também não temos aulas, em que um professor ensina a matéria. Aprendemos assim: formamos pequenos grupos com interesse comum por um assunto, reunimo-nos com uma professora e ela, conosco, estabelece um programa de trabalho de 15 dias, dando-nos orientação sobre o que deveremos pesquisar e os locais onde pesquisar. Usamos muito os recursos da Internet. Ao final dos 15 dias nos reunimos de novo e avaliamos o que aprendemos. Se o que aprendemos foi adequado, aquele grupo se dissolve, forma-se um outro para estudar outro assunto."Ditas essas palavras ela abriu a porta e, ao entrar, o que vi me causou espanto. Era uma sala enorme, enorme mesmo, sem divisões, cheia da mesinhas baixas, próprias para as crianças. As crianças trabalhavam nos seus projetos, cada uma de uma forma. Moviam-se algumas pela sala, na maior ordem, tranquilamente. Ninguém corria. Ninguém falava em voz alta. Em lugares assim normalmente se ouve um zumbido, parecido com o zumbido de abelhas. Nem isso se ouvia. Notei, entre as crianças, algumas com síndrome de Down que também trabalhavam. As professoras estavam assentadas com as crianças, em algumas mesas, e se moviam quando necessário. Nenhum pedido de silêncio. Nenhum pedido de atenção. Não era necessário.À esquerda da porta de entrada havia frases escritas com letras grandes, afixadas na parede. A menina explicou: " Aprendemos a ler lendo frases inteiras". Lembrei-me que foi assim que eu aprendi a ler. Minha primeira cartilha se chamava "O Livro de Lili". Na primeira página havia o desenho de uma menininha com o seguinte texto, que nunca esqueci: " Olhem para mim. / Eu me chamo Lili. / Eu comi muito doce. / Vocês gostam de doce? / Eu gosto tanto de doce!" Imaginei que a diferença, talvez, fosse que o texto do "Livro de Lili" tinha sido escrito por uma pessoa no seu escritório. E que as frases que se encontravam escritas na parede da "Escola da Ponte" eram frases propostas pelas próprias crianças, frases que diziam o que elas estavam vivendo. Aprendiam, assim, que a escrita serve para dizer a vida que cada um vive. Pensei que é assim que as crianças aprendem a falar. Elas aprendem palavras inteiras, pois somente palavras inteiras fazem sentido. Elas não aprendem os sons para depois juntar os sons em palavras. "Mas é importante saber as letras na ordem certa", ela continuou, "porque é assim que se aprende a ordem alfabética, necessária para o uso dos dicionários". ( Ela falava assim mesmo, não é invenção minha...)Notei, numa mesa ao lado, uma menina que escrevia e consultava um dicionário. Agachei-me para conversar com ela. " Você está procurando no dicionário uma palavra que você não sabe?" - perguntei. "Não, eu sei o sentido da palavra. Mas estou a escrever um texto para os miúdos e usei uma palavra que, penso, eles não conhecem. Como eles ainda não sabem a ordem alfabética e não podem consultar o dicionário, estou a escrever um pequeno dicionário ao pé da página do meu texto para que eles o compreendam." "Estou a escrever um texto para os miúdos" - foi o que ela disse. Na "Escola da Ponte" é assim. As crianças que sabem ensinam as crianças que não sabem. Isso não é exceção. É a rotina do dia a dia. A aprendizagem e o ensino são um empreendimento comunitário, uma expressão de solidariedade. Mais que aprender saberes, as crianças estão a aprender valores. A ética perpassa silenciosamente, sem explicações, as relações naquela sala imensa.Na outra parede encontrei dois quadros de avisos. Num deles estava afixada a frase: " Tenho necessidade de ajuda em...". E, no outro, a frase: " Posso ajudar em..." Qualquer criança que esteja tendo dificuldades em qualquer assunto coloca ali o assunto em que está tendo dificuldades e o seu nome. Um outro colega, vendo o pedido, vai ajudá-la. E qualquer criança que se ache em condições de ajudar em algum assunto, coloca ali o assunto em que se julga competente e o seu nome. Assim, vai-se se formando uma rede de relações de ajuda. Ando um pouco mais e encontro uma menina com síndrome de Down trabalhando com outras, numa mesinha. Ela trabalha de forma concentrada. Seu presença é uma presença igual à de todas as demais crianças: alguém que não sabe muitas coisas, que pode aprender muitas coisas. Acima de tudo ela aprende que ela tem um lugar importante na vida. Andando, vi um texto entitulado: " Direitos das crianças quanto à leitura". O primeiro direito rezava: "Toda criança tem o direito de não ler o livro de que não gosta." Ah!", pensei, " é possível que Jorge Luis Borges tenha andado por aqui..." Li depois, o texto dos "Direitos e Deveres", elaborados pelas próprias crianças. Dentre todos, o que mais me impressionou foi o que dizia assim: "Temos o direito de ouvir música na sala de trabalho para pensarmos em silêncio"...Nesse momento eu já estava encantado! No próxima coluna eu conto mais... -----
Rubem Alves
Tudo começou acidentalmente num lugar de Portugal cujo nome eu nunca ouvira: Vila Nova de Famalicão. Posteriormente me ensinaram que era a cidade onde vivera Camilo Castelo Branco, romancista gigante de vida trágica. Menino ainda, li o seu livro "Amor de Perdição", evidentemente sem nada compreender. Li porque não tinha outra coisa para fazer e o livro estava lá, na estante do meu pai. Camilo se apaixonou por uma mulher casada que, por sua vez se apaixonou por ele, e os dois fugiram para viver um amor louco e criminoso. Naqueles tempos do século passado adultério era crime, o marido traído pôs a polícia ao encalço do sedutor que foi preso e passou anos na prisão - sem que o seu amor diminuísse. Imagino que o título do seu livro "Amor de Perdição" tenha sido inspirado por sua própria desgraça. Mas o marido finalmente morreu e os dois apaixonados viveram o resto de suas vidas na casa que pertencera ao marido. Velho, Camilo Castelo Branco ficou cego e foi abandonado pelos amigos. De tristeza, pôs um fim à sua vida. A casa é hoje um museu. Existe ali um "Centro de Formação Camilo Castelo Branco", dirigido pelo professor Ademar Santos. Pois há alguns anos atrás, por obra de uma brasileira que lá vive, chegou às mãos do professor Ademar um livrinho meu, velho e surrado, "Estórias de quem gosta de ensinar". O Ademar sentiu logo que éramos conspiradores de idéias, passou a caçar o que eu escrevia, descobrindo-me finalmente nas crônicas que publico aqui no Correio Popular aos domingos. Passamos a nos corresponder via e-mail e o "Centro de Formação Camilo Castelo Branco" acabou por convidar-me a lá passar uma semana. E foi o que fiz de 2 a 7 de maio. Eu já havia estado anteriormente em Portugal como turista, tendo conhecido monumentos, restaurantes e cidades. Dessa vez foi diferente. Conheci pessoas. Conversei com elas. Tive a recepção mais generosa e inteligente de toda a minha vida. Recepções generosas - isso é fácil: passeios, jantares, presentes, homenagens. Mas eu insisto no "inteligente". Cada ocasião era uma aprendizagem que me assombrava. Dentre elas a "Escola da Ponte". Pedi que o Ademar me desse explicações preliminares, antes da visita. Ele se recusou. Disse-me que explicações seriam inúteis. Eu teria de ver e experimentar. A "Escola da Ponte" é dirigida por José Pacheco, um educador de voz mansa e poucas palavras. Imaginei que ele seria meu guia e explicador. Ao invés disso ele chamou uma aluna de uns 10 anos que passava e disse: "Será que tu poderias mostras e explicar a nossa escola a este visitante?" Ela acenou que sim com um sorriso e passou a me guiar. Antes de entrar no lugar onde as crianças estavam ela parou para me dar a primeira explicação que tinha por objetivo, imagino, amenizar a surpresa.Aqui, quando a gente vai a uma escola, sabe o que vai encontrar: salas de aulas, em cada sala um professor, o professor ensinando, explicando a matéria prevista nos programas oficiais, as crianças aprendendo. A intervalos regulares soa uma campainha - sabe-se então que vai haver uma mudança - muda-se de matéria, freqüentemente muda-se de professor, pois há professores de matemática, de geografia, de ciências, etc., cada um ensinando a disciplina de sua especialidade. Já falei sobre isso na crônica passada: as linhas de montagem.