quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sobre nós etc & tal. Prof Sirineu R. Filho (Final)

Cada vez mais as atividades culturais tornam-se um termômetro muito sensível, refletindo todo um comortamento social. O Brasil de hoje escancarou suas portas à dominação estrangeira. Isso se dá em todods os níveis, inclusive na cultura. Por isso, a cultura popular se manifesta através do lazer. Não é uma cultura de guerra, é uma cultura de festa, não é transformadora. Não podemo0s considerar nossa cultura como utilitária a ponto dela ter uma intenção de transformação imediata. Ela é feita, usufruída no momento (não temos contuinidade de discussão. Dona Maria e Seu José não participam da discussão, da montagem e dos reflexos que ela pode acontecer).
Devemos dar essas formas um conteúdo novo, e de forma científica; conhecer a ciência dessa transformação, dessa realidade. Essa deve ser a grande diversão do fazer, você discutir, participar de euma coisa que te mostra a tua realidade.
A arte tem que contribuir, num país ou região como a nossa, para a melhoria dessa situação. A arte tem que dar caminhos, e não obedecer ordens. A palavra do povo artista,(nosso desfile e Camereada) é a da transformação geral.
Cultura popular não é a cultura que o povo construiu para agradar o patrão. É a cultura que ele tem da sua libertação, da sua explosão como uma grande nação. Essa é a verdadeira cultura popular.
Nossa região (sul do RS e norte do Uruguai) sempre foi privilegiada pela globalização, primeiro foi a globalização linguistica e atualmente o contato com as mercadorias importadas pelos Free Shops.
Quanto a globalização linguística no início foram mantida as trocas de idiomas entre charruas, minuanos, guaranis e os espanhóis na dominação religiosa dos jesuitas, o que desde o começo e até mesmo pela doutrinação do clero impera a noção de nação no povo em formação.Portanto, a nação nestes campos surge anterior ao Estado, porque não existe naquele momento uma noção de classes sociais e sim de povo, fato provocado pela própria pregação socializadora dos jesuítas.
Após os jesuítas, os portugueses e suas bandeiras invadem nossos pampas em busca de índios e gado (chimarão). Assim, na luta pelas vacarias da Banda Norte, dos Pinhais e do Mar cabe a necessidade pela sobrevivência do homem a mistura dos idiomas guarani, português e espanhol.
A exploração do gado leva a construção dos saladeiros e, dessa forma a demanda pela mão-de-obra escrava. Portanto, a grande quantidade de europeus, amerindios e negros (angolanos, gongo outros), provoca a mesigenação (que caracteriza o "pelo duro" dos negros e os olhos puxados dos indígenas, como somos chamados no norte do RS)
O negro não participa muito na mistura linguística, até mesmo para manter uma resistência a dominação violenta. Porém, na mistura etnológica ele ou ela é obrigada pelo branco para a reprodução da mão-de-obra escrava.
A nossa identidade está intimamente ligada ao portunhol, até porque o portunhol como idioma ou dialeto é praticado pelas classes mais pobres, fato este, que pela nossa posição geográfica nos localiza nas periferias industriais (Porto Alegre e Montevideu), e em consequência existe, também, o empobrecimento de toda a nossa região.
Em todo caso, a língua não é um fim nela mesma é, uma ponte para novas culturas. Por isso, meu amigo do outro lado da linha divisória, deixa eu aprender a tua língua e dizer que ela é tão bonita quanto a minha.
Mais além, provavelmente muitos casos de fracassos nas séries iniciais, esteja associado a dificuldade que nossos jovens tem em dominar um idioma, que não o praticado no dia a dia.
A conturbação das cidades de Livramento e Rivera, isto é, de cidades que se aproximam, firmando uma sequência sem contudo se confundirem. Manifesta Rivera em sua arquitetura uma firte influência inglesa em suas casas, casas geralmente, sobrados com teto em telhas e janelas com a parte superior arredondada.
A organizãção produtiva das áreas baseadas na comercialização da carne, expressa a vinculação à expansão industrial inglesa e ao comércio mundial desse produto. A relação com espaço Platino, onde ao longo do século XIX e grande parte do século XX imperaram os capitais ingleses, o que indica claramente a escala de relação que deram o rumo para a formação regional e a organização do espaço nestas cidades.
Já do lado de Livramento as casas manifestam uma forte arquitetura de origem puramente gaúcha, principalmente nas vilas, onde impera as casas de cobertura baixas, no primário a manifestação se faz pela origem dos Ranchos de barro, cobertos de palhas. Um deles é a casa de taipa, de sopapa ou de tapona, onde a cobertura, de duas águas, é feita de santa-fé.
A o0rigem deste tipo de habitação não é importado como no caso de Rivera (inglesa), já que a habitação e nois primórdios do ciclo Luso-brasileiro, a idade do couro, era toda de couro cru.
E os próprios toldos dos indígenas locais, primitivamente tapados de esteiras, vieram a sofrer a influência do gado ali introduzido pelos descobridores. Daí surge a atual expressão, quando vamos ao Super Mercado fazer compras do mês dizemos: Vamos fazer um rancho.

O Professor Sirineu Rocha Filho ministra aulas de História e Geografia no Curso Normal do Instituto Estadual de Educação Professor Liberato Salzano Viera Da Cunha da cidade de Sant´Ana do Livramento, Rio Grande do Sul - Brasil.
A cidade de Sant´Ana do Livramento junto com a cidade fronteiriça de Rivera (departamento de Rivera da República Oriental del Uruguay) fazem parte da chamada "Fronteira da Paz" única fronteira do mundo com livre acesso entre elas.


Obs.:Os textos postados até agora com o título "Sobre nós etc & tal" serão retirados dentro de um mês para correção e revisão junto com o autor. Portanto, aproveite esse tempo para ler os mesmos e enviar informações ou comentários que possam acrescentar e enriquecer ainda mais este material. Muito obrigado.

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