É preciso imaginar o delicioso "portuguesh" que se fala em Portugal para sentir a música segura e tranqüila da fala da menina. "Nósh não têmosh, como nas outrash escolash (daqui para frente escreverei do jeito normal...) salas de aulas. Não temos classes separadas, 1º ano, 2º ano, 3º ano... Também não temos aulas, em que um professor ensina a matéria. Aprendemos assim: formamos pequenos grupos com interesse comum por um assunto, reunimo-nos com uma professora e ela, conosco, estabelece um programa de trabalho de 15 dias, dando-nos orientação sobre o que deveremos pesquisar e os locais onde pesquisar. Usamos muito os recursos da Internet. Ao final dos 15 dias nos reunimos de novo e avaliamos o que aprendemos. Se o que aprendemos foi adequado, aquele grupo se dissolve, forma-se um outro para estudar outro assunto."Ditas essas palavras ela abriu a porta e, ao entrar, o que vi me causou espanto. Era uma sala enorme, enorme mesmo, sem divisões, cheia da mesinhas baixas, próprias para as crianças. As crianças trabalhavam nos seus projetos, cada uma de uma forma. Moviam-se algumas pela sala, na maior ordem, tranquilamente. Ninguém corria. Ninguém falava em voz alta. Em lugares assim normalmente se ouve um zumbido, parecido com o zumbido de abelhas. Nem isso se ouvia. Notei, entre as crianças, algumas com síndrome de Down que também trabalhavam. As professoras estavam assentadas com as crianças, em algumas mesas, e se moviam quando necessário. Nenhum pedido de silêncio. Nenhum pedido de atenção. Não era necessário.À esquerda da porta de entrada havia frases escritas com letras grandes, afixadas na parede. A menina explicou: " Aprendemos a ler lendo frases inteiras". Lembrei-me que foi assim que eu aprendi a ler. Minha primeira cartilha se chamava "O Livro de Lili". Na primeira página havia o desenho de uma menininha com o seguinte texto, que nunca esqueci: " Olhem para mim. / Eu me chamo Lili. / Eu comi muito doce. / Vocês gostam de doce? / Eu gosto tanto de doce!" Imaginei que a diferença, talvez, fosse que o texto do "Livro de Lili" tinha sido escrito por uma pessoa no seu escritório. E que as frases que se encontravam escritas na parede da "Escola da Ponte" eram frases propostas pelas próprias crianças, frases que diziam o que elas estavam vivendo. Aprendiam, assim, que a escrita serve para dizer a vida que cada um vive. Pensei que é assim que as crianças aprendem a falar. Elas aprendem palavras inteiras, pois somente palavras inteiras fazem sentido. Elas não aprendem os sons para depois juntar os sons em palavras. "Mas é importante saber as letras na ordem certa", ela continuou, "porque é assim que se aprende a ordem alfabética, necessária para o uso dos dicionários". ( Ela falava assim mesmo, não é invenção minha...)Notei, numa mesa ao lado, uma menina que escrevia e consultava um dicionário. Agachei-me para conversar com ela. " Você está procurando no dicionário uma palavra que você não sabe?" - perguntei. "Não, eu sei o sentido da palavra. Mas estou a escrever um texto para os miúdos e usei uma palavra que, penso, eles não conhecem. Como eles ainda não sabem a ordem alfabética e não podem consultar o dicionário, estou a escrever um pequeno dicionário ao pé da página do meu texto para que eles o compreendam." "Estou a escrever um texto para os miúdos" - foi o que ela disse. Na "Escola da Ponte" é assim. As crianças que sabem ensinam as crianças que não sabem. Isso não é exceção. É a rotina do dia a dia. A aprendizagem e o ensino são um empreendimento comunitário, uma expressão de solidariedade. Mais que aprender saberes, as crianças estão a aprender valores. A ética perpassa silenciosamente, sem explicações, as relações naquela sala imensa.Na outra parede encontrei dois quadros de avisos. Num deles estava afixada a frase: " Tenho necessidade de ajuda em...". E, no outro, a frase: " Posso ajudar em..." Qualquer criança que esteja tendo dificuldades em qualquer assunto coloca ali o assunto em que está tendo dificuldades e o seu nome. Um outro colega, vendo o pedido, vai ajudá-la. E qualquer criança que se ache em condições de ajudar em algum assunto, coloca ali o assunto em que se julga competente e o seu nome. Assim, vai-se se formando uma rede de relações de ajuda. Ando um pouco mais e encontro uma menina com síndrome de Down trabalhando com outras, numa mesinha. Ela trabalha de forma concentrada. Seu presença é uma presença igual à de todas as demais crianças: alguém que não sabe muitas coisas, que pode aprender muitas coisas. Acima de tudo ela aprende que ela tem um lugar importante na vida. Andando, vi um texto entitulado: " Direitos das crianças quanto à leitura". O primeiro direito rezava: "Toda criança tem o direito de não ler o livro de que não gosta." Ah!", pensei, " é possível que Jorge Luis Borges tenha andado por aqui..." Li depois, o texto dos "Direitos e Deveres", elaborados pelas próprias crianças. Dentre todos, o que mais me impressionou foi o que dizia assim: "Temos o direito de ouvir música na sala de trabalho para pensarmos em silêncio"...Nesse momento eu já estava encantado! No próxima coluna eu conto mais... -----
Jogos Didáticos de Matemática
Jogo: Banco Imobiliario
Material: cartolina, dado, 2 peões (tampinhas garrafa PET), fichas e dinherinho brinquedo.
Modo de Fazer: Desenhar na cartolina um tabuleiro de banco imobiliario.
Como Jogar: A medida que vão avançando no jogo os participantes encontrarão locais onde deverão gastar o dinheiro (lancheria, livraria, lojas, etc). No caminho também poderão encontrar fichas de sorte ou azar onde ganham ou perdem dinheiro. Vence quem tiver mais dinheiro no final do jogo.
Participantes: 2 jogadores (peões) e o Banco.
Jogo: Régua de contagem.
Material: EVA, cartolina.
Modo de Fazer: Cortar o EVA em quadrados de 10cm por 10cm.
Fazer quatro (4) cortes de 1cm na parte superior e inferior.
No centro quatro (4) cortes de 1cm por 1cm.
Escrever as letras M, C, D, U da esquerda para a direita.
Com a cartolina fazer tiras de 24cm de comprimento por 1cm de largura, contar 5cm e enumerar de 0 a 20 de cm em cm, encaixar as tiras nas fendas.
Material: cartolina, dado, 2 peões (tampinhas garrafa PET), fichas e dinherinho brinquedo.
Modo de Fazer: Desenhar na cartolina um tabuleiro de banco imobiliario.
Como Jogar: A medida que vão avançando no jogo os participantes encontrarão locais onde deverão gastar o dinheiro (lancheria, livraria, lojas, etc). No caminho também poderão encontrar fichas de sorte ou azar onde ganham ou perdem dinheiro. Vence quem tiver mais dinheiro no final do jogo.
Participantes: 2 jogadores (peões) e o Banco.
Jogo: Régua de contagem.
Material: EVA, cartolina.
Modo de Fazer: Cortar o EVA em quadrados de 10cm por 10cm.
Fazer quatro (4) cortes de 1cm na parte superior e inferior.
No centro quatro (4) cortes de 1cm por 1cm.
Escrever as letras M, C, D, U da esquerda para a direita.
Com a cartolina fazer tiras de 24cm de comprimento por 1cm de largura, contar 5cm e enumerar de 0 a 20 de cm em cm, encaixar as tiras nas fendas.
terça-feira, 28 de julho de 2009
A Paz Nasce No Lar
Você já se deu conta de que as guerras, tanto quando a violência, nas suas múltiplas faces, nascem dentro dos lares?
Em tese, é no lar que aprendemos a ser violentos ou pacíficos, viciosos ou virtuosos.
Sim, porque quando o filho chega contando que um colega lhe bateu, os pais logo mandam que ele também bata no agressor.
Muitos pais ainda fazem mais, dizendo: "filho meu não traz desaforo para casa"; "se apanhar na rua, apanha em casa outra vez"!
Se o filho se queixa que alguém lhe xingou com palavrões, logo recebe a receita do revide: "faça o mesmo com ele". "vingue-se", "não deixe por menos".
Quando o amiguinho pega o brinquedo do filho, os pais intercedem dizendo: "tire dele, você é mais forte", "não seja bobo"!
Essas atitudes são muito comuns, e os filhos que crescem ouvindo essas máximas, só não aprendem a lição se tiverem alguma deficiência mental, ou se forem espíritos superiores, o que é raro na terra.
O que geralmente acontece é que aprendem a lição e se tornam cidadãos agressivos, orgulhosos, vingativos e violentos.
Ingredientes perfeitos para fomentar guerras e outros tipos de violências.
Se, ao contrário, os pais orientassem o filho com conselhos sábios, como: perdoe, tolere, compartilhe, ajude, colabore, esqueça a ofensa, não passe recibo para a agressividade, os filhos certamente cresceriam alimentando outra disposição íntima.
Seriam cidadãos capazes de lidar com as próprias emoções e dariam outro colorido à sociedade da qual fazem parte.
Formariam uma sociedade pacífica, pois quando uma pessoa age diante de uma agressão, ao invés de reagir, a violência não se espalha.
A paz só será uma realidade, quando os homens forem pacíficos, e isso só acontecerá investindo-se na educação da infância.
Os pais talvez não tenham se dado conta disso, mas a maioria dos vícios também são adquiridos portas à dentro dos lares.
É o pai incentivando o filho a beber, a fumar, a se prostituir, das mais variadas formas.
É a mãe vestindo a filha com roupas que despertam a sensualidade, a vaidade, a leviandade.
Meninas, desde os três anos, já estão vestidas como se fossem moças, com roupas e maquiagens que as mães fazem questão de lhes dar.
Isso tudo fará diferença mais tarde, quando esses meninos e meninas estiverem ocupando suas posições de cidadãos na sociedade.
Então veremos o político agredindo o colega em frente às câmeras, medindo forças e perdendo a compostura.
Veremos a mulher vulgarizada, desvalorizada, exibindo o corpo para ser popular. Lamentavelmente muitos pais ainda não acordaram para essa realidade e continuam semeando sementes de violência e vícios no reduto do lar, que deveria ser um santuário de bênçãos.
Já é hora de pensar com mais seriedade a esse respeito e tomar atitudes para mudar essa triste realidade.
É hora de compreender que se quisermos construir um mundo melhor, os alicerces dessa construção devem ter suas bases firmes no lar.
Jesus, nosso Irmão Maior, trouxe-nos a receita da paz.
Com Ele poderemos erguer-nos,
da treva à luz.
Da ignorância à sabedoria.
Do instinto à razão.
Da força ao direito.
Do egoísmo à fraternidade.
Da tirania à compaixão.
Da violência ao entendimento.
Do ódio ao amor.
Da extorsão à justiça.
Da dureza à piedade.
Do desequilíbrio à harmonia.
Do pântano ao monte.
Do lodo à glória.
Equipe de Redação do site www.momento.com.br,
com base em seminário proferido por Raul Teixeira,
no VI SIMPÓSIO PARANAENSE DE ESPIRITISMO,
no dia 27/05/03, e no cap. 61 do livro Pão Nosso, ed. FEB.
Em tese, é no lar que aprendemos a ser violentos ou pacíficos, viciosos ou virtuosos.
Sim, porque quando o filho chega contando que um colega lhe bateu, os pais logo mandam que ele também bata no agressor.
Muitos pais ainda fazem mais, dizendo: "filho meu não traz desaforo para casa"; "se apanhar na rua, apanha em casa outra vez"!
Se o filho se queixa que alguém lhe xingou com palavrões, logo recebe a receita do revide: "faça o mesmo com ele". "vingue-se", "não deixe por menos".
Quando o amiguinho pega o brinquedo do filho, os pais intercedem dizendo: "tire dele, você é mais forte", "não seja bobo"!
Essas atitudes são muito comuns, e os filhos que crescem ouvindo essas máximas, só não aprendem a lição se tiverem alguma deficiência mental, ou se forem espíritos superiores, o que é raro na terra.
O que geralmente acontece é que aprendem a lição e se tornam cidadãos agressivos, orgulhosos, vingativos e violentos.
Ingredientes perfeitos para fomentar guerras e outros tipos de violências.
Se, ao contrário, os pais orientassem o filho com conselhos sábios, como: perdoe, tolere, compartilhe, ajude, colabore, esqueça a ofensa, não passe recibo para a agressividade, os filhos certamente cresceriam alimentando outra disposição íntima.
Seriam cidadãos capazes de lidar com as próprias emoções e dariam outro colorido à sociedade da qual fazem parte.
Formariam uma sociedade pacífica, pois quando uma pessoa age diante de uma agressão, ao invés de reagir, a violência não se espalha.
A paz só será uma realidade, quando os homens forem pacíficos, e isso só acontecerá investindo-se na educação da infância.
Os pais talvez não tenham se dado conta disso, mas a maioria dos vícios também são adquiridos portas à dentro dos lares.
É o pai incentivando o filho a beber, a fumar, a se prostituir, das mais variadas formas.
É a mãe vestindo a filha com roupas que despertam a sensualidade, a vaidade, a leviandade.
Meninas, desde os três anos, já estão vestidas como se fossem moças, com roupas e maquiagens que as mães fazem questão de lhes dar.
Isso tudo fará diferença mais tarde, quando esses meninos e meninas estiverem ocupando suas posições de cidadãos na sociedade.
Então veremos o político agredindo o colega em frente às câmeras, medindo forças e perdendo a compostura.
Veremos a mulher vulgarizada, desvalorizada, exibindo o corpo para ser popular. Lamentavelmente muitos pais ainda não acordaram para essa realidade e continuam semeando sementes de violência e vícios no reduto do lar, que deveria ser um santuário de bênçãos.
Já é hora de pensar com mais seriedade a esse respeito e tomar atitudes para mudar essa triste realidade.
É hora de compreender que se quisermos construir um mundo melhor, os alicerces dessa construção devem ter suas bases firmes no lar.
Jesus, nosso Irmão Maior, trouxe-nos a receita da paz.
Com Ele poderemos erguer-nos,
da treva à luz.
Da ignorância à sabedoria.
Do instinto à razão.
Da força ao direito.
Do egoísmo à fraternidade.
Da tirania à compaixão.
Da violência ao entendimento.
Do ódio ao amor.
Da extorsão à justiça.
Da dureza à piedade.
Do desequilíbrio à harmonia.
Do pântano ao monte.
Do lodo à glória.
Equipe de Redação do site www.momento.com.br,
com base em seminário proferido por Raul Teixeira,
no VI SIMPÓSIO PARANAENSE DE ESPIRITISMO,
no dia 27/05/03, e no cap. 61 do livro Pão Nosso, ed. FEB.
MARCHA MUNDIAL PELA PAZ E PELA NÃO-VIOLÊNCIA II
Por onde eu começo?
Não é nada complicado! Aqui vão algumas sugestões:
1) Convide pessoas à sua volta e busque um local para os encontros. Pode ser uma Associação, Escola, Biblioteca, Garagem, etc.2) Faça um primeiro encontro para informar aos convidados do que se trata a Marcha Mundial.
Depois, é importante ter pelo menos um dia de encontro periódico, para que outras pessoas interessadas possam começar a participar e os que assumiram funções possam se encontrar e conversar.
Como organizar um?
Para formar um comitê é necessário apenas ter um espaço e pessoas que possam estar disponíveis em horários fixos para atender os interessados em apoiar e participar.
Essa periodicidade é essencial para que o comitê possa ser uma referência clara de onde buscar a informação necessária.
A partir desses encontros, o conjunto de pessoas determinará que ações sejam mais adequadas à região em que estão situados, e o comitê também servirá como âmbito de para reuniões de articulação e planejamento dessas atividades.
Como pode funcionar um Comitê?
Com encontros semanais de 1h de duração, onde todas as pessoas que formam parte podem se colocar de acordo em ações, funções, prazos e em conjunto fazer um calendário para a semana.
Para que os comitês funcionem da forma mais potente possível, é interessante que esteja sempre aberto a mais proposta e iniciativas e que tenha pessoas cumprindo funções específicas para atender aos seguintes temas:- Difusão nos meios de comunicação locais;- Contato com as organizações sociais e políticas do local;- Contato com gráficas e comerciantes que possam colaborar com impressão de materiais e demais formas de difusão que façam com que a Marcha seja parte do cotidiano de todos aqueles que vivem, trabalham e estudam naquele local;
- Que as atividades sejam constantemente repassadas pelo comitê para a equipe da agência de notícias para que possamos nutrir o site central e demais blogs e matérias com muita informação, fotos e vídeos.
Que atividades dá para desenvolver?
Essas são apenas sugestões, mas sabemos que, a partir da formação dos comitês, uma diversidade imensa de ações e novas idéias irão colaborar ainda mais para esse painel. Se, no prazo de um ano, conseguir que a não-violência não seja apenas um conceito, mas um sentimento incorporado terá alcançado nossos objetivos.
Em uma época em de tanta instabilidade, é necessário atentar para o que colabora com a vida, senão ficamos paralisados no medo e na insegurança. Certamente, esse é uma causa pela qual vale a pena se dedicar.
- Distribuição massiva de materiais (cartazes, folhetos, flyers, cartões)
- Produção de programas para rádio e TVs locais.
- Adesão dos comerciantes, instituições e organizações da região.
- Gerar blogs, TV web, listas de email, difusão pelo Orkut, colocação de vídeos no youtube, criação de baners eletrônicos, envio massivo de emails.
- Campanha com os comerciantes do bairro para que coloquem explicitamente em suas fachadas baners com os dizeres “Nós apoiamos a Marcha Mundial pela Paz e a Não-Violência”
- Promoção de palestras, exibição de vídeos, debates, painéis, oficinas e fóruns com o tema da Paz e a Não-Violência.
- Eventos em geral, como shows, saraus, festas, almoços, jantares
- No caso do comitê estar sediado em escolas, também sugerimos a criação de Conselhos Permanentes pela Não-Violência, que possam continuar pelos anos seguintes. Também há uma campanha pela inclusão da matéria “Formação pela Não-Violência” como prática optativa.
- Em universidades, além das atividades supracitadas, sugerimos a criação de Laboratórios de Estudos e Práticas de Não-Violência ativa, em que os alunos coloquem seus saberes adquiridos em função de projetos em prol de uma sociedade voltada às necessidades humanas, não apenas às do mercado.
O que é um Comitê Promotor da Marcha?
Os comitês são grupos de pessoas organizadas que querem participar ativamente da Campanha da Marcha Mundial. São formadas por pessoas, organizações, personalidades e comunidades, apontando a uma grande diversidade e respeitando crenças, formas, idade e gêneros.
Todos podem formar um comitê. Para isso, é só se juntar aos mais próximos para conseguir um espaço físico que possa sediar as atividades localmente. Os espaços de funcionamento podem ser em escolas, universidades, locais de trabalho, conjuntos comerciais, bairros e em organizações políticas, sociais e culturais.
Cada comitê funciona como uma referência de ativismo e como um espaço aberto a todos os interessados. Um lugar onde as pessoas que quiserem participar mais ativamente da Marcha Mundial poderão pegar materiais, participar de encontros, elaborarem projetos, e articular outras propostas.
Um comitê ativo se faz presente e existe porque as pessoas a sua volta tem referência no espaço, ou seja, ele não apenas sedia, mas também irradia a paz e da não-violência, e suas ações buscam um alcance cada vez maior, contando, inclusive, com os meios de comunicações locais.
Os comitês têm liberdade para criar e desenvolver diversas atividades que interessem ao grupo e à região onde se localiza, mas também estão sintonizados e apóiam as ações da equipe promotora internacional - que orienta a Marcha no âmbito global - e seguem os lineamentos e a direção geral da campanha e seu documento de fundação.
É importante que todos os comitês estejam sintonizados com os temas centrais da Marcha Mundial, que são:
- Conseguir o desmantelamento dos arsenais nucleares;
- Persuadir os governos a renunciar às guerras como meio para resolver conflitos;
- A redução progressiva e proporcional de armamentos;
- A assinatura de tratados de não-agressão entre países.
A Marcha Mundial é internacional porque hoje vivemos em um período histórico em que o mundo está intercomunicado, e qualquer ação em um ponto chega a todo o mundo. Por isso, os comitês da Marcha se estruturam como uma grande teia, integrados e sintonizados com as propostas essenciais da MM para que a sua mensagem seja tão potente que possa ser ouvida pelos governos. E que esses façam as mudanças necessárias para que tenhamos uma chance verdadeira de Paz, expressa em ações, não apenas em desejos.
Não é nada complicado! Aqui vão algumas sugestões:
1) Convide pessoas à sua volta e busque um local para os encontros. Pode ser uma Associação, Escola, Biblioteca, Garagem, etc.2) Faça um primeiro encontro para informar aos convidados do que se trata a Marcha Mundial.
Depois, é importante ter pelo menos um dia de encontro periódico, para que outras pessoas interessadas possam começar a participar e os que assumiram funções possam se encontrar e conversar.
Como organizar um?
Para formar um comitê é necessário apenas ter um espaço e pessoas que possam estar disponíveis em horários fixos para atender os interessados em apoiar e participar.
Essa periodicidade é essencial para que o comitê possa ser uma referência clara de onde buscar a informação necessária.
A partir desses encontros, o conjunto de pessoas determinará que ações sejam mais adequadas à região em que estão situados, e o comitê também servirá como âmbito de para reuniões de articulação e planejamento dessas atividades.
Como pode funcionar um Comitê?
Com encontros semanais de 1h de duração, onde todas as pessoas que formam parte podem se colocar de acordo em ações, funções, prazos e em conjunto fazer um calendário para a semana.
Para que os comitês funcionem da forma mais potente possível, é interessante que esteja sempre aberto a mais proposta e iniciativas e que tenha pessoas cumprindo funções específicas para atender aos seguintes temas:- Difusão nos meios de comunicação locais;- Contato com as organizações sociais e políticas do local;- Contato com gráficas e comerciantes que possam colaborar com impressão de materiais e demais formas de difusão que façam com que a Marcha seja parte do cotidiano de todos aqueles que vivem, trabalham e estudam naquele local;
- Que as atividades sejam constantemente repassadas pelo comitê para a equipe da agência de notícias para que possamos nutrir o site central e demais blogs e matérias com muita informação, fotos e vídeos.
Que atividades dá para desenvolver?
Essas são apenas sugestões, mas sabemos que, a partir da formação dos comitês, uma diversidade imensa de ações e novas idéias irão colaborar ainda mais para esse painel. Se, no prazo de um ano, conseguir que a não-violência não seja apenas um conceito, mas um sentimento incorporado terá alcançado nossos objetivos.
Em uma época em de tanta instabilidade, é necessário atentar para o que colabora com a vida, senão ficamos paralisados no medo e na insegurança. Certamente, esse é uma causa pela qual vale a pena se dedicar.
- Distribuição massiva de materiais (cartazes, folhetos, flyers, cartões)
- Produção de programas para rádio e TVs locais.
- Adesão dos comerciantes, instituições e organizações da região.
- Gerar blogs, TV web, listas de email, difusão pelo Orkut, colocação de vídeos no youtube, criação de baners eletrônicos, envio massivo de emails.
- Campanha com os comerciantes do bairro para que coloquem explicitamente em suas fachadas baners com os dizeres “Nós apoiamos a Marcha Mundial pela Paz e a Não-Violência”
- Promoção de palestras, exibição de vídeos, debates, painéis, oficinas e fóruns com o tema da Paz e a Não-Violência.
- Eventos em geral, como shows, saraus, festas, almoços, jantares
- No caso do comitê estar sediado em escolas, também sugerimos a criação de Conselhos Permanentes pela Não-Violência, que possam continuar pelos anos seguintes. Também há uma campanha pela inclusão da matéria “Formação pela Não-Violência” como prática optativa.
- Em universidades, além das atividades supracitadas, sugerimos a criação de Laboratórios de Estudos e Práticas de Não-Violência ativa, em que os alunos coloquem seus saberes adquiridos em função de projetos em prol de uma sociedade voltada às necessidades humanas, não apenas às do mercado.
O que é um Comitê Promotor da Marcha?
Os comitês são grupos de pessoas organizadas que querem participar ativamente da Campanha da Marcha Mundial. São formadas por pessoas, organizações, personalidades e comunidades, apontando a uma grande diversidade e respeitando crenças, formas, idade e gêneros.
Todos podem formar um comitê. Para isso, é só se juntar aos mais próximos para conseguir um espaço físico que possa sediar as atividades localmente. Os espaços de funcionamento podem ser em escolas, universidades, locais de trabalho, conjuntos comerciais, bairros e em organizações políticas, sociais e culturais.
Cada comitê funciona como uma referência de ativismo e como um espaço aberto a todos os interessados. Um lugar onde as pessoas que quiserem participar mais ativamente da Marcha Mundial poderão pegar materiais, participar de encontros, elaborarem projetos, e articular outras propostas.
Um comitê ativo se faz presente e existe porque as pessoas a sua volta tem referência no espaço, ou seja, ele não apenas sedia, mas também irradia a paz e da não-violência, e suas ações buscam um alcance cada vez maior, contando, inclusive, com os meios de comunicações locais.
Os comitês têm liberdade para criar e desenvolver diversas atividades que interessem ao grupo e à região onde se localiza, mas também estão sintonizados e apóiam as ações da equipe promotora internacional - que orienta a Marcha no âmbito global - e seguem os lineamentos e a direção geral da campanha e seu documento de fundação.
É importante que todos os comitês estejam sintonizados com os temas centrais da Marcha Mundial, que são:
- Conseguir o desmantelamento dos arsenais nucleares;
- Persuadir os governos a renunciar às guerras como meio para resolver conflitos;
- A redução progressiva e proporcional de armamentos;
- A assinatura de tratados de não-agressão entre países.
A Marcha Mundial é internacional porque hoje vivemos em um período histórico em que o mundo está intercomunicado, e qualquer ação em um ponto chega a todo o mundo. Por isso, os comitês da Marcha se estruturam como uma grande teia, integrados e sintonizados com as propostas essenciais da MM para que a sua mensagem seja tão potente que possa ser ouvida pelos governos. E que esses façam as mudanças necessárias para que tenhamos uma chance verdadeira de Paz, expressa em ações, não apenas em desejos.
Sobre nós etc & tal. (Parte III B)
Assim, ambos os latifúndios contribuiram de maneira decisiva na formação destas sociedades que hoje somos parte.
Desta forma, neste empobrecimento quando falamos em sociedade pobre, automaticamente, nos vêem na cabeça a idéia de migrações de nordestinos perdidos pelo Brasil a fora. Porém, nos esquecemos que as atividades de nossa classe dominante foi a construtora desta exclusão que cada dia que passa mais aumenta.
Qualquer dia destes, vamos encontrara, Macanudo Taurino com uma mala de garupa nas costas rezando para o padinho padê Cícero.
Desta forma, neste empobrecimento quando falamos em sociedade pobre, automaticamente, nos vêem na cabeça a idéia de migrações de nordestinos perdidos pelo Brasil a fora. Porém, nos esquecemos que as atividades de nossa classe dominante foi a construtora desta exclusão que cada dia que passa mais aumenta.
Qualquer dia destes, vamos encontrara, Macanudo Taurino com uma mala de garupa nas costas rezando para o padinho padê Cícero.
MARCHA MUNDIAL PELA PAZ E PELA NÃO-VIOLÊNCIA
JUNTE SUA VOZ À DE MUITOS OUTROS E ELA TERÁ QUE SER ESCUTADA!
O QUE É A MARCHA MUNDIAL?
A Marcha Mundial é uma iniciativa do "Mundo sem guerras", organização onternacional ativa há 15 anos. A Marcha é um conjunto de diversas iniciativas de pessoas, organizações, instituições de todos os continentes que querem ser protagonistas e ativos na mudança da situação de violência que vivemos hoje.
No dia 2 de outubro de 2009 (Aniversário de Gandhi e Dia Internacional da Não Violência), uma equipe de 100 pessoas de vários países sairá da Nova Zelândia e durante 90 dias passará por mais de 90 países e 100 cidades dos 5 continentes, terminando 2 de janeiro em Punta de Vacas - Argentina; enquanto essa equipe faz este trajeto, acontecerão milhares de ações em todo o mundo.
POR QUÊ?
porque eliminar as guerras e a violência significa sair definitivamente da pré-história humana e dar um passo gigante no caminho evolutivo de nossa espécie. Porque é uma proposta que abre o futuro, onde o diálogo vá substituindo a violência.
PARA QUÊ?
* Para denunciar a perigosa situação mundial que está nos levando à guerra com armamento nuclear e conseguir o desaparecimento das armas nucleares, a redução progressiva de armamentos e a renúncia dos governos às guerras como meio de solução dos conflitos.
* Para evidenciar outras formas de violência (econômica, racial, sexual, religiosa,...)
* Para criar consciência global da necessidade de uma verdadeira paz e do repúdio de todas as formas de violência.
COMO?
Com a participação de todos que sintam que essa causa é urgente e necessária.
Com o apoio de artistas, personalidades, organizações sociais, prefeituras, sindicatos, e todo grupo ou coletivo que se some.
Já estão se somando centenas de organizações e pessoas. E cada vez serão maiores o número de idéias e iniciativas.
Saiba mais como participar e o que está acontecendo nos sites:
http://www.marchamundial.org.br/
http://www.marchamundial.org/
http://www.marchamundial.net/
Informações em
Santana do Livramento/Rivera - Fronteira da Paz:
com Daniel Ferreira Espino
Celular : (55)9146 2520 Santana do Livramento - Brasil
Celular: 094 936 583 Rivera - Uruguay
acervodoseducadores@hotmail.com
Santa Maria:
com Lídia Leão
Telefone: (55) 3226 5231
Celular: (55) 9628 6889
www.movimentohumanista-rs.blogspot.com
O QUE É A MARCHA MUNDIAL?
A Marcha Mundial é uma iniciativa do "Mundo sem guerras", organização onternacional ativa há 15 anos. A Marcha é um conjunto de diversas iniciativas de pessoas, organizações, instituições de todos os continentes que querem ser protagonistas e ativos na mudança da situação de violência que vivemos hoje.
No dia 2 de outubro de 2009 (Aniversário de Gandhi e Dia Internacional da Não Violência), uma equipe de 100 pessoas de vários países sairá da Nova Zelândia e durante 90 dias passará por mais de 90 países e 100 cidades dos 5 continentes, terminando 2 de janeiro em Punta de Vacas - Argentina; enquanto essa equipe faz este trajeto, acontecerão milhares de ações em todo o mundo.
POR QUÊ?
porque eliminar as guerras e a violência significa sair definitivamente da pré-história humana e dar um passo gigante no caminho evolutivo de nossa espécie. Porque é uma proposta que abre o futuro, onde o diálogo vá substituindo a violência.
PARA QUÊ?
* Para denunciar a perigosa situação mundial que está nos levando à guerra com armamento nuclear e conseguir o desaparecimento das armas nucleares, a redução progressiva de armamentos e a renúncia dos governos às guerras como meio de solução dos conflitos.
* Para evidenciar outras formas de violência (econômica, racial, sexual, religiosa,...)
* Para criar consciência global da necessidade de uma verdadeira paz e do repúdio de todas as formas de violência.
COMO?
Com a participação de todos que sintam que essa causa é urgente e necessária.
Com o apoio de artistas, personalidades, organizações sociais, prefeituras, sindicatos, e todo grupo ou coletivo que se some.
Já estão se somando centenas de organizações e pessoas. E cada vez serão maiores o número de idéias e iniciativas.
Saiba mais como participar e o que está acontecendo nos sites:
http://www.marchamundial.org.br/
http://www.marchamundial.org/
http://www.marchamundial.net/
Informações em
Santana do Livramento/Rivera - Fronteira da Paz:
com Daniel Ferreira Espino
Celular : (55)9146 2520 Santana do Livramento - Brasil
Celular: 094 936 583 Rivera - Uruguay
acervodoseducadores@hotmail.com
Santa Maria:
com Lídia Leão
Telefone: (55) 3226 5231
Celular: (55) 9628 6889
www.movimentohumanista-rs.blogspot.com
Sobre nós etc & tal. (Parte III)
A esta altura, é preciso recordar que a chamada terceira revolução industrial aponta para a globalização da sociedade e da economia global, mas, aponta, também, para suas contra-faces: a fragmentação e a exclusão em nível planetário, desenvolvendo três processos simultâneos e interagentes.
O Primeiro busca a internacionalização do território e o enfraquecimento da soberania nacional. A generalização das trocas de produtos materiais ou culturais parece aproximar todos os lugares em um processo de globalização geográfica.
O Segundo demostra que a economia multipolar (ou economia dos grandes blocos), as questões ecológicas, a União Européia e o NAFTA, a desunião e os antagonismos entre as repúblicas do bloco ex-soviético, os crescentes confrontos Norte-Sul (como no caso das migrações), se bem que relacionados ao processo de globalização em uma escala, apontam para um processo de fragmentação, reforçado pelas reivindicações etno-regionais que evidenciam, cada uma à sua maneira, identidades coletivas em busca da autonomia.
Um outro processo, interligado aos anteriores, é o de exclusão. A mundialização da economia (ou globalização), ao mesmo tempo que abre caminho para a unificação de um parte da humanidade, leva à pobreza a maior parte dos habitantes da Terra. Além dos que são excluídos da cidadania pelo sistema, estão aqueles que são deixados de lado em virtude de sua origem étnica, além de suas entidades culturais e, até mesmo, de acordo com o sexo. Por esses motivos, a metade pobre do RS, deverá buscar o seu espaço, a sua boa relação e seus avanços no mercado de trabalho. Correndo o risco de esvaziar-se3 no seu empobrecimento de Identidade e de Cidadania na atual fase do capitalismo. Para que tais como cristãos e bárbaros ressurga das cinzas, que outrora foi o celeiro do Brasil.
Se compararmos o nosso peão cam-p0peiro da campanha gaúcha e o ex-escravo no nordeste, vamos encontrar algo de semelhante, qual seja:ambos perderam sua identidade. Macanudo Taurino, que é uma figura criada pelo chargista Santiago, e que conta a vida do peão comum da região da campanha, reagindo frente às coisas do mundo moderno, reclama a sua identidade perdida. Podemos ainda fazer algumas comparações entre o velho e o novo nordeste (novo sub entendem-se pela campanha gaúcha). Os Portugueses que vinham para o Brasil recebiam do governo da corte grandes extensões de terras para serem cultivadas. Foi aí que surgiram os latifúndios de cana-de-açúcar no nordeste e o da carne (gado,ovelha) no sul. Fundamentados e impulsionados no processo histórico pelas facilidades climáticas, relevo etc. O trabalho era feito pelo escravgo, tanto no engenho como na charqueada. O açúcar-de-cana era produzido, também, no Brasil e era levado para a zona de mineração e, mais tarde a carne enlatada, também, era levada para a Europa.
A produção e a venda dessas mercadorias davam grandes lucros. No entanto, esses lucros não beneficiavam a maioria da população, pois ficavam apenas com os senhores de engenho ou com os grandes fazendeiros, que eram os donos de tudo, assim, desde o início deste processo colonizadores formaram-se dois grupos sociais bem diferentes: o dos ricos e o da maioria pobre da população.
Por não receberem ou receberem muito pouco pagamento pelo trabalho que faziam, os escravos e os peões não tinham dinheiro e , por isso, não podiam comprar nada. Não havendo consumidores, os senhores de engenho e os fazendeiros não aplicavam seus lucros em outras atividades econômicas, pois não tinham para quem vender os produtos que viessem a produzir. Eles gastavam seu dinheiro comprando na Europa ou nas capitais estaduais tudo aquilo de que precisavam. Portanto, a cana-de-açúcar e o charque não permitiram o desenvolvimento do Brasil ou da campanha gaúcha, mas apenas o enriquecimento dos grandes propietários de terras.
O Primeiro busca a internacionalização do território e o enfraquecimento da soberania nacional. A generalização das trocas de produtos materiais ou culturais parece aproximar todos os lugares em um processo de globalização geográfica.
O Segundo demostra que a economia multipolar (ou economia dos grandes blocos), as questões ecológicas, a União Européia e o NAFTA, a desunião e os antagonismos entre as repúblicas do bloco ex-soviético, os crescentes confrontos Norte-Sul (como no caso das migrações), se bem que relacionados ao processo de globalização em uma escala, apontam para um processo de fragmentação, reforçado pelas reivindicações etno-regionais que evidenciam, cada uma à sua maneira, identidades coletivas em busca da autonomia.
Um outro processo, interligado aos anteriores, é o de exclusão. A mundialização da economia (ou globalização), ao mesmo tempo que abre caminho para a unificação de um parte da humanidade, leva à pobreza a maior parte dos habitantes da Terra. Além dos que são excluídos da cidadania pelo sistema, estão aqueles que são deixados de lado em virtude de sua origem étnica, além de suas entidades culturais e, até mesmo, de acordo com o sexo. Por esses motivos, a metade pobre do RS, deverá buscar o seu espaço, a sua boa relação e seus avanços no mercado de trabalho. Correndo o risco de esvaziar-se3 no seu empobrecimento de Identidade e de Cidadania na atual fase do capitalismo. Para que tais como cristãos e bárbaros ressurga das cinzas, que outrora foi o celeiro do Brasil.
Se compararmos o nosso peão cam-p0peiro da campanha gaúcha e o ex-escravo no nordeste, vamos encontrar algo de semelhante, qual seja:ambos perderam sua identidade. Macanudo Taurino, que é uma figura criada pelo chargista Santiago, e que conta a vida do peão comum da região da campanha, reagindo frente às coisas do mundo moderno, reclama a sua identidade perdida. Podemos ainda fazer algumas comparações entre o velho e o novo nordeste (novo sub entendem-se pela campanha gaúcha). Os Portugueses que vinham para o Brasil recebiam do governo da corte grandes extensões de terras para serem cultivadas. Foi aí que surgiram os latifúndios de cana-de-açúcar no nordeste e o da carne (gado,ovelha) no sul. Fundamentados e impulsionados no processo histórico pelas facilidades climáticas, relevo etc. O trabalho era feito pelo escravgo, tanto no engenho como na charqueada. O açúcar-de-cana era produzido, também, no Brasil e era levado para a zona de mineração e, mais tarde a carne enlatada, também, era levada para a Europa.
A produção e a venda dessas mercadorias davam grandes lucros. No entanto, esses lucros não beneficiavam a maioria da população, pois ficavam apenas com os senhores de engenho ou com os grandes fazendeiros, que eram os donos de tudo, assim, desde o início deste processo colonizadores formaram-se dois grupos sociais bem diferentes: o dos ricos e o da maioria pobre da população.
Por não receberem ou receberem muito pouco pagamento pelo trabalho que faziam, os escravos e os peões não tinham dinheiro e , por isso, não podiam comprar nada. Não havendo consumidores, os senhores de engenho e os fazendeiros não aplicavam seus lucros em outras atividades econômicas, pois não tinham para quem vender os produtos que viessem a produzir. Eles gastavam seu dinheiro comprando na Europa ou nas capitais estaduais tudo aquilo de que precisavam. Portanto, a cana-de-açúcar e o charque não permitiram o desenvolvimento do Brasil ou da campanha gaúcha, mas apenas o enriquecimento dos grandes propietários de terras.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Sobre nós etc & tal. (Parte II - B)
Muitas vezes estes jovens percorrem o caminho do gado, que transfere desde a muito tempo, o espaço urbano e rural do município para outra interação regional de demanda.
Ao atender os interesses capitalistas externos e internos acontece modificações das relações de produção no campo, dificultando o acesso à terra, e incrementando a migração e o êxodo rural.
Esta falta de pessoal capacitado não atrai capital para o setor primário e não gera renda agropecuária significativa, e dessa forma acelera o êxodo rural em seu segundo estágio que é a vinda para a cidade e desta para outra de maior porte.
A falta de urbanização e de mão-de-obra capacitada é o principal fator de transformação do capital agropecuário para o industrial.
Após criarem a figura do gaúcho do "Pampa", da campanha; fronteira com o Uruguai, nos anos das políticas positivistas, delimitaram sua área de atuação, numa região de entre rios (Jacui no RS e Rio Negro no Uruguai). Atualmente, nós , numa dita fronteira que com o processo de globalização, não sei, até quando esta fronteira continuara como está, visto que é necessário já uma rediscussão a respeito do que é fronteira atualmente, e onde está nossa identidade, se no Brasil, no Uruguai ou entre os dois países. Visto que entre os dois países as identidades gauchescas de língua, costumes culturais e econômicas são idênticas na pobreza (a metade de sul do RS e o norte do Uruguai)
A raça está jogando o jogo das cadeiras. Se você nunca jogou o jogo das cadeiras, explico: Começa-se com doze pessoas e onze cadeiras. As cadeiras são colocadas em círculo. Uma música e os jogadores caminham ao redor das cadeiras até que de súbito, a música pára. Então, todos tentam sentar, mas é claro, sempre fica um sobrando. Quem fica parado, fica fora do jogo e os demais seguem jogando com uma cadeira a menos.
No jogo global das cadeiras, há mais jogadores que países. Quando começa a música, os jogadores vão ao redor do mundo e quando pára a música, alguns ficam sobrando. Por exemplo Os Curdos (que ficam entre o Iraque, Irão e Turquia); os Palestinos (que estão entre Israel, Egito e Jordânia); e por que não dizer daqui uns anos os Gaúchos (que ficaram entre o Brasil, Uruguai e Argentina).
Há gente que acaba apátrida, e alguns até acabam em melhores situações. Muitos imigrantes se sentem fora do lugar em novos lares. Normalmente adaptar-se leva uma geração. E, às vezes, sua nova terra não quer que eles se adaptem.
Tem gente que fala: No futuro não haverá países. E outros contestam: Não é verdade. O número de países dobrará.
O primeiro fala: O passo acelerado das migrações, dos mercados comuns, da globalização New Liberal, junto com os avanços nos transportes e comunicações fazem com que as divisões artificiais e arbitrárias que chamamos "fronteiras" vão desaparecer.
O segundo contesta: O ressurgimento do Nacionalismo está criando novas fronteiras e novos espaços. E as pessoas não estão preparadas para mudanças bruscas. Ao invés de irem para a frente, voltam para atrás querendo recuperar 50 anos de História perdida.
Talvez ao olhar para trás, para a herança perdida, na verdade estejam olhando para frente. Talvez haja uma explosão de países. Cada região cultural terá, pelo menos, um. E, eventualmente, haverá tantos e serão tão pequenos que não parecerão países. Haverá muitos e serão micro-poderes.
E, nesse mundo de micro-poderes, ao invés de estarmos separados ou unidos pela geografia, etnogenia ou pela cor da nossa pele, estaremos undidos por culturas. Às vezes, serão culturas tradicionais (unidos por idiomas e religião) e às vezes serão culturas menos tradicionais (unidos por gestos, músicas ou por computadores)Ou pela água?. Não se formarão alianças baseadas na nacionalidade. As alianças se formarão baseadas em coisas que nos importam pessoalmente. É o personalismo do capitalismo dentro do nacionalismo.
Os cristãos foram excluidos do Império Romano, os bárbaros também, foram excluidos. Porém, conseguiram transformar as sociedades forjando novas relações e inserindo-se nelas como cidadãos plenos. Até quando os trabalhadores da nossa região serão exluidos pelo sistema imposto da sua cidadania?
O desequilibrio social, atualmente é tão grande (metade da população é de pobres e um terço é de miseráveis), que afetará a construção da nacionalidade e, ao se ampliar a distância entre ricos e pobres, estará, também, bloqueando o desenvolvimento da cidadania; os sentimentos de identidade, igualdade e solidariedade que devariam ser compartilhados pelos membros de uma nação, com base no passado (heróis, mitos e positivismos). Vão resultar numa generalizada perspectiva, nesta ordem:primeiro, o empobrecimento;segundo, a exclusão (migração); terceiro, a explosão de ressentimento; e quarto a violência e a desordem social vão tomar conta.
Nesta descriminação social, entre ricos e pobres, afeta, ainda, a retomada do crescimento econômico, já que a pobreza bloqueia os avanços da terceira revolução industrial, o baixo grau de instrução da população dificulta a difusão das novas tecnologias; a enorme massa de excluídos não favorece a ampliação da produção e do consumo; a exclusão leva ao desinteresse e a pequena participação dos trabalhadores nos seus mercados de negociações da venda de seu produto, ou seja, a venda da mão-de-obra pelos seus sindicatos. Atualmente, e pela automação em grande escala, produto reflexo da globalização da 3ª Revolução Industrial, a mão-de-obra barata do sul do RS, ficou sem relevância e não terá comprador.
Ao atender os interesses capitalistas externos e internos acontece modificações das relações de produção no campo, dificultando o acesso à terra, e incrementando a migração e o êxodo rural.
Esta falta de pessoal capacitado não atrai capital para o setor primário e não gera renda agropecuária significativa, e dessa forma acelera o êxodo rural em seu segundo estágio que é a vinda para a cidade e desta para outra de maior porte.
A falta de urbanização e de mão-de-obra capacitada é o principal fator de transformação do capital agropecuário para o industrial.
Após criarem a figura do gaúcho do "Pampa", da campanha; fronteira com o Uruguai, nos anos das políticas positivistas, delimitaram sua área de atuação, numa região de entre rios (Jacui no RS e Rio Negro no Uruguai). Atualmente, nós , numa dita fronteira que com o processo de globalização, não sei, até quando esta fronteira continuara como está, visto que é necessário já uma rediscussão a respeito do que é fronteira atualmente, e onde está nossa identidade, se no Brasil, no Uruguai ou entre os dois países. Visto que entre os dois países as identidades gauchescas de língua, costumes culturais e econômicas são idênticas na pobreza (a metade de sul do RS e o norte do Uruguai)
A raça está jogando o jogo das cadeiras. Se você nunca jogou o jogo das cadeiras, explico: Começa-se com doze pessoas e onze cadeiras. As cadeiras são colocadas em círculo. Uma música e os jogadores caminham ao redor das cadeiras até que de súbito, a música pára. Então, todos tentam sentar, mas é claro, sempre fica um sobrando. Quem fica parado, fica fora do jogo e os demais seguem jogando com uma cadeira a menos.
No jogo global das cadeiras, há mais jogadores que países. Quando começa a música, os jogadores vão ao redor do mundo e quando pára a música, alguns ficam sobrando. Por exemplo Os Curdos (que ficam entre o Iraque, Irão e Turquia); os Palestinos (que estão entre Israel, Egito e Jordânia); e por que não dizer daqui uns anos os Gaúchos (que ficaram entre o Brasil, Uruguai e Argentina).
Há gente que acaba apátrida, e alguns até acabam em melhores situações. Muitos imigrantes se sentem fora do lugar em novos lares. Normalmente adaptar-se leva uma geração. E, às vezes, sua nova terra não quer que eles se adaptem.
Tem gente que fala: No futuro não haverá países. E outros contestam: Não é verdade. O número de países dobrará.
O primeiro fala: O passo acelerado das migrações, dos mercados comuns, da globalização New Liberal, junto com os avanços nos transportes e comunicações fazem com que as divisões artificiais e arbitrárias que chamamos "fronteiras" vão desaparecer.
O segundo contesta: O ressurgimento do Nacionalismo está criando novas fronteiras e novos espaços. E as pessoas não estão preparadas para mudanças bruscas. Ao invés de irem para a frente, voltam para atrás querendo recuperar 50 anos de História perdida.
Talvez ao olhar para trás, para a herança perdida, na verdade estejam olhando para frente. Talvez haja uma explosão de países. Cada região cultural terá, pelo menos, um. E, eventualmente, haverá tantos e serão tão pequenos que não parecerão países. Haverá muitos e serão micro-poderes.
E, nesse mundo de micro-poderes, ao invés de estarmos separados ou unidos pela geografia, etnogenia ou pela cor da nossa pele, estaremos undidos por culturas. Às vezes, serão culturas tradicionais (unidos por idiomas e religião) e às vezes serão culturas menos tradicionais (unidos por gestos, músicas ou por computadores)Ou pela água?. Não se formarão alianças baseadas na nacionalidade. As alianças se formarão baseadas em coisas que nos importam pessoalmente. É o personalismo do capitalismo dentro do nacionalismo.
Os cristãos foram excluidos do Império Romano, os bárbaros também, foram excluidos. Porém, conseguiram transformar as sociedades forjando novas relações e inserindo-se nelas como cidadãos plenos. Até quando os trabalhadores da nossa região serão exluidos pelo sistema imposto da sua cidadania?
O desequilibrio social, atualmente é tão grande (metade da população é de pobres e um terço é de miseráveis), que afetará a construção da nacionalidade e, ao se ampliar a distância entre ricos e pobres, estará, também, bloqueando o desenvolvimento da cidadania; os sentimentos de identidade, igualdade e solidariedade que devariam ser compartilhados pelos membros de uma nação, com base no passado (heróis, mitos e positivismos). Vão resultar numa generalizada perspectiva, nesta ordem:primeiro, o empobrecimento;segundo, a exclusão (migração); terceiro, a explosão de ressentimento; e quarto a violência e a desordem social vão tomar conta.
Nesta descriminação social, entre ricos e pobres, afeta, ainda, a retomada do crescimento econômico, já que a pobreza bloqueia os avanços da terceira revolução industrial, o baixo grau de instrução da população dificulta a difusão das novas tecnologias; a enorme massa de excluídos não favorece a ampliação da produção e do consumo; a exclusão leva ao desinteresse e a pequena participação dos trabalhadores nos seus mercados de negociações da venda de seu produto, ou seja, a venda da mão-de-obra pelos seus sindicatos. Atualmente, e pela automação em grande escala, produto reflexo da globalização da 3ª Revolução Industrial, a mão-de-obra barata do sul do RS, ficou sem relevância e não terá comprador.
Sobre nós etc & tal. (Parte II)
Numa análise prática sobre o gaúcho da Campanha com bombacha, chimarrão de cuia pequena com erva pura folha, e mil apetrechos de nossa região. Podemos notar uma grande diferença com o gaúcho de uma região colonial, por exemplo, os do norte, mais se identificam com seus hábitos locais, ligados a uma cultura alemã e italiana, naturalmente. No entanto, essas pessoas legitimam o gaúcho com o símbolo do Estado.
Muitas pessoas vivem em contradições de expressões gaúchas, ou seja, vivem uma coisa, mas aceitam outra como sua identidade. Um exemplo, é da que muitas pessoas quando saem do Estado, fazem churrasco, e ouvem músicas gauchescas, coisas que eles não fazem em sua cidade.
Outros, até sentem-se mal quando as pessoas de fora cobram os hábitos que eles não cultivam, o que faz com que eles sintam-se mal com a situação.
Aqui, em nossa região, o caráter prático deste comentário é diferente. A identidade é maior. Começando com as distâncias das cidades entre si, mostrando a paisagem agropecúaria das coxilhas e as próprias cidades que em sua arquitetura em muitas delas mais parece com um grande estância.
A identidade regional gaúcha fundamenta-se mais em determinadas áreas do RS, como a nossa, através da figura criada do gaúcho. Baseado nesse regionalismo a burguesia latifundiária tornou seus valores hegemônicos no Estado.
Enfim, a identidade que temos e não questionamos leva a uma legitimação do latifúndio. A construção do latifúndio só é possível quando sua mão-de-obra servil e barata se manifesta na cabeça de pessoas como uma contradição. Historicamente, este processo serviu para a manutenção dos atrasos positivistas ou New positivistas do poder do setor burgués pecuarista
do Estado. Resta saber, até quando a identidade criada do gaúcho servirá para a manutenção do poder de alguns e o atraso encubado da massa operária da campanha, que na maioria das vezes quando ainda jovem é obrigada a sair de seu espaço deixando os seus, para arrumar um espaço social que lhe de mais condições de vida em outras regiões que a sua.
Muitas pessoas vivem em contradições de expressões gaúchas, ou seja, vivem uma coisa, mas aceitam outra como sua identidade. Um exemplo, é da que muitas pessoas quando saem do Estado, fazem churrasco, e ouvem músicas gauchescas, coisas que eles não fazem em sua cidade.
Outros, até sentem-se mal quando as pessoas de fora cobram os hábitos que eles não cultivam, o que faz com que eles sintam-se mal com a situação.
Aqui, em nossa região, o caráter prático deste comentário é diferente. A identidade é maior. Começando com as distâncias das cidades entre si, mostrando a paisagem agropecúaria das coxilhas e as próprias cidades que em sua arquitetura em muitas delas mais parece com um grande estância.
A identidade regional gaúcha fundamenta-se mais em determinadas áreas do RS, como a nossa, através da figura criada do gaúcho. Baseado nesse regionalismo a burguesia latifundiária tornou seus valores hegemônicos no Estado.
Enfim, a identidade que temos e não questionamos leva a uma legitimação do latifúndio. A construção do latifúndio só é possível quando sua mão-de-obra servil e barata se manifesta na cabeça de pessoas como uma contradição. Historicamente, este processo serviu para a manutenção dos atrasos positivistas ou New positivistas do poder do setor burgués pecuarista
do Estado. Resta saber, até quando a identidade criada do gaúcho servirá para a manutenção do poder de alguns e o atraso encubado da massa operária da campanha, que na maioria das vezes quando ainda jovem é obrigada a sair de seu espaço deixando os seus, para arrumar um espaço social que lhe de mais condições de vida em outras regiões que a sua.
domingo, 26 de julho de 2009
Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu Rocha Filho (Parte I)
O Tradicionalismo no Rio Grande do Sul, foi a grande ponte do regionalismo gaúcho para a fixação de uma manifestação de identidade de base territorial para os Republicanos/Liberais rio-grandensesna unidade regional no final do séc. XIX. Isto é possível ver quando as primeiras entidades tradicionalistas Gaúchas surgem na República:a primeira, o Grêmio Gaúcho de Porto Alegre, de 1898, fora fundada pelos republicanos e positivistas, entre eles, João Cezimbra Jacques.
Os positivistas da época, com seus símbolos, hinos, monumentos e bandeiras, e toda a sua simbologia do sistema político, na formação das almas do imaginário da República no Brasil.Então, dirigida por oligarquías caudilheiras afastava o povo das ondas revolucíonárias dessa época no Brasil e no RS, mais ainda. Porém, incentivavam a produção literária regional enfatizando a originalidade do Rs e seu papel de destaque na Federação brasileira.
O tradicionalismo passaria por avanços e recuos até que, no final da década de 1940, época em que o Rio Grande era o celeiro do Brasil. Surgiu o primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG), agora evoluindo de modo mais autônomo em relação ao Estado e as elites regionais.Desde então, o tradicionalismo, tornou-se uma cultura de massas no Estado e mesmo fora dele, nas áreas de imigrações gaúchas.
Contudo, apesar da maior autonomia do movimento tradicionalista, e mesmo nos períodos centralizadores e autoritários da vida política nacional, a construção ideológica da Identidade gaúcha continuou, na campanha, até hoje as manifestações positivistas ortodoxas, retrógradas e centralizadoras para a atualidade, barram os avanços sociais e condundem uma verdadeira identidade gaúcha, continuando como orfão das lideranças que sempre foi. Tendo como exemplo a palavra gaúcho que é o termo Quéchua, que significa orfão e deixa de lado outra palavra, também, da mesma origem que é auracana que significa esperto e astuto.
Estas manifestações de intelectuais atrasados, que se apoiam em elementos da realidade e elaboram uma perspectiva da classe dominante, para a qual eles trabalham. Na visão geral é um sistema ideológico que envolve o cidadão, fazendo com que ele aceite esses fatos como naturais, sem importância e inquestionáveis.
De tal forma, concluimos que o ideário gaúcho foi algo construído. E como no diz Gramsci e outros autores, ele não é absolutamente irreal, ele está baseado em fatos existentes, mas foi elaborado segundo os interesses da classe dominante. Desta forma a nossa identidade romântica foi construida e mais exclui do que inclui.
O discurso de identidade do Brasil hoje em dia confunde mais ainda quem é gaúcho ou não. Nos anos 70, os programas incentivadores do milagre econômico para a expansão da cultura exportadora da soja, expandiu a migração aventureira dos nortistas do RS, para áreas de solos ácidos e de clima tropical nos cerrados do Brasil Central. Não só os do norte do RS, como o resto da região sul do Brasil (Santa Catarina e Paraná), partiram nesta diáspora, criando novos municípios, buscando exercer o seu poder político e econômico, deixando de lado, então, o verdadeiro gaúcho, transpondo esta identidade para toda a região sul, já que os típicos gaúchos criados pelos manipuladores maquiavélicos para a defesa do positivismo eram o gaúcho do espaço do Pampa ou campanha gaúcha, na área fronteiriça do RS com o Uruguai e Argentina, onde viviam os pecuaristas donos do estado até 1940, descendentes de portugueses, índigenas e espanhóis, herdeiros de grandes concessões coloniais e propietários de grandes latifúndios.
Na bagagem desta caravana de identidade é carregado a milhares de kilómetros a difusão dos CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) e Igreja Luterana, esta bagagem religiosa é típica das expansões capitalistas dos Anglo-Saxões, quando do período colonialista.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho é considerado hoje um dos movimentos culturais mais organizados e dinâmicos, com cerca de 2 milhões de filiados e centros inclusive, fora do país, em cidades com razoável número de imigrantes sulistas, como Loa Angeles, Nova York, Londres e Osaka. Já há quem ouse falar em nação gaúcha.
As migrações são um mecanismo de ajuste destinado a eliminar os desequilibrios entre regiões ou setores econômicos onde haja excedentes de mão-de-obra e aqueles onde haja falta. Seriam fluxos entre áreas. Fruto das diferenças entre as áreas, as migrações conduziriam à eliminação das diferenças, quer dizer, as migrações seriam resultado dos desequilíbrios socioeconômicos no espaço e, ao mesmo tempo, atuariam como fator de correção desses desequilíbrios.
Desta forma a Identidade do Sul do RS, como os do Norte do Estado estão a se esvaziar nesta rede migratória. Os do Sul, por falta de investimentos, são obrigados a sair de seu espaço por falta de investimentos das elites pecuaristas e os do norte, também, são obrigados a partir por haver excesso de pessoal em uma determinada área.
A falta de decisão política de investimento esta criando na identidade gaúcha, uma massa de expatriados e auto asilados sociais, em busca de dias melhores.
Neste novo desenho espacial das migrações no mundo Liberal, duas são as questões da produção:concentração capitalista e mercado consumidor. Infelizmente a Metade Sul do RS não possui nem um, nem outro.
Os positivistas da época, com seus símbolos, hinos, monumentos e bandeiras, e toda a sua simbologia do sistema político, na formação das almas do imaginário da República no Brasil.Então, dirigida por oligarquías caudilheiras afastava o povo das ondas revolucíonárias dessa época no Brasil e no RS, mais ainda. Porém, incentivavam a produção literária regional enfatizando a originalidade do Rs e seu papel de destaque na Federação brasileira.
O tradicionalismo passaria por avanços e recuos até que, no final da década de 1940, época em que o Rio Grande era o celeiro do Brasil. Surgiu o primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG), agora evoluindo de modo mais autônomo em relação ao Estado e as elites regionais.Desde então, o tradicionalismo, tornou-se uma cultura de massas no Estado e mesmo fora dele, nas áreas de imigrações gaúchas.
Contudo, apesar da maior autonomia do movimento tradicionalista, e mesmo nos períodos centralizadores e autoritários da vida política nacional, a construção ideológica da Identidade gaúcha continuou, na campanha, até hoje as manifestações positivistas ortodoxas, retrógradas e centralizadoras para a atualidade, barram os avanços sociais e condundem uma verdadeira identidade gaúcha, continuando como orfão das lideranças que sempre foi. Tendo como exemplo a palavra gaúcho que é o termo Quéchua, que significa orfão e deixa de lado outra palavra, também, da mesma origem que é auracana que significa esperto e astuto.
Estas manifestações de intelectuais atrasados, que se apoiam em elementos da realidade e elaboram uma perspectiva da classe dominante, para a qual eles trabalham. Na visão geral é um sistema ideológico que envolve o cidadão, fazendo com que ele aceite esses fatos como naturais, sem importância e inquestionáveis.
De tal forma, concluimos que o ideário gaúcho foi algo construído. E como no diz Gramsci e outros autores, ele não é absolutamente irreal, ele está baseado em fatos existentes, mas foi elaborado segundo os interesses da classe dominante. Desta forma a nossa identidade romântica foi construida e mais exclui do que inclui.
O discurso de identidade do Brasil hoje em dia confunde mais ainda quem é gaúcho ou não. Nos anos 70, os programas incentivadores do milagre econômico para a expansão da cultura exportadora da soja, expandiu a migração aventureira dos nortistas do RS, para áreas de solos ácidos e de clima tropical nos cerrados do Brasil Central. Não só os do norte do RS, como o resto da região sul do Brasil (Santa Catarina e Paraná), partiram nesta diáspora, criando novos municípios, buscando exercer o seu poder político e econômico, deixando de lado, então, o verdadeiro gaúcho, transpondo esta identidade para toda a região sul, já que os típicos gaúchos criados pelos manipuladores maquiavélicos para a defesa do positivismo eram o gaúcho do espaço do Pampa ou campanha gaúcha, na área fronteiriça do RS com o Uruguai e Argentina, onde viviam os pecuaristas donos do estado até 1940, descendentes de portugueses, índigenas e espanhóis, herdeiros de grandes concessões coloniais e propietários de grandes latifúndios.
Na bagagem desta caravana de identidade é carregado a milhares de kilómetros a difusão dos CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) e Igreja Luterana, esta bagagem religiosa é típica das expansões capitalistas dos Anglo-Saxões, quando do período colonialista.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho é considerado hoje um dos movimentos culturais mais organizados e dinâmicos, com cerca de 2 milhões de filiados e centros inclusive, fora do país, em cidades com razoável número de imigrantes sulistas, como Loa Angeles, Nova York, Londres e Osaka. Já há quem ouse falar em nação gaúcha.
As migrações são um mecanismo de ajuste destinado a eliminar os desequilibrios entre regiões ou setores econômicos onde haja excedentes de mão-de-obra e aqueles onde haja falta. Seriam fluxos entre áreas. Fruto das diferenças entre as áreas, as migrações conduziriam à eliminação das diferenças, quer dizer, as migrações seriam resultado dos desequilíbrios socioeconômicos no espaço e, ao mesmo tempo, atuariam como fator de correção desses desequilíbrios.
Desta forma a Identidade do Sul do RS, como os do Norte do Estado estão a se esvaziar nesta rede migratória. Os do Sul, por falta de investimentos, são obrigados a sair de seu espaço por falta de investimentos das elites pecuaristas e os do norte, também, são obrigados a partir por haver excesso de pessoal em uma determinada área.
A falta de decisão política de investimento esta criando na identidade gaúcha, uma massa de expatriados e auto asilados sociais, em busca de dias melhores.
Neste novo desenho espacial das migrações no mundo Liberal, duas são as questões da produção:concentração capitalista e mercado consumidor. Infelizmente a Metade Sul do RS não possui nem um, nem outro.
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